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Posts Tagged ‘empreendorismo’

Ontem a RTP-Açores noticiou um protocolo para uma redução significativa do preço de fornecimento de água pela Câmara Municipal à Cooperativa Agrícola de Lacticínios do Faial (CALF), em primeiro lugar louvo o apoio da Autarquia a esta unidade fabril, pois sempre tenho defendido que um dos principais papeis do poder local é defender, incentivar e dinamizar a economia na sua zona de intervenção, sem se substituir ou concorrer com iniciativas dos seus munícipes, só que, infelizmente, senti que no passado tem havido mais implementação de políticas lúdicas do que económicas, enquanto as empresas da ilha vão definhando, falindo e desaparecendo.

Na sequência da mesma notícia uma peça falava do prémio de melhor queijo nacional para a marca Ilha Azul produzido nesta fábrica, para logo depois sermos informados que o seu preço de venda é abaixo do custo de produção e como tal, deduzia-se, a CALF continuará numa situação de exploração financeira deficitária. Isto demonstra que algo está errado na estratégia desta Cooperativa.

Assim, ou o queijo premiado é de um tipo em que há saturação no mercado e de uma variedade demasiado banal cuja qualidade não é o mais importante para o consumidor, de modo que não se cria para esta tipologia nichos de consumo dispostos a pagar pela excelência do produto, ou, em alternativa, a distribuição está a falhar na colocação de tais queijos nos locais certos comprometendo, não só o escoamento, como também o seu preço justo.

Não sei qual é a causa principal destas duas ou se são mesmo as duas em simultâneo, sei que insistir numa estratégia que reconhecidamente está a comprometer o futuro da CALF é um erro e há que mudar.

O Faial viu nos últimos anos jovens empreendedores apostarem na produção de queijos diferentes e, sozinhos, sem a ajuda, para alguns duvidosa, da Lactaçores, progredirem no mercado local, regional, nacional e já com exportação internacional assegurada, demonstrando deste modo que havia alternativas à seguida pela CALF, vias que se distinguiram por ter sido capazes de resultar em produtos de excelência, distintos daqueles em que o comércio estava saturado, onde a qualidade é valorizada de forma a assegurar um preço sustentável não só à manutenção mas até à expansão das vendas e ao crescimento dessa produção.

Uma coisa é certa, algo tem de mudar na CALF, pois se é assumido publicamente que se está a vender abaixo do preço de produção, não há protocolo que assegure o futuro desta unidade fabril nesta situação deficitária… que a diferença da estratégia daqueles jovens seja uma lição aproveitada aos responsáveis estrategas da Cooperativa Agrícola de Lacticínios Faial.

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Não escondo que reconheço o efeito da emigração no número de desempregados, mas mesmo sabendo-se o peso dos Portugueses que saem do País, estimava-se que a taxa de desemprego tivesse subido um pouco no último trimestre e na realidade desceu 0,8 de 16,4 para 15,6%. Um sinal que indicia que a crise está a levar também a cidadãos nacionais a encontrar outras soluções para as suas vidas, nomeadamente a criação de pequenas empresas individuais, incluindo na agricultura. Isto também é uma reforma estrutural do Estado.

Pois, se para além da emigração, esta busca de soluções pessoais for de facto uma das razões para o desemprego baixar, então cá está algo de novo na sociedade nacional que corresponde a uma mudança de mentalidade do País. Viver à sombra do Estado, matando ou concorrendo com a iniciativa privada, pode asfixiar a longo prazo a economia se esta não for pujante e bem sustentada, Portugal é um excelente exemplo deste risco.

Nos Açores, pelo contrário, há cada vez uma maior tendência de ser o governo da Região tomar conta de tudo: veja-se o inquérito aos estudantes da Universidade dos Açores onde quase todos perspetivavam um lugar na administração; veja-se como o governo destroçou o setor cooperativo em S. Jorge, matando a diversidade dos queijos; veja-se como no Faial os apoios em materiais e mesmo mão de obra a particulares destroem os pequenos empreiteiros na ilha. Consequentemente, é lógico que perante a estagnação do número de funcionários públicos, que devem ser sustentáveis pela economia, se assista a uma perspetiva significativa do crescimento do desemprego 17,7% (+1,6),  bem mais alta que a média Nacional.

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Ter tudo legal para iniciar a sua atividade empresarial, pagar imposto para manter a sua atividade aberta e não poder arrancar com o trabalho pela vergonhosa e nojenta burocracia é uma afronta ao direito de cidadania e de livre iniciativa e isto passa-se no Faial.

Não pode haver uma legislação que viabiliza tudo o que foi autorizado e outra por seu lado a inviabilizar tudo o que está autorizado.

Não vejo razão nenhuma para que os Açores não tenham feito a necessária adaptação legislativa desta realidade aos Açores a não ser as seguintes: incompetência do Governo Regional, falta de boa vontade do Governo Regional ou interesses obscuros no habitual jogo políticoeconómico que durante décadas tem comprometido o desenvolvimento de Portugal e tem prejudicado também descaradamente o Faial.

Só não sei qual destas razões é a verdadeira ou se são todas ao mesmo tempo… espero que a nojeira acabe rapidamente.

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Embora tidos com favorecidos e fruto de uma concorrência desleal, os chineses que imigram encontram espaço para investir em Portugal, certo é que muita desta imigração é mesmo patrocinada pelo conhecido método soft power implementado pela China, de modo a conseguir colocar no estrangeiro os seus produtos a preços altamente concorrenciais, aumentando assim as suas exportações, e provavelmente possuir comunidades suas nos diferentes países estrangeiros de modo a no futuro influenciar políticas no exterior. Paciência de chinês pode ir a este ponto.

Todavia parece que já não são só os chineses que ocupam espaços comerciais nos bairros portugueses, enquanto o comércio tradicional se encontra envelhecido e os netos desta geração procuram avidamente empregos num mercado saturado nas suas formações ou incapaz de oferecer postos de trabalho em cursos que não foram feitos com base nas necessidades nacionais, outros povos asiáticos começam  e penetrar na rede do pequeno comércio local, tidos por pouco rentáveis, mas devido à capacidade de adaptação numa terra estranha de quem é imigrante, lá vão sobrevivendo com horários mais extensos ou adequados às necessidades da vizinhança e outros mecanismos que a sua imaginação é capaz.

Quem é filho de emigrantes como eu, bem conhece as capacidades que se desenvolvem em quem sai da sua terra natal em busca de um futuro melhor, capacidades que muitas vezes estavam adormecidas nas terras de origem, mas confesso que bem gostaria que Portugal fosse capaz de desenvolver este potencial dentro das suas fronteiras nas suas novas gerações.

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