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Archive for 15 de Março, 2010

Pensar os setores económicos em atrofiamento no Faial implica reconhecer que as soluções não estão apenas nas mãos de Faialenses, mas parte destas competem ao povo desta ilha.

Uma das entidades com obrigação de resolver o problema é o Governo dos Açores. Este tem de ter a lucidez para ver que nas ilhas maiores e com muito maior potencial económico deve-se incentivar, preferencialmente, as empresas e indústrias que não têm viabilidade nas menores, privilegiando nestas as que podem sobreviver com base nos recursos naturais e humanos aqui existentes e jamais encaminhar para as grandes ilhas os projectos que destroem a economia das mais pequenas.

O exemplo das conservas de peixe foi um flagrante desrespeito a esta política. Na década de 1990 o Governo apoiou uma fábrica da COFACO em São Miguel (onde eram viáveis outros investimentos possíveis de receber o mesmo tipo de mão-de-obra) capaz de absorver o pescado capturado no restante Arquipélago, logo colocou em perigo a sobrevivência desta indústria nas ilhas menores, quase sem alternativas e o atrofiamento aconteceu.

Privilegiar o investimento diferenciado, de modo a haver actividades industriais complementares entre ilhas, em detrimento de empreendimentos internamente concorrênciais que destruam as economias das terras mais frágeis, é uma medida política adaptada à realidade arquipelágica dos Açores.

Os Faialenses não podem deslumbrar-se apenas com investimentos modernos em ciências, tecnologias, turismo e administração pública. Há que incentivar a criação de empresas que absorvam potenciais produções locais e onde a ilha possa consumir essa produção, exceto se forem produtos com grande mais-valia e procura certa no exterior.

Isto obriga a olhar para o que o Faial pode produzir, transformar e consumir. Sem dúvida as indústrias agroalimentares e conserveiras(incluindo frutas e fumeiros) parecem mais evidentes, mas acredito que economistas imaginativos poderão apresentar propostas interessantes e inovadoras, mas viáveis, pois este é o aspeto fundamental.

Não acredito em grandes investimentos para empresas médias dependentes de matéria-prima vinda do exterior e limitadas à dimensão do pequeno mercado, pois essas mesmas já sofrem a concorrência de outras situadas fora da ilha e fornecem os mesmos produtos com relação preço-qualidade concorrencial. Apelar ao sentimento dos faialenses para consumo da produção local é bonito, mas não comove o escasso mercado da terra.

Conseguir investimentos que empreguem mão de obra local das classes que não têm grandes formações profissionais e sejam viáveis é uma das obrigações dos faialenses responsáveis pelo governo da ilha.

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