Meu artigo de hoje no diário “Incentivo”:
LORENZO E A IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO E DA INFORMAÇÃO
Ao longo de quase uma dezena de dias, através de sites de instituições internacionais e nacionais, acompanhei o evoluir duma instabilidade meteorológica nascida perto da Guiné-Bissau até ela se transformar em tempestade e furacão tropical batizado de Lorenzo. Assisti ao seu crescer até à categoria 5 (o máximo da escala Saffir-Simpson) e ao seu posterior e lento decréscimo de força perturbado por alguns impulsos e fui lendo os comunicados das modelações da sua trajetória em que ia aumentando probabilidade deste fenómeno meteorológico adverso afetar os Açores.
Como bom conhecedor destas ilhas, sobretudo do Faial, e desperto para os riscos naturais por formação técnica, cedo percebi os perigos a que nos estávamos a expor. Fui dando conhecimento das minhas observações e recomendando o acompanhar dos comunicados da Proteção Civil. Todavia ouvia alguns afirmarem que os Açores sempre sofreram este tipo de tempestades, que tudo era normal e a informação apenas alarmava as pessoas habituadas a estas ocorrências.
Na verdade, os Açorianos ao longo da sua história enfrentaram muitas catástrofes naturais e se para algumas ainda não há hipótese de tomar medidas preventivas de curto-prazo por ser imprevisível a data de ocorrência, outras, a tecnologia já permite emitir alertas para nos acautelarmos.
Assim, estudando os danos das catástrofes históricas é possível questionar sobre quantos sofrimentos, prejuízos e vítimas os nossos antepassados teriam evitado se tivessem tido a sorte que nós hoje temos de saber com antecedência a ocorrência de um furacão, chuvadas ou um vulcão?
Quantas pessoas teriam planeado a sua vida de forma diferente se tivessem sido informadas adequadamente e com a devida antecedência sobre os riscos de ter uma moradia num local mais exposto a inundações, movimentos de terras ou um maior perigo sísmico?
O planeamento do território com zonas de risco, as medidas preventivas, o acompanhamento da informação e os serviços de intervenção de proteção civil estão para a segurança das populações como as vacinas, as regras de higiene, as consultas de medicina preventivas e os serviços de urgência estão para a saúde dos cidadãos. Nenhum destes aspetos deve ser desprezado sob o risco de se reduzir a proteção pessoas e bens a curto, médio ou longo-prazo.
O lançamento de dúvida à conveniência de se cumprirem planos de vacinas levou a que muitos pais desrespeitassem esta via de imunizar os filhos e fez ressurgir doenças que já consideradas erradicadas por cá que já provocaram mortes evitáveis, tal como o descrédito e resistência lançado às zonas de risco que levou a deixar caducar medidas preventivas a elas associadas pode conduzir a que no futuro ocorram danos materiais e humanos escusáveis e não sei se com a atribuição de responsabilidades politicocriminais a quem poderia a tempo corrigir esta situação.
Todos temos de facto de viver com erros passados: na saúde, os abusos de práticas de vida; no terreno, as construções já feitas em locais arriscados, não sismorresistentes, etc. Nalguns casos o acompanhamento técnico e medidas de remediais ou preventivas pode ser a forma de reduzir a ampliação de uma doença ou os efeitos de uma catástrofe natural, mas o importante é aproveitar todos os meios disponíveis para se minimizar dentro do possível as consequências dos perigos a que estamos expostos que nunca passam a zero. Agora um furacão, amanhã uma chuvada, noutro dia uma avalanche, sismo ou vulcão, para tudo isto se exige planeamento, identificação de zonas de risco, medidas preventivas ou corretivas e informações dadas a tempo para a nossa segurança.
Gostar disto:
Gosto Carregando...
Read Full Post »