Finalmente foi tornado público o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), concorde-se ou não com ele, a conferência de imprensa à hora dos telejornais foi uma sessão de marketing que não conseguiu esconder a estratégia política e o caráter de Sócrates.
Primeiro, Sócrates é um mentiroso compulsivo e mente desnecessariamente, prejudicando a médio e longo prazo o País, pois descredibiliza toda a classe de onde saem responsáveis pela gestão de Portugal. Acredito que o PEC tivesse mesmo de ter algum aumento da carga fiscal e é claro como água que tem, mas Sócrates nega-o e diz só para quem ganha mais de 150.000 euros anuais tal acontece. Quem não pagava, por norma continua a não pagar, mas não se aumentam impostos a quem não paga, quando muito, poderiam saltar do grupo não pagante para o pagante.
Nos pagantes, o aumento dá-se com a eliminação ou redução de benefícios fiscais que deduziam no IRS. Pode doer, mas compreende-se na situação de aflição que o país atravessa. Mas Sócrates insiste em deixar claro que não há aumentos de impostos, uma mentira desnecessária.
Sócrates pretende deixar claro que irá continuar o investimento público para suavizar o impacte da crise, mas adia o TGV para o norte de Portugal, uma das áreas economicamente em maior depressão e mantém o inútil novo aeroporto em Lisboa, a estratégia é clara. O agravamento do défice nos anos mais recentes de Sócrates foi sempre maior que o estimado, ficam assim abertas as justificações para não se fazer a linha até ao Porto e Vigo, mas a promessa eleitoral salvaguarda-se como um trunfo para próximas eleições.
O aeroporto de Lisboa é fruto de um lóbi, a construção de um novo aeroporto teve um impacte significativo no descarrilhar das contas na Grécia, mas aqui Sócrates não se importa de ceder, pois as obras faraónicas fazem manter políticos no poder.
A contenção salarial na função pública nada tem de novo, é uma ferramenta de uso fácil de qualquer político e explora o sentimento primário da inveja de quem tem um emprego instável perante outro mais estável, a tática de subverter qualquer ideia verdadeira desfavorável por uma ideia favorável sempre foi uma arma eficaz na mão de Sócrates.
Mesmo concordando com um Estado menos pesado, as privatizações de empresas em situação de crise é uma ferramenta de políticos incapazes de enfrentar um problema a curto-prazo. É a técnica da feira da ladra quando nos surge um imprevisto, não se vende a bom preço, nem se cria qualquer mais-valia, é um recurso de circunstância, semelhante ao discurso de Sócrates quando confrontado com os problemas da Comunicação Social, o seu ponto fraco.
Assim, com aspetos positivos e outros negativos, concordando-se ou não, o PEC é feito à imagem de Sócrates e da sua estratégia política, nada mais do que isso.
Mente Livre 