Na política a verdade costuma estar dividida a meio: uma metade para quem está no poder, a outra no discurso da oposição. Isto porque a verdade na política é como a moeda ou as notas, tem duas faces, cara e coroa. Quem tem capacidade de discernimento sabe avaliar o conjunto e fazer o seu juízo, os fanáticos e crentes no populismo acrítico são incapazes de isenção ou de acreditar no que não gostam.
Assim, para cada situação em concreto, por norma, o Governo e os seus apoiantes dão destaque aos aspetos positivos e chamam a si tais efeitos como resultados direta ou indiretos da sua ação, enquanto os adversários salientam os impactes negativos e problemas resultantes da gestão do poder e acusa o executivo daquilo que ele mesmo herdou, mas, raramente, a verdade está toda de um lado.
Agora uma coisa é haver dois discursos que espelham as duas meias verdades e se complementam, outra é alguém entrar em estado de negação da outra meia verdade, quando o deputado Luís Montenegro disse que hoje o país socialmente está pior mas economicamente está melhor, fez aquilo que por norma não acontece na política, reuniu as duas faces verdades. Mas o PS nos últimos tempos no seu discurso, não satisfeito com a sua meia verdade de denúncia social, entrou também anormalmente num estado de negação da outra meia verdade: a redução do défice, o aumento das exportações, a redução dos juros, a existência de um saldo primário positivo, a saída da troika sem programa cautelar e o aumento da confiança económica em Portugal.
António Costa teve de assumir à porta fechada a meia verdade que lhe era inconveniente necessária a uma política de crescimento, deve ter contado que “a boa comunicação social” ocultaria o facto, mas não contou com a fuga de informação de alguém mais honesto entre os presente e passou aos Portugueses as ideias ocultas do líder do PS, Portugal está diferente e não pode ser para pior, pois era um discurso apelativo aos chineses.
Conclusão, pode-se insistir na meia verdade, mas não se pode mentir sempre e o estado de negação socialista era mentira e o cair da máscara está a fazer mossa grave no PS e desvinculações dos mais radicais do partido.
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