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Meu artigo de opinião de hoje no diário do Faial, “Incentivo”

PRECISAM-SE DE IDEIAS PARA O FUTURO DO FAIAL E DOS AÇORES

No final da passada semana, o Presidente da República promulgou a nova lei eleitoral para as legislativas da Região Autónoma dos Açores. Esta dá maior facilidade de conciliar a mobilidade dos açorianos com a possibilidade de exercer o direito de voto, criando condições para todos os eleitores deste ato deslocados fora da sua ilha de recenseamento poderem, naquele dia, votar noutra ilha deste Arquipélago, no da Madeira ou ainda numa das capitais de distrito no Continente, desde que comuniquem, atempadamente, onde pretendem exercer o seu direito de voto.

É verdade que este novo sistema permite reduzir uma desculpa para não votar. Agora se vai reduzir a abstenção… confesso, tenho muitas dúvidas pelo que abaixo escrevo, depois veremos se foi eficaz ou se o elevado número de eleitores que não votam fazem-no mesmo por não quererem votar.

Logo a seguir, o Presidente da República marcou a data das próximas eleições para o Assembleia Legislativa Regional da Região Autónoma dos Açores que, se não surgirem imprevistos até à última hora, ir-se-ão realizar no próximo dia 25 de outubro, coincidente com o dia proposto pela maioria das forças políticas com representação parlamentar regional e haverá excecionais exigências de saúde pública para não gerarem focos de contaminação pelo coronavírus SARS-Cov2.

Apesar das eleições, o que me preocupa é não estarem a surgir ideias novas, válidas e importantes nos vários partidos sobre o que pretendem para o futuro socioeconómico dos Açores, de modo a entrarem na agenda da discussão dos Açorianos e no confronto da campanha. À falta de ideias, o que até agora tem surgido é um desfile de caras a integrar nas listas candidatas dos diferentes partidos às eleições regionais e, como de costume, repetem-se as mesmas situações do passado que são essencialmente as três seguintes:

  1. O partido que está no poder repete a maioria das caras do parlamento ou do governo anterior nos lugares potencialmente elegíveis e consegue uma grande quantidade novos nomes, como estrelas conquistadas e capazes de melhorar o exercício da governação destas ilhas, para posições não elegíveis. Os antigos não apresentam ideias novas, limitam-se a dizer que agora é a vez de fazer o que não fizeram antes e os recém-chegados assistem calados e sem juntar novas ideias. No passado e acabada as eleições, a grande maioria destes novos nomes caiu no esquecimento como simples estrelas cadentes de vida política curta ou foram premiados para ocupar um lugar de nomeação política, vivendo neste limbo sem brilho. Os membros da força no poder que ansiavam por lugares elegíveis e deixados fora ficam caladinhos para evitar retaliações, pois mantém a esperança que, repetida a vitória, sejam lembrados para cargos na próxima máquina governativa.
  2. O maior partido da oposição, por ter um número de membros bem superior aos lugares disponíveis com perspetiva de eleição, tem neste período de apresentação de caras a preocupação de preservar os nomes que já são da máquina. Contudo, aqui não há o silêncio de todos os que ficaram de fora das vagas elegíveis, este sofre sempre o problema de ouvir neste altura protestos na praça pública, pois, como há pouca esperança de surgirem alternativas de nomeação a seguir às eleições, não há período de nojo para os preteridos que desejavam ocupar esses espaços ou para aplacar ódios intestinos aos escolhidos. Como habitual neste confronto, não se discutem ideias, só nomes.
  3. Os partidos mais pequenos têm escassez de membros para completar a suas listas e como praticamente qualquer lugar só é elegível com alguma sorte. Então, poucos estão individualmente a contar de facto com o período pós-eleitoral para ser eleitos ou nomeados, o que vier de bom será bem-recebido. Deste modo reina uma maior união em torno das listas, mas mesmo assim, aqui as caras novas surgem bem antes de haver lugar a qualquer nova ideia a defender.

Assim, apesar da nova realidade da pandemia, o período pré-eleitoral do ano de 2020 parece igual aos do passado, onde não se discutiram ideias que seriam bem-vindas. Só desfilam caras, o que não garante nada de novo e há ainda quem se admire com a habitual elevada abstenção nos Açores.

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Meu artigo de ontem no diário Incentivo

DESCULPAS FALSAS E MÁ-VONTADE

No meu primeiro artigo deste ano para esta coluna, quando ainda nem se pensava na pandemia, escrevi “para o ano novo de 2020 que agora começou, insisto que a prioridade do Faial se mantém: é a questão do aeroporto. É verdade que existem outras necessidades menores nesta ilha, úteis para o Governo nos desviar do essencial, mas a que serve de demonstração de que quem está no poder vai atender ao maior anseio dos Faialenses: é a pista do aeroporto da Horta”.

A última visita do Governo dos Açores ao Faial veio dar razão aos meus receios de que o executivo regional fez tudo para desviar atenções do essencial, ofertou-nos com um conjunto de projetos mais ou menos importantes e deixou de fora o principal: a ampliação da pista do aeroporto da Horta. Tal como deixou atrás aquela que talvez seja a mais antiga e a mais importante das restantes reivindicação da ilha: a conclusão da variante à cidade da Horta.

Na questão do aeroporto, há políticos no poder regional que continuam a vender a mentira de que os Açores não investem na ampliação desta pista por este ser de uma empresa privada, quando é falso! Só a gestão está concessionada à Vinci. Mas a infraestrutura é nacional, localizada nesta ilha e daqui ninguém a tira para a levar para outro lugar como aconteceu já com outros investimentos.

Vasco Cordeiro pode dar as voltas que quiser, a única verdade é que não disponibiliza verbas do orçamento regional para esta obra apenas porque: Não Quer! Não se esconde em desculpas reais de mau pagador, inventa uma falsa para a sua má vontade! Sei que há um coro de gente local que o acompanha sabendo a verdade toda, mas propaga a mentira imposta e obedecendo espera um cargo para si em detrimento de defender o interesse geral dos Faialenses.

Quanto à variante, gostei de ler um artigo na passada semana no Incentivo, escrito por um jornalista da ilha não envolvido com partidos. Este denunciava a falácia vendida pelo Governo dos Açores de que não podia completar a variante à Horta por o executivo do anterior Primeiro-ministro ter acordado que o financiamento de estradas tinha uma “prioridade negativa”. Isto quando precisamente este governo regional, que usava tal desculpa, acabava de anunciar a construção de duas variantes na ilha de São Miguel. Aprendam: para nós a desculpa de que o tipo de projeto não cabe nos financiamentos comunitários mas ao mesmo tempo cabem dois se for para outra ilha.

Assim vemos que as duas obras em que os Faialenses mais se envolveram nas suas reivindicações são precisamente as que o Governo dos Açores não atende. Tal deve-se apenas à falta de vontade do Governo Regional em resolver as necessidades maiores do Faial. Má Vontade, insisto, e algumas pessoas aqui residentes e encostadas ao poder repetem os falsos argumentos mandados de cima para nos enganar. Só não vê quem não quer ver a verdade. Mas em democracia somos livres até de apoiar a mentira e de nos deixarmos enganar.

Apesar da recusa de Vasco Cordeiro em atender ao essencial desta ilha, reconheço que o Governo dos Açores deu-nos um conjunto de outras prendas interessantes e benéficas para o Faial de modo a nos entretermos com isto e não darmos atenção ao essencial e estou convencido que muitos até ficam imensamente agradecidos e deixam-se levar neste engodo.

Cortar fitas de uma obra que ainda não sabemos quando e como vai entrar em funcionamento, assinar protocolos de cooperação com instituições da ilha e anunciar projetos foi de facto uma mão cheia de prendas que o Governo dos Açores no legou. Só faltou mesmo o mais importante: assumir comparticipar na ampliação da pista do aeroporto da Horta de modo a facilitar e a desbloquear a execução desta pretensão; e assegurar a construção da segunda fase da Variante à Horta, uma infraestrutura fundamental para o bom desempenho do projeto do Município e já em implementação de arranjo e reordenamento da frente-mar da cidade.

Para já há quem continue a tentar tapar-nos os olhos e a camuflar a verdade dos factos, enquanto outros conscientemente não querem ver a verdade, mas a democracia tem destas coisas.

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Meu artigo de opinião publicado ontem no diário Incentivo.
 
SEM SEMANA DO MAR E POUCO CORREIO
Fosse este um Verão normal e esta semana, talvez estivesse a escrever sobre a Semana do Mar 2020, o seu programa lúdico, que por norma é mais debatido em público do que o náutico que está na raiz da festa, e a confessar, outra vez, que apesar da sua pequena inovação desde há décadas e de já não ter a projeção regional que teve no século passado, até pela atual concorrência das festas da Praia da Vitória, eu continuava a ser um assíduo participante desta, sobretudo, pelo convívio com os amigos.
Mas, infelizmente, devido à pandemia, este ano não há Semana do Mar. Um festival que apenas me lembro de ter sido interrompido na sequência do sismo de 9 de julho em 1998. Só espero que este vazio sirva para refletir sobre a possibilidade de se inovar e projetar este evento sem mais interrupções por motivos de calamidade local, regional, nacional ou global como a de este ano.
A verdade é que se neste Verão escasseiam festas na ilha, o mesmo acontece com o serviço de correio, pelo menos em várias freguesias do norte do Faial. Eu já me tinha apercebido de atrasos de correspondência vinda do Continente, mas eis que Faialenses residentes nesta área rural começaram a chamar-me à atenção para os atrasos nos jornais locais, um assunto de que ninguém denunciava publicamente. Após investigações, confirmei a razão dos lamentos, como se não bastasse já o isolamento social devido à pandemia e a paragem da Semana do Mar, veio agora juntar-se a redução da prestação de outro serviço de contacto das pessoas: o dos correios no Faial.
Teoricamente, o serviço de correios estaria a ser prestado nesta estação em dias alternados (o que não acontecia nem no tempo do famigerado Salazar!), mas depois e segundo testemunhos, nem isto! Curiosamente, o melhor meio de controlo desta realidade veio de assinantes do “Incentivo”, este como jornal diário é distribuído com esta periodicidade mas tem faltado nas caixas dias seguidos, sendo estas depois atafulhadas com esta publicação e outra correspondência acumulada.
Efetivamente, passar a receber nos alvores da terceira década do século XXI as notícias “frescas” dos jornais locais com um atraso de mais de 72 horas é um retrocesso civilizacional injustificável. Receber no início da semana de trabalho o semanário local feito para ser lido ao longo do fim de semana não lembra a ninguém com bom-senso.
Não é a privatização que justifica as queixas de tão mau serviço de que me fizeram chegar, mesmo reconhecendo que o economicismo privado não é pródigo a servir a população. Isto acontece ou por má gestão ou escassez de carteiros para as necessidades de assegurar um serviço mínimo que não comprometa a sua qualidade. Conheço muitos destes profissionais na ilha e sei que eles dão o seu melhor. Não se compreende que nem haja o cuidado para que a correspondência local para o fim de semana chegue a tempo neste serviço que é pago.
Não é admissível que num concelho urbano que até tem a sede do Parlamento Regional e órgãos do Governo dos Açores haja localidades a escassos quilómetros destes que estejam a ter um tão mau serviço de correios nesta época e nenhuma entidade política tenha a iniciativa de assumir publicamente que está a intervir no assunto. Num meio tão pequeno isto não pode estar a passar despercebido das autoridades que devem defender o Povo sem ser com um fechar de olhos destas.
Recebi há dias uma carta do Governo dos Açores a informar-me que vem esta semana visitar o Faial e está disponível para me receber como Faialense. Agradeço a amabilidade, mas deixo-lhe o tempo que estaria reservado para me ouvir na ilha para poder intervir no sentido de resolver o problema acima denunciado. Sei que apesar de muitas vezes os Governantes gostarem de descansar à sombra do argumento de que os Correios foram privatizados, recordo que o caderno de encargos tinha exigências de serviço público a assegurar pelo privado que os adquiriu, cujo incumprimento leva a penalizações, pelo que o Governo tem trunfos para agir e impor uma correção nesta matéria com as armas legais que dispõe. Se os Correios não estão a cumprir a sua parte, ao menos que o Governo dos Açores faça a sua: investigue, verifique e, em caso de incumprimento, faça cumprir ou penalize.
 

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Meu artigo de de hoje no diário Incentivo:

UM VERÃO DIFERENTE E A QUESTÃO DO QUARTEL DE BOMBEIROS

Não haja dúvida que a realidade da pandemia está a tornar este verão diferente: os turistas são poucos, menos ainda que na época baixa, embora eles já andem por aí e cruzo-me com eles nos mais diversos pontos a visitar o Faial.

Mas a diferença é mais evidente por estarmos em ano de eleições legislativas e ver-se um pacífico confronto político, é como se o dia dos votos estivesse muito distante. Sem dúvida que a estratégia da oposição desaparecer durante o período de emergência não deu espaço à reentrada posterior de um debate de ideias sobre o que se pretende para os Açores no ciclo pós-pandemia, mesmo sem se saber quando este vá terminar já que tudo aponta para que o seu fim não esteja próximo.

É verdade que o Governo dos Açores, quer através de visitas estatutárias, quer por iniciativas das suas Secretarias Regionais, lá vai apresentando quase diariamente projetos em vias de arrancar no terreno ou iniciativas de projetos a passar a papel; sinal claro que está atento ao período pré-eleitoral que atravessa. Mas exposição e debate de ideias para o futuro dos Açores neste verão: nada!

Entre os projetos cujo papel está pronto para arrancar no terreno, felizmente, está o Novo Quartel de Bombeiros do Faial a construir em Santa Bárbara. Efetivamente o atual, talvez o mais bonito de todos os que já vi na Região, enferma de numerosos constrangimentos devido à sua longa idade, enquadramento urbano e o evoluir das exigências aos soldados da paz em termos de serviços operacionais de Proteção Civil.

Recordo-me de há vários anos ter sido pessoalmente auscultado sobre a localização em Santa Bárbara e lembro-me então, dado o troço da variante então em construção, o outro a pensar-se construir e as características geológicas do sítio de implantação, ter sido de opinião que o Novo Quartel de Bombeiros do Faial teria um enquadramento excelente para servir bem toda a ilha.

Depois disso, o segundo troço da variante à cidade da Horta caiu, apesar de quase concluído em papel não saiu dos gabinetes do Governo para o terreno e a realidade do magnífico enquadramento para servir bem toda a ilha mudou: o que também já denunciei há uns anos aqui neste jornal.

Fico contente se a obra for em frente, mas já não posso dizer que o enquadramento permite melhorar a rapidez de atendimento a todas as partes da ilha. Há zonas que ficarão com condições de prestação de serviço mais rápidas: as freguesias do lado sul. Mas, sem o segundo troço da variante ou sem uma alternativa de acesso livre e desimpedido que assegure uma circulação a grande velocidade em segurança para o norte da ilha, esta zona poderá sofrer maiores demoras de atendimento que urge pensar e compensar.

Não vale a pena negar a situação, o estado de negação só serve para não resolver o problema. Há sim que encontrar soluções. Se não for a variante, a que antes estava preconizada, então que seja outra. Passar a obrigar os veículos de socorro a circular ao longo de toda a cidade de sul a norte não torna mais rápido o trajeto para chegar às freguesias além Espalamaca. O percurso pela rua da Travessa no início parece desafogado, mas desemboca em afunilamentos na Volta ou em Santo Amaro que não estão resolvidos. Analisar a questão de forma séria e sem partidarismos é necessário.

Não usufrui ainda do novo Largo do Infante, mas já vi que está diferente. Uns gostarão mais, outros menos. Uns defenderão apenas por quem fez, outros criticarão por ser quem fez. Eu não me vou pronunciar num arranjo que tem virtudes e defeitos mas onde o essencial é todo o conjunto da Frente Mar da Horta ainda por concluir. Tal como acontece com o projeto de Saneamento Básico da cidade de que já não se fala. Apreciar bocados de projetos globais por concluir dificulta um juízo válido do todo e, tal como já demonstrei hoje no caso da variante, o não se fazer tudo o que estava convenientemente planeado no início pode dar depois resultados bem diferentes do idealizado. Espero para ver tudo um dia…

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Meu artigo de 30 de junho no diário incentivo:

HORTA ABERTA AO MUNDO E PARABÉNS À CIDADE

No tempo que parece o da duração de um relâmpago concluiu-se o mês de junho, não se deu pelo Santo António, o São João não foi à Estrada da Caldeira e nem o São Pedro desceu a vários portinhos do Faial. Só a pandemia é que se eterniza a ameaçar o mundo à nossa volta, insiste em não passar rápido e a humanidade anseia por uma cura efetiva que elimine o seu carácter mortal.

A nossa ilha, felizmente, já tem a sua marina aberta e o nosso aeroporto também retomou as suas ligações diretas ao Continente. Só que, para azar nosso, esta retoma coincidiu precisamente com um novo surto do SARS-Cov2 na região de Lisboa, o qual tristemente já remeteu o nosso País para o segundo pior lugar entre os Estados da União Europeia no que se refere ao aparecimento de novos casos de contágio por milhão de habitantes, mais grave que nós agora só mesmo a Suécia.

Infelizmente, isto aconteceu logo a seguir aos nossos Governantes terem, por interesse político, promovido a ideia de que o pior já passara e éramos dos melhores na Europa. Até foram a espetáculos com milhares pessoas em recinto fechado. Agora, tanto o Primeiro-ministro como o Presidente da República, têm o desplante de acusar de irresponsabilidade simples jovens que depois disso fizeram festas com centenas de participantes. Quem foi que começou por dar o mau exemplo?

Como de costume, os Governantes, quando as coisas correm bem, elogiam-nos enquanto chamam a si louros do sucesso, mas se por erros deles isto dá para o torto começam logo a acusar o Povo.

Embora os Açores tenham implementado uma estratégia de controlo de potenciais contaminados com o SARS-Cov2 para as pessoas que entrem na Região, infelizmente este método não é completamente eficaz, não só pela possibilidade de poderem ocorrer falsos negativos devido a uma contaminação ainda muito recente do infetado, como alguns com teste feito no Continente puderem contaminar-se logo a seguir no aeroporto, situado mesmo junto às freguesias de maior risco de contágio em Portugal, ou no avião. Por isso compreendo os novos alertas lançados há uma semana pela Unidade de Saúde da Ilha do Faial, pois agora o perigo dos Faialenses serem apanhados pelo Covid-19 é bem mais elevado do que desde abril último até ao passado dia de São João.

A demonstrar este risco já houve a situação de apenas numa segunda análise de um visitante a São Miguel este ter dado positivo e quando o alerta saiu o mesmo já nem se encontrava naquela ilha: o que desencadeou uma busca de potenciais contactos suspeitos, felizmente parecem ter escaparam ilesos… mas pode não ser sempre assim e no futuro pode acontecer ao contrário aqui no Faial.

Infelizmente, agora que o risco subiu passei a sentir aqui no Faial um maior relaxamento e vi a maior contestação em Faialenses à tomada de medidas de precaução para evitar o contágio. Certo que eram pessoas de idade com menor risco de desenvolverem sintomas graves da doença, mas não só contactavam com outros que eram próximos de idosos, como com visitantes. Cada vez tenho mais a ideia de que no desconfinamento muitas das medidas foram demasiado transversais e pouco específicas para proteger os mais velhos e os seus contactos próximos. Não é por certos Serviços Públicos terem atendimento exclusivo a idosos entre as 9 e as 11 horas que eles ficam mais protegidos, o vírus não é um noctívago que fica na cama até tarde durante a manhã: contamina a qualquer hora. Neste surto, Lisboa pode exportar contágios e atingir idosos em várias regiões.

Nesta semana a Horta fará 187 anos como cidade, não haverá também a habitual festa do mercado, apesar deste agora estar renovado e ser um espaço convidativo para passar umas horas numa noite de verão, nem haverá outras celebrações oficiais comemorativas que reúnam muita gente, mas ficam aqui os meus Parabéns para esta cidade da Horta onde trabalho e ao seu concelho onde decidi viver por amor a esta Terra das minhas raízes e onde tive a oportunidade de trabalhar. Faço votos para que a Horta tenha um futuro brilhante e os seus filhos possam continuar a ter orgulho nesta Ilha e ainda encontrem a oportunidade de cá se empregar, viver e de serem Felizes.

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Meu artigo de 19 de maio no diário Incentivo:

DESCONFINAMENTO COM OPORTUNIDADES PERDIDAS, LAPSOS E INCÓGNITAS

Em março escrevi aqui no Incentivo que “Em todas as crises há oportunidades a aproveitar e dificuldades a vencer e esta não será diferente” O desafio que deixei era para quem tivesse poder de influência e de decisão aprendesse com os ensinamentos que se obtivessem desta situação anormal da pandemia e extraísse o máximo em prol do bem da sociedade e minimizasse os males desta crise.

Se o inferno esta cheio de boas intenções, a vida está cheia de oportunidades perdidas: umas porque não houve inteligência para vislumbrar as possibilidades que surgiram, outras, talvez na maioria dos casos, porque aproveitá-las implicaria mudar e muitos preferem voltar ao conforto passado e temem dar um salto em frente, mesmo que isto corrija erros tolerados e elimine preconceitos.

O fim da situação de emergência, do confinamento e regresso à normalidade nos Açores está a ser moldado pelo objetivo de voltar ao passado sem aproveitar ensinamentos obtidos, é como se tudo pudesse regressar ao mesmo. Assim, desprezam-se situações testadas que melhorariam problemas anteriores: a ideia de que tudo vai ficar bem, não quer dizer ficar tudo na mesma.

O Governo dos Açores testou intensamente o teletrabalho, viu que funciona bem em muitas situações e sei de casos com melhorias de produtividade e bem-estar de trabalhadores, mas depois de fixar por escrito nas medidas de retorno à normalidade “Abertura dos serviços da Administração Regional, mantendo o regime de teletrabalho em todos os casos em que isso seja possível” temeu os preconceitos antigos e limitou-o apenas aos grupos de risco e excluiu todos os casos em que tal fosse possível, impôs trabalho presencial a todos os funcionários sem negociar, por vezes em piores condições só para repor o passado! Quem denuncia isto arrisca-se a ser acusado de prejudicar a luta ao covid e o unanimismo criado nestes tempos permite desperdiçar esta oportunidade de mudar. Trabalhar em gabinetes lotados, com máscara, óculos, rinite, etc. só para repor o passado não é ficar tudo bem e melhorar o ambiente pela redução de trânsito volta a ser desaprendido.

Nas suas medidas o Governo dos Açores não teve em atenção a realidade de que Faial e Pico tem povos siameses, preservou aqui uma cerca injustificável, pior que a das concelhias em S Miguel em período de contaminação local, isto porque a unidade com que trabalhou foi “ilha”. Há medidas para idosos que andam na rua, vivem isolados ou estão institucionalizados, mas não para os de idade mais avançada que já pouco ou nada saem para obrigações sociais, mas não-institucionalizados e integrados em famílias que trabalham. Estes, por vezes doentes e suas famílias ficaram em situação pior que antes da pandemia, pois foi agravada por riscos de contágio inerentes à necessidade de circulação dos que compartilham a habitação, mas sem as alternativas de acompanhamento como quem tem crianças. Um lapso, uma incapacidade ou só desinteresse?

Não conheço o sistema de funcionamento do ensino para comentar o retorno, o modelo de regresso à normalidade tem virtudes, é necessário, mas também tem oportunidades perdidas, omissões e tem riscos associados a grandes incógnitas: como sobreviverá o Turismo, o comércio e certas indústrias? qual a dimensão do desemprego? Como será a solidariedade institucional da Europa e Lisboa?

O Governo pode melhorar o seu plano, não penso que se vence uma ameaça de saúde pública como uma crise financeira, escrevo medidas possíveis ou em falta, mas respeito as impostas. Não abro uma guerra política escudada numa Constituição pensada por juristas e políticos que a moldaram em tempo de revolução ideológica pouco atenta às leis da Natureza e feita por gente mais próxima de ciências sociais do que naturais. Outra lição desta crise é: a Constituição é que se deve adaptar às leis da Natureza e não esta às leis do Homem. Talvez outra oportunidade que se vai desperdiçar…

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O meu artigo de hoje de opinião quinzenal no diário da Horta “Incentivo”:

DO FIM DA EMERGÊNCIA À ABERTURA EXTERNA DO FAIAL

O período de emergência começou no Dia do Pai e, curiosamente, terminou à chegada do Dia da Mãe, vários objetivos foram alcançados: baixou-se o pico da pandemia, não houve rotura dos serviços de saúde e não se atingiu o descalabro de mortos como nalguns países. Mas não se teve números tão bons como em muitos outros países de que não se fala, nem se protegeu bem muitos dos nossos lares de idosos. O contágio do Nordeste é a situação que sujou o sucesso dos Açores.

No Faial estamos agora a viver o melhor período desde a declaração da pandemia pela OMS. Apenas tivemos situações importadas sem nenhuma cadeia de contaminação local, o último caso já ocorreu há mais de 28 dias e continuamos com as nossas ligações ao exterior fechadas. Assim, até à abertura do porto e do aeroporto a zonas onde existe o vírus em circulação, a nossa ilha parece protegida do aparecimento de novos doentes.

Para já há muitos heróis para este sucesso no Faial: quem tinha poder e teve coragem de impor medidas duras de contenção deste vírus contra argumentos de certas vozes; os elementos das oposições que se comportaram com responsabilidade quando lhes apetecia questionar ações dúbias para não enfraquecer a luta; os muitos Faialenses que acataram com dificuldade a regra de ficar em casa, uns a teletrabalhar com crianças e em condições não ideais mas a cumprir as suas funções e a evitar transmissões locais; o pessoal de saúde e de serviços essenciais que assumiram a tarefa de se preparar para o pior e manter as condições de vida na ilha que como humanos não estavam imunes nem à doença nem ao medo; e o grupo pouco lembrado dos próprios doentes Covid-19 que vivem nesta ilha e se comportaram exemplarmente, de tal modo que não contaminaram nem uma pessoa nesta terra além de si pois cumpriram a higiene e o isolamento rigidamente. Noutros locais houve gente que se sabia estar infetada e não cumpriu tão bem, até saiu e pôs outros em risco.

Apesar deste período de acalmia que o Faial desfruta, mais dia menos dia a ilha vai ter de se abrir novamente ao exterior e, mesmo com fases iniciais de quarentena, o perigo de futuras contaminações vai voltar e não vale a pena pensar que esta terra pode viver num gueto a esperar até ao dia, que não se sabe quando, a ciência descubra um tratamento e vacina eficaz. A humanidade é uma entidade social e nós também fazemos parte desta sociedade.

Alguns já foram intensamente prejudicados nos seus rendimentos, mas a acalmia que vivemos na ilha só foi possível porque houve portas e atividades económicas fechadas e se não tivesse sido assim estaríamos agora a chorar os nossos mortos que nos pesariam na consciência por não termos feito mais. Mas, não se pense que com ligações ao exterior o turismo, onde os Açores investiu tanto em detrimento de outros setores, se regulariza rápido. Não! Muitos potenciais turistas têm medo de viajar, de passar por aeroportos e instalar-se em hotéis com gente que eles não sabem de onde virá e nem todas as pessoas estão disponíveis a acolher de braços abertos gente que vem de fora que pode trazer escondido o SARS-Cov-2. Eis uma sequela dura desta crise para tratar com tempo.

Haverá muitas coisas que nós Faialenses teremos de agir face aos menores rendimentos de vizinhos e amigos a quem temos de dar a mão; há o facto de nem todos os idosos viverem isolados em lar, uns vivem na sua própria casa e outros partilham-na com a família que trabalha ou vai à escola e temos de protegê-los a todos. Esta ilha sempre dependeu do seu porto a que, nos tempos mais recentes, se juntou o aeroporto e temos sido reivindicativos de mais ligações diretas ao exterior e não ao contrário. Na fase que aí vem, os Faialenses terão de continuar a ser heróis e tudo fazer para se ultrapassar estes problemas sem deitar a perder tudo o que se conseguiu até agora.

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Meu artigo de hoje publicado no diário da Horta “Incentivo”:

CELEBRAR ABRIL EM EMERGÊNCIA E TODA VERDADE

Pela primeira vez, desde 1974, Portugal vai celebrar o 25 de Abril com restrições à Liberdade devido à declaração do Estado de Emergência em virtude da pandemia Covid-19. Parece uma contradição celebrar a Liberdade retido pela imposição de ficar em casa e quando é interdito aos Portugueses de circularem como lhes apetece ao ar livre. Mas a vida está cheia de contradições.

Um dos compromissos do Presidente da República quando da declaração do Estado de Emergência foi com a verdade, mas parece que tal não obriga a que se diga toda a verdade. Assim, bastam verdades selecionadas à medida que, sem se mentir, se faz um retrato da realidade aos Portugueses diferente da verdade, mas o meu patriotismo exige que se diga toda a verdade. Ao percorrer-se os dados desta pandemia referente aos vários países europeus descobre-se uma realidade distinta da comunicada pelas autoridades nacionais e telejornais.

No combate à pandemia, até ao momento, Portugal felizmente não atingiu os números negros de mortes por milhão de habitantes como os que se têm verificado em França, Itália, Espanha e, sobretudo, o pior índice de todos e não falado da Bélgica. Assim, os nossos políticos escudam-se nas manchetes destes países para falarem de milagre e ficarem bem na foto. Mas manda a verdade que se diga, Portugal, infelizmente, apresenta números de mortos por milhão de habitantes bem piores que os da Alemanha, Áustria, República Checa e, sobretudo, os da endividada e empobrecida Grécia, esta mesmo com dimensão populacional semelhante, tem cerca de seis vezes menos mortos que nós, e existem muitos mais Estados Europeus perante quem fazemos pior figura, com quem há muito a aprender, pois fizeram bem melhor que Portugal e isto não é dito aos Portugueses.

Um Estado de Emergência comprometido com a verdade não se fica pela meia verdade conveniente ao Presidente e ao Primeiro-Ministro. Tal como é verdade que, apesar da continuidade territorial imposta por estes e de um certo descontrolo em S. Miguel, os Açores apresentam números bem melhores que os do Continente e até excelentes em 8 das 9 ilhas: tão bons como os de Macau!

Os partidos da oposição, e muito bem, assumiram, na generalidade, ser cooperantes com o governo nesta luta e não entrar em conflitos que enfraquecessem o objetivo de vencer o SARS-Cov-2. Mas na verdade isto não pode ser complacente com aproveitamentos políticos do partido no poder e é patriótico exigir pudor nos abusos. Em janeiro viu-se bem o que estava a acontecer na China, mas só em março Portugal tentou comprar mais ventiladores e até recomendou o não uso de máscaras: nem havia o suficiente para todos e a linha da frente de combate! Logo, não é correto agora fazer cartazes de aquisições tarde e a más horas de equipamento já em plena batalha, pois deveriam ter sido adquiridos quando se via o que acontecia em Wuhan, até porque as verbas são pagas pelos Portugueses para serem coladas depois ao símbolo do partido no poder e a fotos de propaganda.

É verdade que um dos objetivos nesta luta era evitar a rotura do Serviço Nacional (Regional) de Saúde e com o esforço da maioria dos Portugueses e as medidas que estão a ser impostas isto tem sido conseguido sem falhas evidentes. Pelo menos não tão graves de modo a alguém ter sido rejeitado numa Unidade de Cuidados Intensivos por falta de capacidade ou de equipamentos, por isso, mesmo em estado de emergência, festejemos algumas vitórias e celebremos, como possível a cada um, a festa da Democracia, com toda a verdade e sem censura: Viva a Liberdade de Abril!

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Meu artigo de hoje no diário da Horta Incentivo:

UMA PÁSCOA DIFERENTE

Apesar do título falso e infeliz de um jornal nacional ter dito “Costa proíbe a Páscoa”, a verdade é que para os Cristãos está-se na Semana Santa e, embora de uma forma diferente e no pleno respeito das autoridades, eu e muitos outros vamos celebrar a Páscoa. É verdade que para os Cristãos esta Páscoa será celebrada de uma forma diferente, mas a ideia é igual: Jesus Ressuscitou como garante da força da sua Mensagem para nos amarmos uns aos outros e a Deus e vencermos a morte.

Já a Quaresma com quarentena foi um período de preparação para a festa da Ressurreição de Cristo vivido de um modo como eu nunca imaginara: uma Quarentesma por causa da Covid-19. Mesmo assim, mantive as minhas resoluções quaresmais e continuo a ter esperança de que, mesmo nesta tribulação, Deus nos ampara para ir-mos em frente: o que não é sinónimo de nos tirar as dificuldades do caminho, mas que nos dá sabedoria e capacidade para nos orientarmos, fazermos o que nos compete fazer e para preservarmos a esperança no futuro.

Contudo e tal como já referi no anterior artigo, embora o período pós-Covid-19 nos possa trazer oportunidades para mudanças positivas, trará, sobretudo muitas dificuldades económicas e sociais que não afetarão a todos de forma igual, mas quase ninguém ficará imune ao sofrimento.

Os Açores, onde o peso do turismo teve um crescimento significativo nos últimos anos e viu um decréscimo no peso e diversidade da produção de bens agrícolas, deverá haver um choque económico negativo forte e será pior se os turistas não recuperarem confiança em viajar. Então, o setor da restauração e hoteleiro será fonte de muito desemprego nalgumas ilhas, com queda de rendimentos de quem aí tem trabalhado, mas também a crise que se avizinha poderá afetar os preços dos bens que produzimos, compramos e na rendibilidade de pequenas empresas, abrindo vários problemas orçamentais em mais famílias Açorianas.

Espero que a solidariedade coletiva, privada e pública defendida no meio laico, de mãos dadas com a assumida pela caridade cristã dos crentes, possam suavizar muitas das agruras que aí virão. Sem dúvida uma forma de conjuntamente vivermos a mensagem da Páscoa.

Confesso que todos os dias sigo ansiosamente a divulgação dos números regionais para o coronavírus e apesar de várias ilhas já não terem ligações ao exterior há mais de duas semanas, infelizmente, teimam em continuar a aparecer novos casos e suspeitos e, quando houver mesmo a necessidade imperiosa de se baixar estas barreiras, ficaremos sujeitos a futuras contaminações, pior se ocorrerem ainda outras vagas. O que me preocupa, pois embora os nossos serviços de saúde agora já estejam melhor equipados que no início da pandemia, os nossos doentes e idosos continuam a ser vulneráveis e alguns de nós, como eu, vivemos com eles nos nossos agregados.

Assim, o futuro mostra-se perigoso para as nossas gentes da ilhas, apesar de sentirmos que foram tomadas medidas de proteção nos Açores mais rápidas e fortes do que no Continente, mas urge planear o dia a seguir a esta pandemia, pois ainda não surgiu uma medicação eficaz nem vacina e é preciso evitar que não se caia na situação de quando abrirmos as portas ver acontecer na Região o que bem parece estarmos a evitar na primeira vaga.

A todos, mesmo que diferente no estilo desejado, votos de uma feliz Páscoa que é sem dúvida a festa cristã da renovação da vida e da esperança no futuro.

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Meu artigo de hoje publicado no diário do Faial, Incentivo

COMO SERÁ A VIDA PÓS COVID-19?

Não vou escrever sobre a doença Covid-19, nem fazer recomendações e muito menos perspetivar a evolução desta pandemia nos Açores, em Portugal ou no Mundo: para isso, ouçam os médicos, acatem as orientações da Direção Regional de Saúde e sigam as notícias.

Em poucos dias o Mundo mudou e não será mais o mesmo, só não sabemos ainda como será. Quem seguia as inovações e alertas das ciências sabia que um dia uma pandemia, mais ou menos agressiva, surgiria, mas viam-se os líderes dos Povos a adiar a prevenção de riscos com aquele discurso habitual de que já há muito tempo se diz que vai acontecer e nunca aconteceu e preferiam investir em outras coisas mais populares que a curto-prazo rendiam votos. Mas já houve muitas pandemias na história da humanidade e algumas bem piores, infelizmente esta aconteceu nos nossos dias.

Num repente, muitas coisas que se diziam ser inviáveis tornaram-se possíveis e, por vezes, funcionam até melhor como certos casos de teletrabalho em muitas profissões na área de serviços. Algumas profissões não valorizadas e mal pagas mostram-se essenciais ao funcionamento da sociedade e sem poder parar como: as equipas de higiene, limpeza e saúde. O desporto profissional, a paixão de muitos, alimentada quase em permanência pelas TV e jornais, silenciou-se e saiu das tensões sociais. Agora como será a vida após o tsunami Covid-19 é o que gostaria de saber.

O teletrabalho valorizou-se e se antes muitas famílias com crianças, doentes ou idosos não os podiam acompanhar por estarem obrigadas a extensas horas fora de casa no emprego, pelo que tinham de desembolsar volumosas verbas em sobrelotadas creches, lares, ATL e afins; agora, prova-se que o trabalho à distância é compatível a muitas profissões no setor público. Provou-se que harmonizar a proteção à família e o emprego não é só reduções de horários e despesas em serviços sociais. Estas valências não se tornarão obsoletas, existirá sempre a necessidade de funções presenciais no empregador e, mesmo quem teletrabalha terá momentos que requerem deslocação ao emprego. Mas podemos aumentar a produtividade e poupar no orçamento de muitas famílias com o teletrabalho, libertando muitos espaços em lares e creches e resolver o problema de muita gente empregada que não encontrava lugar para os dependentes a seu cargo. Esta evidência vai ser aproveitada por governantes e empresários? Não sabemos.

Os problemas de engarrafamentos e da poluição são aliviáveis com a implementação mais geral do teletrabalho, uma alternativa a se dificultar acessos aos centros das cidades a quem tem mesmo de lá trabalhar, fazer compras ou lazer. Poupar-se-ia em estruturas de estacionamento de grandes dimensões que custam dinheiro ao erário público e melhoraria a qualidade do ar e de vida.

Mas no pós-pandemia muito poderá ser negativo além da dor e das mortes e pior será quanto mais intensa, maior número de vagas da doença e tempo esta durar. O teletrabalho deve afetar o pequeno comércio: como almoços na restauração, e talvez a confiança de comprar na internet cresça, o que gerará desemprego num setor com muita gente jovem, embora os serviços de levar a casa comida e outras compras possam aumentar e compensar parte deste problema. Mas não sabemos se o medo de viajar ficará. Pior se houver outras ondas pandémicas e a economia nos Açores e Portugal muito cresceu à sombra do Turismo, setor que já era criticado por muitos pelos seus incómodos, mas este ao atrofiar-se despedirá a seguir muitos jovens e há que pagar muitos investimentos em estruturas hoteleiras e turismo de habitação e o risco de falências e fecho não se pode evitar se os turistas não vierem. Assim, com a economia em queda e o desemprego a crescer não sei se as linhas de apoio social às pequenas e médias empresas serão suficientes para evitar outro tipo de crise.

Se houver mudanças económicas muito fortes, o efeito bola de neve pode levar a instabilidades políticas e sociais imprevisíveis, mas uma coisa já se tornou claro aos olhos de todos: este Mundo assenta em muitas fragilidades e basta uma catástrofe inesperada para tudo mudar na Terra. Em todas as crises há oportunidades a aproveitar e dificuldades a vencer e esta não será diferente. Votos para que tudo se recomponha e os Açores, Portugal e o Mundo venham a ficar melhores.

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