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Posts Tagged ‘Agricultura’

Meu artigo de hoje no diário Incentivo:

QUANDO BOAS CAUSAS DESCAMBAM EM RADICALISMOS

A injustiça de um modelo político que arrumava as pessoas por classes sociais que concentrava os direitos e a riqueza numa minoria privilegiada, enquanto as obrigações e pobreza ia para uma maioria desfavorecida, levou à revolução francesa de que brotou o reconhecimento da qualidade de cidadão a todos os indivíduos com igualdade de direitos e obrigações.

Assim, o reconhecimento de que ao Estado e Instituições Públicas compete assegurar o suficiente o acesso a bens alimentares, aos cuidados de saúde, à formação educacional, à segurança e ao bem-estar condigno para todos é a principal marca da Idade Contemporânea iniciada em 1789 e neste contexto a luta pela justiça social é uma boa causa.

A ciência tem evidenciado que a alteração da composição do ar por emissão excessiva de gases com efeitos estufa na imparável industrialização poluente da humanidade, a extração excessiva de recursos não renováveis e a ocupação selvagem de espaços naturais têm destruído os equilíbrios do ecossistemas e extinto espécies animais e vegetais o que está a levar a uma situação catastrófica à escala planetária. Assim, o apelo à adoção de uma economia limpa e sustentável no consumo dos bens da Terra, colocam os argumentos da defesa do ambiente numa boa causa.

A implantação da democracia em Portugal no 25 de abril de 74 teve como bandeira a conquista da liberdade e como se viera de uma ditadura cheia de proibições uma das ideias que então floresceu é que passara a ser proibido proibir. Assim, sendo a liberdade uma das boas causas da revolução, o proibir proibir tornou-se num dos frutos melhores e mais belos de Abril em Portugal.

Infelizmente uma boa causa suportada em princípios louváveis pode descambar para ideias radicais que destroem o bom-senso e gera novas injustiças e torna essas causas perniciosas. A decisão de proibir a carne de vaca nas cantinas dependentes da Universidade de Coimbra consegue reunir todos os radicalismos maléficos que matam as boas causas, acompanhada da poluição das lutas partidárias e ideológica que deturpam os factos.

É verdade que a agropecuária bovina produz equivalentes de dióxido de carbono, que na Amazónia a sua expansão tem sido feita à custa da destruição da floresta e há uma classe que se serve da atual presidência para acelerar a desmatação deste pulmão do Mundo. Mas no Brasil a guerra ideológica radicalizou-se e as partes em confronto tendem a levar a luta interna a todo o globo para ter aliados externos que contam para vencer o inimigo, não parecem adversários tal o ódio entre eles.

Mas porque é que esta guerra tem de afetar um agricultor Açoriano ou Continental quando a transição para a vaca se fez no País essencialmente com novos usos aos solos que já antes eram cultivados? Como é possível que uma bandeira da justiça, onde a esquerda dizia que o povo também deveria poder pôr carne nas suas mesas e não só as elites ricas, levou a que colocar um bife no prato seja quase um crime para partes da geringonça? Como se transformou o coração da luta estudantil pela liberdade em Portugal numa subserviência a poderes influentes para que se aceite submissamente de novo o proibir, até a carne de vaca dos Açores, em nome da autonomia universitária? Como os políticos e governantes abriram caminho às novas injustiça dos radicais?

Radicalismos que não olham a meios para que as suas crenças sejam impostas a todos com novas injustiças e vítimas cuja ditadura desta irracionalidade silencia muitos. Mas eu protesto!

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Foi notícia na RTP-Açores de hoje: o reconhecer da CALF da necessidade de se aumentar a produção de leite no Faial a entregar nesta entidade para viabilizar a fábrica de laticínios. Suspeito que parte da culpa da redução desta produção, que está a comprometer a unidade fabril, residiu na própria forma como os produtores foram tratados ao longo de anos por esta cooperativa que baixou o preço de forma assustadora aos produtores. No desafios do meu primeiro post deste ano estava mesmo este ponto.

Apesar do reconhecimento desta necessidade por parte da direção da cooperativa, a verdade é que não ouvi nada de concretamente apelativo do lado do Presidente da CALF, o que é manifestamente pouco para a urgência do assunto. Não basta a presença do Secretário Regional para motivar os agricultores a produzirem mais para tão escasso pagamento do fruto do seu trabalho.

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O Ministro da Agricultura sabe que a estratégia de extensas florestas de eucalipto em Portugal foi um erro grave que matou dezenas de pessoas este ano e tem deixado o País num braseiro anos seguidos. Sabe que agora há uma vaga anti-eucaliptos, uma pressão nova e consciente contra a antiga, mas ao dizer que não cede à pressão da agenda mediática, mantém a cedência aos que lucram há muito com o eucalipto, sem se importar com a miséria e morte que tal via já deixou em tantos Portugueses.

A política que Capoulas Santos está agora a defender é a densificação do eucalipto, como explicava em março passado ainda sem a tomada de consciência face ao que aconteceu em Pedrógão Grande. O Ministro quer tornar o braseiro com maior capacidade incineradora do que já foi este verão para que os senhores das pressões antigas continuem a levar a sua avante… só não cede à nova, mais consciente e ambientalmente sustentável.

Efetivamente, não haja dúvida que na linguagem política de propaganda dos erros, ou seja, de levar as pessoas a não verem o mal, o atual governo é genial. Capoulas dos Santos está a falar como tocou o flautista de Hamelin que encantou os ratos com a sua música e os levou a afogar-se no rio, só que agora não são ratos, são pessoas que não morrem, não na água, mas no fogo que se pretende manter para alguns lucrarem com isso e ninguém de responsabilidade vai preso.

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Há frases fortes, mais ainda se suportadas por slogans que estão na memória coletiva no momento. O Presidente da Associação Agrícola de São Miguel foi descuidado ao dizer “nos Açores temos vacas felizes e lavradores tristes“. Compreendo a amargura, mas pode ser contraproducente se o mote afetar as vendas de leite baseada na campanha publicitária, provocando então ainda mais infelicidade à classe profissional que quer defender.

Sim, conheço produtores de leite em grandes dificuldades devido à redução do preço de venda sem a correspondente diminuição dos custos de produção, há quem esteja de facto muito triste e outros já estão a abandonar o setor, mas envenenar uma das poucas campanhas que ficou no ouvido dos Portugueses e pode promover as vendas que estanquem o decréscimo dos rendimentos da classe pode ser um tiro no pé.

Reivindicar e chamar a atenção para o problema é necessário, mas penso ser dispensável declarações que possam provocar danos colaterais de quem necessita de ajuda.

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Meu artigo de hoje no diário Incentivo, curiosamente, desde o envio deste texto o Secretário Regional da tutela visitou a CALF, mas também não disse nada que resolvesse as questões aqui levantadas.

O FAIAL TEM OUTROS DESAFIOS QUE NÃO SE PODE ESQUECER

Apesar de continuar a considerar prioritário a questão das acessibilidades aéreas ao Faial e a ampliação da pista do aeroporto da Horta, o grupo de Faialenses que a mim mais preocupações tem manifestado nos últimos tempos sobre a sua situação financeira, a insegurança do seu futuro profissional e a respetiva estabilidade económica tem sido o dos produtores de leite.

Além disto, nos últimos meses tive conhecimento de vários cidadãos deste setor que abandonaram a produção de leite, conheço outros que já me disseram que estão a ponderar estratégias tendentes seguir o mesmo caminho de desistência, o que me deixa altamente preocupado.

Efetivamente, pelas declarações destas pessoas, várias mostraram-me o quanto estão desesperadas e se  algumas delas buscam soluções alternativas, sobretudo produção de carne, por ser esta a atividade que lhes é mais próxima daquela que ainda desempenham, torna-se evidente que este abandono também se vai refletir na viabilidade financeira da fábrica da Cooperativa Agrícola de Lacticínios do Faial (CALF) poder continuar a laborar e onde igualmente existe um número significativo de trabalhadores desta ilha cuja possibilidade de encontrarem um outro emprego para o qual estejam preparados me parece altamente improvável. Mesmo tendo em conta que o Governo quando é incapaz de resolver problemas de trabalho aposta ou na falsa solução de reformas antecipadas para quem ainda tem muito a contribuir no futuro da sociedade ou os pendure como ocupados ao seu serviço, mas em condições laborais de dignidade duvidosa, pela precariedade, inexistência de oportunidade de progressão de carreira e subserviência ao poder político.

Uma coisa é certa, as perspetivas do setor dos laticínios no Faial são muito sombrias e desde o protocolo sobre o preço de água entre a Câmara Municipal e a CALF, publicitado pouco antes das últimas eleições, nada mais se tem ouvido das entidades oficiais no sentido de se estar a resolver esta situação ao nível do concelho da Horta, pois sobre o que é negociado em outras ilhas, já eu sei como o Faial costuma ser desvalorizado.

Acresce ainda, como neste processo os arautos do poder também não têm atirado culpas à oposição, tal torna-se numa prova cabal que nem ainda conseguiram encontrar um argumento que os ilibe das suas responsabilidades neste caso, por muito esfarrapada que seja, como o têm feito com a SATA e o aeroporto, onde, após mais de 20 anos de poder regional e local, muitos dos quais em simultâneo com o nacional, e depois de tantas recusas a votos de protesto, agora assumem que é só por eles que se mantém o compromisso e a luta para se encontrar condições de se concretizar aquilo porque tantas forças Faialenses se têm empenhado há anos. Depois do que se viu até outubro passado, tanta presunção agora é mesmo de pasmar.

Contudo, por vezes descuidam-se, pois nos últimos dias chegaram ao extremo de menosprezar um abaixo-assinado promovido pela sociedade civil desta ilha. Talvez sejam ainda tiques do passado, quando impunemente atacavam quem se manifestava por esta terra, enquanto eles iam sempre defendendo o Governo Regional das desfeitas que ia progressivamente fazendo ao Faial.

Contudo, voltando novamente a levantar a questão do setor do leite no Faial e da sobrevivência da CALF, sinto que este silêncio por cá é estratégico, pois já ocorreu uma situação semelhante na fábrica da SINAGA em São Miguel, onde nos meses antes das eleições o poder regional e seus arautos mantiveram-se silenciosos e o descalabro só se tornou verdadeiramente público a seguir à legislativas, já então com os culpados daquela ilha reeleitos nos seus postos.

A verdade é que enquanto os produtores de leite nesta ilha se lamentaram a mim, falaram de decréscimos de preços e de rendimento assustadores nos últimos tempos, nos derivados lácteos de cá eu não senti essa redução e os produtos semelhantes de outras terras, depois de transportes, ainda chegam ao Faial mais baratos para o consumidor local desprezar mesmo o que por cá se produz.

Será que o problema destes agricultores e do futuro dos trabalhadores da CALF só não está em debate público porque o PS-Faial não quer lutar para se concretizar uma solução neste campo ou apenas porque não sabe como resolver o problema? Será novamente o seu habitual acomodamento aos influentes interesses exteriores a esta ilha?

Assim, apesar de agora haver quem até considere desnecessário o poder mostrar resultados dos seus esforços antes das próximas autárquicas, insisto que os problemas do Faial têm um prazo bem claro para se provar que quem está no poder quer mesmo resolvê-los e no pacote das questões também têm de estar o dos produtores de leite do Faial e a viabilidade da CALF. Antes que também seja tarde.

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Ontem a RTP-Açores noticiou um protocolo para uma redução significativa do preço de fornecimento de água pela Câmara Municipal à Cooperativa Agrícola de Lacticínios do Faial (CALF), em primeiro lugar louvo o apoio da Autarquia a esta unidade fabril, pois sempre tenho defendido que um dos principais papeis do poder local é defender, incentivar e dinamizar a economia na sua zona de intervenção, sem se substituir ou concorrer com iniciativas dos seus munícipes, só que, infelizmente, senti que no passado tem havido mais implementação de políticas lúdicas do que económicas, enquanto as empresas da ilha vão definhando, falindo e desaparecendo.

Na sequência da mesma notícia uma peça falava do prémio de melhor queijo nacional para a marca Ilha Azul produzido nesta fábrica, para logo depois sermos informados que o seu preço de venda é abaixo do custo de produção e como tal, deduzia-se, a CALF continuará numa situação de exploração financeira deficitária. Isto demonstra que algo está errado na estratégia desta Cooperativa.

Assim, ou o queijo premiado é de um tipo em que há saturação no mercado e de uma variedade demasiado banal cuja qualidade não é o mais importante para o consumidor, de modo que não se cria para esta tipologia nichos de consumo dispostos a pagar pela excelência do produto, ou, em alternativa, a distribuição está a falhar na colocação de tais queijos nos locais certos comprometendo, não só o escoamento, como também o seu preço justo.

Não sei qual é a causa principal destas duas ou se são mesmo as duas em simultâneo, sei que insistir numa estratégia que reconhecidamente está a comprometer o futuro da CALF é um erro e há que mudar.

O Faial viu nos últimos anos jovens empreendedores apostarem na produção de queijos diferentes e, sozinhos, sem a ajuda, para alguns duvidosa, da Lactaçores, progredirem no mercado local, regional, nacional e já com exportação internacional assegurada, demonstrando deste modo que havia alternativas à seguida pela CALF, vias que se distinguiram por ter sido capazes de resultar em produtos de excelência, distintos daqueles em que o comércio estava saturado, onde a qualidade é valorizada de forma a assegurar um preço sustentável não só à manutenção mas até à expansão das vendas e ao crescimento dessa produção.

Uma coisa é certa, algo tem de mudar na CALF, pois se é assumido publicamente que se está a vender abaixo do preço de produção, não há protocolo que assegure o futuro desta unidade fabril nesta situação deficitária… que a diferença da estratégia daqueles jovens seja uma lição aproveitada aos responsáveis estrategas da Cooperativa Agrícola de Lacticínios Faial.

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Hoje fui abordado por vários agricultores, como Membro da Assembleia Municipal da Horta, se este órgão já tinha discutido e tomado alguma posição sobre a ameaça de falência e de eventual encerramento da fábrica da CALF comunicada aos sócios em Assembleia Geral desta Cooperativa, bem como da dificuldade de tesouraria para os próximos pagamentos de leite aos agricultores. Será mesmo verdade?

Na realidade, a Assembleia Municipal nunca se reuniu desde a data desse encontro dos membros da cooperativa e, confesso, nem percebi em pormenor o que foi ali discutido e quais os cenários tão negros que foram apresentados aos agricultores, mas só a preocupação que me foi comunicada mete-me muito medo! Pior, o silêncio desde então na comunicação social e dos políticos levam-me a perspetivar mais um atentado pela calada contra a economia do Faial.

Será que se quer manter em segredo até para só depois das eleições rebentar o escândalo e já sem consequências eleitorais para quem tutela a agricultura e Governa os Açores?

Terão sido mesmo comunicado aos cooperantes na sua Assembleia-Geral estas informações tão preocupantes sobre a viabilidade e riscos da CALF?

Se sim

São mesmo assim tão significativas as dívidas da CALF que colocam na realidade em risco a viabilidade desta?

É mesmo verdade que esta unidade fabril produz, sobretudo, os produtos que enchem os armazéns sem venda em detrimento dos que têm escoamento assegurado e isto por interesses da Lactaçores?

É mesmo verdade que a Cooperativa apresenta um grave problema de tesouraria que compromete o pagamento dos seus fornecedores?

Se é verdade o que me pretenderam dizer, a sua gravidade não pode compactuar com esperar e discussões à porta fechada longo dos ouvidos dos Faialenses e então porque é que as forças políticas regionais estão tão caladas?

Anteontem, para um fábrica que só tem matéria prima produzida pelos Açorianos para laborar uma semana por ano e não exporta, o Governo dos Açores anunciou uma reestruturação e nova fábrica, mas para o Faial uma unidade que é neste momento a maior da ilha em termos de empregados e de fornecedores, que produz queijos premiados, exporta e parece constrangida a não produzir os exportáveis há um silêncio incompreensível sobre o problema.

Confesso, que a melhor notícia que poderia receber é que tudo isto foi um boato que me lançaram e de facto a CALF está de boa saúde ou que tudo já foi resolvido.

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Após ter sido anunciado pelo Governo dos Açores em janeiro de 2012 que o Matadouro do Faial que avançaria naquele ano de eleições regionais, como aqui falei para memória futura, o matadouro desapareceu do orçamento regional em 2013 após as eleições, como denunciei neste blogue, para ser reanunciado como adjudicado em 2015, como então referi, agora, com um atraso de 4 anos, a obra finalmente começou em ano de outras eleições regionais.

Embora o atraso da obra pelo Governo dos Açores, congratulo-me com o arranque desta infraestrutura importante para o setor agropecuário, sobretudo  da fileira da carne, este é um investimento reprodutivo por aumentar o rendimento dos agricultores que dele se servirão.

Odeio que os governantes descaradamente sejam capazes de adiar obras em prejuízo do Faial para momentos em que o discurso de propaganda eleitoral lhes é mais favorável, até porque se a obra tivesse arrancado a tempo também estava viabilizada a propaganda, pois agora Vasco Cordeiro, em vez de divulgar o arranque da construção do matadouro, estaria a cortar a fita da inauguração e os Faialenses já teriam ao seu serviço esta infraestrutura que prejudicava as finanças dos produtores de carne desta ilha, mas também sei que muitos não terão inteligência para ver a maldade politiqueira do executivo regional, entretanto esse dinheiro que estava antes previsto para esta terra serviu para investir noutras ilhas que não o Faial. Mesmo assim, digo: Finalmente!

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Não sei a fonte da notícia do +Central ao informar que um ano após o fim das cotas leiteiras, 1 de abril de 2015, 60% dos 2132 produtores de leite Açorianos estão em falência técnica, mas sem dúvida que é um número assustador.

Mais o mais grave é não haver políticos que assumam responsabilidades por se ter chegado a esta situação. Há anos que se sabe que a União Europeia pretendia acabar com as cotas de leite e por cá não se reformou o sistema de modo adequado a estar preparado quando a pretensão se concretizasse.

Diz-se nos Açores que temos uma produção extensiva em vez de intensiva, ecologicamente saudável, que o leite açoriano tem ingredientes que favorecem mais a saúde face aos produzidos noutras regiões e até temos áreas leiteiras em ilhas que são em grande parte reservas da biosfera… depois de tantas virtudes anunciadas aos Açorianos como é possível que os nossos laticínios esbarrem por esse mundo fora com a concorrência de produtos vindos de unidades intensivas e de menores virtudes qualitativas de sabor, menos saudáveis e danosos para o ambiente?

Então tais virtudes não se deveriam refletir num produto que sairia agora imune à concorrência de preços?

Esta crise no setor leiteiro Açoriano só pode dizer seguinte: ou o Governo dos Açores enganou os Açorianos sobre as virtudes da nossa produção ou não soube implementar uma política em que o setor tirasse a vantagem adequada de tão grandes virtuosidades ou ainda um misto destas duas falhas.

Apesar da conclusão que se pode tirar, ninguém responsável pela implementação da política do setor leiteiro nos Açores assume culpas da crise em que entalaram os produtores de leite Açorianos.

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Meu artigo de hoje no diário “Incentivo”.

Dedução: Se o Faial tem produtos lácteos premiados pela qualidade e sem dificuldade de escoamento, alguém está a lucrar ao impor a descida do preço do leite na ilha à sombra da crise do mercado do leite.

O PREÇO DE LEITE E OUTROS APROVEITAMENTOS

Quando se tornou claro a decisão da União Europeia de acabar com o regime de cotas leiteiras, vi que tal seria prejudicial aos produtores de leite nos Açores. Pois o Governo Regional tem preferencialmente optado pela distribuição oportunista dos fundos comunitários para subsidiar as produções de modo a disfarçar dificuldades de momento em vez de usar tais dinheiros para diferenciar as nossas atividades produtivas e torná-las concorrenciais a outras Regiões em desafios futuros. Ao surgir o boicote da Rússia aos produtos agrícolas europeus, como retaliação às sanções pela sua intervenção na Ucrânia, percebi que a fileira do leite nos Açores iria sofrer mais ainda.

Tenho idade suficiente para já ter percebido que o discurso que o Governo Regional vende sobre a sua capacidade negocial com Bruxelas na defesa dos interesses dos Açores é uma falácia: muita parra e pouca uva! Infelizmente, há décadas que quando se diz: a Região conseguiu salvaguardar os interesses do Arquipélago nas autoridades europeias; deve-se ler: conseguimos subsidiar algo para disfarçar o problema agora. Mais tarde os Açorianos ficam com a corda na garganta e volta-se a procurar outro meio de abafar a questão e arrastá-la sem uma solução consistente e sustentável.

Na verdade, os governantes açorianos perceberam há muito tempo que esconder problemas com subsídios é uma técnica de sobrevivência eleitoral com resultados garantidos para quem está no poder e é muito menos arriscada do que fazer reestruturações do setor produtivo que podem gerar descontentes no momento. Tão boa como prometer projetos ou iniciar obras no último ano do mandato. Muitos engolem o isco e ficam presos ao anzol do governo dos Açores.

Infelizmente nos últimos tempos os preço do leite ao produtor tem vindo sempre a descer e na passada semana outra baixa imposta a quem não tem comprador alternativo. Só que no comércio o leite não custa menos, antes pelo contrário. Sinal que alguém se está a aproveitar da situação e seguramente não é quem o produz, mas alguém sentado nalgum gabinete protegido do frio, do vento, da chuva e do sol, com férias e fim-de-semanas. Algo que escapa à maioria dos agricultores.

Quando saiu a notícia que no Faial tinha havido outra baixa e como esta ilha não exporta leite para venda comercial, deduzi que a unidade industrial estava sem conseguir vender o queijo e a manteiga, mas um agricultor garantiu-me que não havia nenhum problema de escoamento da produção local, só aproveitamento de quem controla o mercado. O que tem lógica, a não ser que os tais prémios ao queijo fossem arranjinhos políticos regionais, pois a garantia de qualidade permitiria sempre a colocação dos produtos em nichos exigentes imunes às baixas de preço do produto comum não premiado.

Farto de imposições do mercado internacional aos Portugueses ando eu e a ser verdade o que ele me disse, neste caso serão outros agentes, vários deles da Região, que estão a “lixar” outros Açorianos que trabalham forte e feio, isto é uma desvalorização do trabalho, algo que se dizia ter acabado no nosso País nos últimos tempos, mas pelo vistos não acabou para quem produz comida nos Açores.

Pior, sabe-se que a principal fábrica de laticínios do Faial tem falta de matéria-prima para laborar, logo, torna-se ilógico que a sua sobrevivência asfixie financeiramente quem lhe fornece leite, e só vejo duas situações para tal acontecer: a gestão desta cooperativa está refém de outros agentes de mercado e já não consegue defender os seus associados, pois não controla os preços que podia praticar com escoamentos garantidos; ou em anos de eleições está ciente que este problema irá ser disfarçado com subsídios aos agricultores ou à instalação e aproveita a baixa de preços para oportunisticamente forçar a saída de fundos públicos que de algum modo tirará proveito.

Conhecendo pessoas envolvidas nesta deliberação na ilha do Faial não consigo acreditar na segunda possibilidade: seria maldade a mais em gente em quem reconheço princípios éticos, mas que tal seja possível por imposição de agentes externos e envolvendo agentes regionais, não excluo. Assim voltamos ao primeiro cenário: há gente oportunista a tirar proveito desta agressão aos produtores de leite e suspeito que mais uma vez se irá disfarçar o problema com subsídios de curto-prazo para a bomba estoirar a sério só depois das eleições.

Uma coisa é certa: o impacte negativo desta baixa ao produtor tem culpados e não estão todos fora dos Açores, embora, à semelhança do caso dos acidentes no setor dos transportes marítimos de passageiros, provavelmente também aqui os maiores responsáveis conseguirão descartar as culpas, serem inocentados politicamente e daqui a uns meses ainda festejar vitórias eleitorais ou lucros à custa da exploração do trabalho de Agricultores Açorianos.

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