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Archive for 11 de Agosto, 2015

Meu artigo de hoje no diário Incentivo:

OBSERVAÇÕES FEITAS NA LAZEIRA DE AGOSTO.

Continuo ainda em espírito de verão, apesar de uma parte de agosto já ter passado e a Semana do Mar já ter acabado e por agora pensar mais em lavadias que este ano vieram cedo e em águas-vivas que não largam a costa do Faial do que em questões políticas, mesmo assim, não se pense que não ando atento ao que por cá se passa, se diz e se propõe ou não para o futuro da ilha..

Nasceu um novo grupo no facebook “Bons Banhos | Faial” cujos membros lá vão dando notícias sobre a meteorologia, os níveis de ultravioleta e onde se pode entrar no mar sem grande risco de um encontro indesejado com aqueles bicharocos urticantes ou com umas ondas violentas e ao qual estou agradecido pelo seu contributo em ajudar a aproveitar melhor o verão nesta ilha.

Contudo, reconheço que neste período de férias no Faial as principais excitações têm-se limitado quase apenas aos disparos apimentados entre os adeptos de clubes figadalmente rivais sobre as perspetivas futebolísticas para a época agora a arrancar, sobretudo devido às últimas trocas de treinadores e jogadores, e ao contrarrelógio dos candidatos à Assembleia da República para conseguirem visitar todas as instituições, públicas ou privadas e com alguma projeção no concelho para depois prestarem declarações à saída, certos que há sempre algum jornalista à porta para ouvir aquilo que habitualmente ouvimos sempre que há umas eleições legislativas nacionais, só que, para mim, estas têm o condão de serem bem menos entusiasmantes do que as regionais e as muito frenéticas locais ou autárquicas.

Infelizmente a Horta tende a ser cada vez mais apenas um dos muitos e pequenos concelhos esquecidos deste País, e, à exceção do tempo de um grande político Faialenses que projetou a sério o Faial em Lisboa: o Duque de Ávila e Bolama; atualmente as propostas dos partidos principais ignoram a nossa ilha e, assim sendo, as motivações para os locais são escassas e este ano ainda menores: pois agora que a ANA pertence à Vinci, os candidatos já nem se sentem com coragem para assumir obras a levar a cabo numa infraestrutura gerida por uma empresa privada e por isso até a questão do aeroporto tem andado arredada da lista atual de promessas eleitorais.

Antes quase não havia campanha legislativa onde a questão do aeroporto não fosse esgrimida a alto e bom som, este ano: nada!… Berta Cabral, que pouco se comprometeu no passado com esta infraestrutura, centra agora as atenções na base das Lajes. Carlos César, que de facto tem um compromisso para com os Faialenses não cumprido: o de garantir a ampliação da pista caso o Governo da República o não fizesse; este ano, que é o número dois nacional do partido por onde concorre e braço-direito de um potencial primeiro-ministro, tem deixado passar ao lado esta questão. Parece que este assunto queima quem lhe tentar tocar ou propuser uma solução e até penso que a Vinci não se oporia a um investimento público naquela pista do qual, não só ela, mas sobretudo os Faialenses, tirariam proveito económico e financeiro. Procedimento que não seria assim tão inovador após tantas concessões no passado a privados por esse Portugal fora.

Assim vai o mês de agosto pelo Faial, onde, apesar do tempo quente, a campanha eleitoral não aquece localmente por falta de uma proposta que motive verdadeiramente os Faialenses e muitos estão conscientes que depois das eleições o próximo Governo arranjará um argumento para continuar com a austeridade ou outro sinónimo e nos fazer pagar os graves erros e as gigantes dívidas que vieram do passado e fizeram a troika passar por cá três anos.

Apesar de descrente em relação ao futuro em termos de melhorias de qualidade de vida a curto-prazo ao nível nacional e de nada de promissor ver surgir no horizonte para o Faial, acabo este desabafo com uma nota positiva: os meus parabéns à RTP-Açores pelos seus 40 anos de atividade.

Eis um canal de televisão onde os seus trabalhadores são seguramente pessoas de coragem, pois, apesar de tanto tempo a ver o seu futuro laboral de forma incerta, nunca baixaram os braços e foram capazes de ao longo destas quatro décadas de transformar três distritos de costas viradas entre si e nove ilhas que se desconheciam umas às outras numa região com uma identidade única, onde se sente a pertença e se tem a consciência de se ser Açoriano e cidadão da Região Autónoma dos Açores.

Por este feito, parabéns a RTP-Açores e a toda a sua equipa que com tantas condicionantes técnicas e financeiras e até, naturalmente, com falhas humanas, foi mesmo assim capaz de cumprir o papel para que foi criada: Unir e Informar os Açorianos.

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