Na presente campanha eleitoral para as legislativas regionais reinou o desconforto dos candidatos, pois foi marcada pela tentativa dos maiores partidos deixarem passar a ideia de que a sua vitória é a mais capaz de minimizar os efeitos da austeridade nos Açores, algo que todos à partida não acreditam e os proponentes sabem disso. Em paralelo, todos se esmeraram em apresentar propostas que muitos sabem não haver suporte financeiro para puderem ser concretizadas.
O PSD-Açores, que à partida parecia um corredor de fundo com vantagem, passou a viver com a sombra permanente da hecatombe de credibilidade do governo do PSD no Continente, ocorrida com a péssima estratégia de comunicação da reforma da TSU, tentando mostrar que o partido regional e a sua líder não são cópias insulares das mesmas políticas e modos de agir de Lisboa, mas com estas dificuldades alheias foi perdendo fôlego.
O PS procurou com todas as forças esconder as dívidas regionais que espreitavam quase diariamente de um lado ou outro e esforçou-se por ocultar o falhanço económico que foi o seu modelo de desenvolvimento que destruiu o setor privado e criou um PIB suportado pelo funcionalismo público não reprodutivo que precisa do dinheiro de um País falido ou das receitas de uma região que pouco produz, mas aproveitou a embalagem do desencanto com Passos Coelho para esquecer Sócrates e apagar as suas culpas por colocar a Região num beco sem saída e com isto ganhou fôlego.
O PSD-Açores corre o risco de ser julgado como se tivesse sido um governo que não foi e o PS-Açores tem a possibilidade de não ser julgado pelo governo que efetivamente foi, se ganhar o primeiro ter-se-á a certeza que o Povo Açoriano distinguiu Berta Cabral do líder nacional, se ganhar o segundo, ficará a dúvida se foi mesmo vontade do eleitorado regional em entregar os destinos da Região a Vasco Cordeiro ou pretendeu, sobretudo, penalizar Passos Coelho.
Diz-se que os Açorianos sabem distinguir bem o que está em causa em cada eleição, mas que houve quem procurou confundir as coisas nesta campanha, houve.
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