Meu artigo de hoje no diário Incentivo.
SE O RIDÍCULO MATASSE…
Se o ridículo matasse de facto, o atual Governo dos Açores tinha morrido este mês de novembro de 2018 com a descoberta da sua tramoia de enganar os Açorianos no processo de privatização dos 49% da empresa Azores Airlines, também conhecida pelo seu antigo nome de SATA Internacional.
Ridículo, porque o Governo dos Açores pretendeu passar a ideia aos Açorianos de que cancelou um concurso, quando tal afinal apenas aconteceu na sequência de um incidente onde se tornou público que o mesmo tinha ficado deserto de propostas e um concurso sem concorrentes não existe, logo não o anulou, rendeu-se à triste realidade e ao vazio em que ficou com a sua iniciativa.
Ridículo, porque afinal o Governo dos Açores, encostado à parede por falta de concorrentes e perante as dívidas da SATA, se prestou a negociar com a Loftleiðir Icelandic enquanto ia mentindo aos Açorianos, dizendo-nos que estava a analisar uma proposta desta empresa islandesa, quando esta apenas se predispusera a negociar. Assim, o executivo regional fragilizava-se cada vez mais perante os estrangeiros, pior ainda com a contínua saída de notícias que demonstravam o descalabro da gestão financeira na Azores Airlines e provavam o desnorte estratégico dos nossos governantes, o que fortalecia os nórdicos, que seguramente tinham a sua rede de informações implantada no terreno, ao mesmo tempo que os Açores perdia capacidade negocial.
Ridículo, porque perante a descoberta de tais factos o Governo dos Açores, em vez de enfrentar com dignidade a situação e assumir as suas responsabilidades, optou por acusar forças da oposição de “dolo político puro”, quando as mentiras foram da governação e só desmascaradas por um lapso de serviços da Assembleia Legislativa Regional dos Açores também presidida pela mesma força partidária do executivo do Arquipélago. Se o Governo mentiu e foi de um serviço na alçada do partido que o suporta que veio a fuga de informação, então a culpa é só do PS e não dos opositores.
Ridículo, porque um Presidente mentir ao seu povo, ser desmascarado ingloriamente por lapsos de departamentos dirigidos pelo seu partido e ainda deixar-se fragilizar em negociações com empresas estrangeiras devido aos seus erros estratégicos, é motivo, num mundo civilizado e responsável, de renúncia política e de reconhecimento da sua culpa, nunca de ostentação e persistência numa argumentação insustentável, nem de acusação de quem não governa. Foi o Governo dos Açores que se estampou contra o muro construído pelas suas aberrações e erros nesta privatização.
Contudo, nesta situação descobri ainda o ridículo de o Governo e o PS dos Açores considerarem legítimo impor aos seus opositores, com funções de fiscalização, segredo pelas descobertas das mentiras e trapalhadas do Executivo feitas apenas para proteger o interesse dos governantes e do seu partido, um sigilo que tais políticos consideram legítimo e sobrepor-se à salvaguarda do interesse público e do cabal esclarecimento do Povo que os elegeu. Uma vergonha!
Mas o pior foi ter ficado com a ideia de que talvez em casos deste tipo de mal-feitorias do Poder, se perpetradas por Governantes para salvaguardar os seus cargos, a Lei possa proteger os infratores do executivo face aos deputados eleitos no seu papel fiscalizador. Ao menos se o ridículo matasse o sistema ficaria melhor, pois a descoberta acidental desta aberração provocaria a exclusão imediata dos autores de tramoias deste género feitas para autoproteção dos políticos e em prejuízo do Povo.
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