Não sei se o drama grego já chegou ao fim ou se estamos apenas num intervalo para um novo ato que acabará em tragédia. Infelizmente temo bem que esta última hipótese seja verdadeira
Para já tornou-se evidente que do braço de ferro entre uma esquerda radical contra o modelo da eurozona e o liberalismo financeiro extremado dos credores não acabou bem para o povo grego e talvez para ninguém.
Não escondo que desde há dois anos manifesto curiosidade em ver atuar o Syriza para perceber se no terreno a sua proposta de intransigência e de luta política extremada transformaria o sistema financeiro egoísta implantado dando oportunidade a outro mais equilibrado e humano, mas o que assisti foi a um braço de ferro entre posições opostas que o máximo que poderia levar era ao colapso da União Europeia sem se perceber o que ficaria implantado a seguir, mas suspeito que algo pior ainda.
Para um desfecho sensato destas “negociações”, com chantagem dos ambos os lados há que honestamente reconhecer, penso que não contribuiu com nada de bom a instalação no terreno de claques guerrilheiras apoiantes de cada uma das partes e sempre prontos a denegrir integralmente e sem qualquer pudor o outro lado, pois tal só enfraqueceu o bom-senso e atiçou os ânimos para radicalismos cada vez maiores.
Ver negociadores falidos representados por um Varoufakis numa postura arrogante de quem vai derrotar finalmente o império da finanças acicatado por um bando de quase agitadores sociais a destruir moral e ética qualquer um que falasse do outro lado, sem qualquer indício de cedência ou mea culpa pelo estado a que chegaram os devedores; tal como assistir a negociadores dos credores a colocar toda a culpa do lado dos endividados, como se tal não fosse o mau fruto de uma estratégica gananciosa dos mais fortes e senti-los apoiados por gente que egoistamente apelava a exigências cada vez mais desumanas para esmagar o já arruinado e sem qualquer disposição para a solidariedade, princípios éticos ou morais e ainda vendendo a ideia de que os outros eram meros parasitas profissionais sem querer se autossustentar. Isto logicamente não podia terminar num entendimento saudável e cooperante de boa-vontade humanitária entre os dois lados. Lamento.
Assumo que sou de opinião de que uma moeda única não é compatível com políticas económicas contraditórias que coloquem em risco o equilíbrio do sistema monetário no seu seio, por isso ou há uma federação entre os membros aderentes (o que poucos parecem aceitar) ou cada um destes membros está limitado nas suas estratégias.
Aquilo que penso leva a que entre o “não há alternativa” e as “soluções extremistas contrárias” se procure situações de compromisso, cujos radicalismos não compreendem. Só que também me choca que o mais forte tenha de esmagar o mais fraco, até porque tal cria feridas que a longo prazo podem levar a gangrenar todo o corpo financeiro pertença da eurozona… para já parece-me que, infelizmente, foi isto que vingou no acordo forçado e suspeito que para o claudicar de um dos lados contribuiu negativamente em muito as claques falangistas aguerridas instaladas no terreno livre da democracia.
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