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Meu artigo de opinião de hoje no diário do Faial, “Incentivo”

PRECISAM-SE DE IDEIAS PARA O FUTURO DO FAIAL E DOS AÇORES

No final da passada semana, o Presidente da República promulgou a nova lei eleitoral para as legislativas da Região Autónoma dos Açores. Esta dá maior facilidade de conciliar a mobilidade dos açorianos com a possibilidade de exercer o direito de voto, criando condições para todos os eleitores deste ato deslocados fora da sua ilha de recenseamento poderem, naquele dia, votar noutra ilha deste Arquipélago, no da Madeira ou ainda numa das capitais de distrito no Continente, desde que comuniquem, atempadamente, onde pretendem exercer o seu direito de voto.

É verdade que este novo sistema permite reduzir uma desculpa para não votar. Agora se vai reduzir a abstenção… confesso, tenho muitas dúvidas pelo que abaixo escrevo, depois veremos se foi eficaz ou se o elevado número de eleitores que não votam fazem-no mesmo por não quererem votar.

Logo a seguir, o Presidente da República marcou a data das próximas eleições para o Assembleia Legislativa Regional da Região Autónoma dos Açores que, se não surgirem imprevistos até à última hora, ir-se-ão realizar no próximo dia 25 de outubro, coincidente com o dia proposto pela maioria das forças políticas com representação parlamentar regional e haverá excecionais exigências de saúde pública para não gerarem focos de contaminação pelo coronavírus SARS-Cov2.

Apesar das eleições, o que me preocupa é não estarem a surgir ideias novas, válidas e importantes nos vários partidos sobre o que pretendem para o futuro socioeconómico dos Açores, de modo a entrarem na agenda da discussão dos Açorianos e no confronto da campanha. À falta de ideias, o que até agora tem surgido é um desfile de caras a integrar nas listas candidatas dos diferentes partidos às eleições regionais e, como de costume, repetem-se as mesmas situações do passado que são essencialmente as três seguintes:

  1. O partido que está no poder repete a maioria das caras do parlamento ou do governo anterior nos lugares potencialmente elegíveis e consegue uma grande quantidade novos nomes, como estrelas conquistadas e capazes de melhorar o exercício da governação destas ilhas, para posições não elegíveis. Os antigos não apresentam ideias novas, limitam-se a dizer que agora é a vez de fazer o que não fizeram antes e os recém-chegados assistem calados e sem juntar novas ideias. No passado e acabada as eleições, a grande maioria destes novos nomes caiu no esquecimento como simples estrelas cadentes de vida política curta ou foram premiados para ocupar um lugar de nomeação política, vivendo neste limbo sem brilho. Os membros da força no poder que ansiavam por lugares elegíveis e deixados fora ficam caladinhos para evitar retaliações, pois mantém a esperança que, repetida a vitória, sejam lembrados para cargos na próxima máquina governativa.
  2. O maior partido da oposição, por ter um número de membros bem superior aos lugares disponíveis com perspetiva de eleição, tem neste período de apresentação de caras a preocupação de preservar os nomes que já são da máquina. Contudo, aqui não há o silêncio de todos os que ficaram de fora das vagas elegíveis, este sofre sempre o problema de ouvir neste altura protestos na praça pública, pois, como há pouca esperança de surgirem alternativas de nomeação a seguir às eleições, não há período de nojo para os preteridos que desejavam ocupar esses espaços ou para aplacar ódios intestinos aos escolhidos. Como habitual neste confronto, não se discutem ideias, só nomes.
  3. Os partidos mais pequenos têm escassez de membros para completar a suas listas e como praticamente qualquer lugar só é elegível com alguma sorte. Então, poucos estão individualmente a contar de facto com o período pós-eleitoral para ser eleitos ou nomeados, o que vier de bom será bem-recebido. Deste modo reina uma maior união em torno das listas, mas mesmo assim, aqui as caras novas surgem bem antes de haver lugar a qualquer nova ideia a defender.

Assim, apesar da nova realidade da pandemia, o período pré-eleitoral do ano de 2020 parece igual aos do passado, onde não se discutiram ideias que seriam bem-vindas. Só desfilam caras, o que não garante nada de novo e há ainda quem se admire com a habitual elevada abstenção nos Açores.

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O meu artigo de hoje publicado no diário Incentivo:

OS AÇORIANOS ESCOLHERAM A CONTINUIDADE MAS OS FAIALENSES DISSERAM: BASTA!

Sempre tive consciência de que quando escrevia e pensava que o Faial ao longo dos últimos anos fora desfavorecido em investimento público face a outras ilhas da Região estava implícito que considerava que, pelo menos em termos de construção de projetos, nessas terras favorecidas do Arquipélago as suas populações poderiam ter razões para estar satisfeitas com o Governo dos Açores, pelo que se não votassem no partido que o apoiava é porque teriam outras razões de descontentamento diferentes das desta ilha tão prejudicada.

Assim, não estranhei que nas ilhas onde o Governo anterior fez mais investimentos e onde vivem mais Açorianos o PS-Açores fosse a força política mais votada nas legislativas do passado domingo. Não era coerente eu dizer que essas terras estavam a ser favorecidas em relação à minha e depois esperar que por lá a população também estivesse tão descontente como eu.

Todavia e olhando para o passado, já não era a primeira vez que o Faial após ser maltratado pelo Governo dos Açores vi aqueles que trataram mal os Faialenses ou os de cá que não nos defenderam não tinham sido punidos eleitoralmente pela maioria dos residentes nesta ilha, por isso tinha dúvidas se a população desta Terra tinha coragem de dizer: Basta de maus-tratos! Mas ao contrário do passado, desta vez dois em cada três dos votantes desta ilha disseram: Basta!

Efetivamente o Faial tem sido prejudicado face a outras terras do Arquipélago e muitos Faialenses tinham-se acomodado ao mau tratamento dado a esta ilha ou tinham-se deixado enganar, permitindo assim que esta situação continuasse impune.

Como não são os votos em urnas que validam as ideias ou condicionam o meu carácter, mesmo nas derrotas continuei a falar em defesa do Faial e agora penso continuar com a mesma persistência de sempre e insistirei nos projetos que considero fundamentais para esta ilha, nomeadamente: a melhoria das ligações aéreas e das condições de segurança da pista da Horta, como os dois principais problemas que condicionam a economia da ilha; a alertar para que se assegure que as obras encolhidas no porto não comprometem a sua operacionalidade futura; a reivindicar a variante para que o centro da cidade fique mais disponível para os peões e não sirva de zona principal de passagem do trânsito do lado sul para o norte da ilha e assim melhorar a qualidade de vida das pessoas na Horta e ainda continuarei a reclamar por investimentos económicos geradores de emprego que permitam às novas gerações ter trabalho para que aqui possam viver em condições dignas de forma sustentável. Sem esquecer outros como as valências do hospital, etc.

Contudo saber que dois terços dos votantes Faialenses estão descontentes com o facto de o Faial estar a ser maltratado e de ainda terem tido coragem de punir nas urnas quem tem votado contra os protestos pelo mau serviço da Azores Airlines, votado contra moções por lembrarem que a nossa Câmara deve liderar a defesa da nossa ilha e ainda desculpar o não atendimento das justas reivindicações de investimentos e promessas para esta Terra devido a diretrizes partidárias ou do Governo dos Açores, remetendo para segundo plano a defesa da população local, o último resultado eleitoral dá força a todos aqueles, todos mesmo, que têm mobilizado gente, levantado a voz, trabalhado e escrito em diversos locais, inclusive nos órgãos competentes onde estavam legitimamente eleitos como oposição para a necessidade do PS mudar de atitude em relação à cidade e a todo o concelho da Horta.

Na realidade muita da arrogância que vi resultou da impunidade dos eleitos como representantes dos Faialenses serem os porta-vozes e desculpadores do desinvestimento e maus-tratos que eram dados pelo poder ao Faial, precisamente vindo daqueles que tinham maior obrigação de defendê-lo, por terem mais força. Felizmente o povo Faialense numa esmagadora maioria agora disse: Basta!

Espero que aqueles que antes não foram punidos mudem agora de atitude sem retaliarem por terem sido justamente castigados, um cenário possível que receio e não elimino, desejo antes que vejam neste resultado uma forma de se redimirem e comecem finalmente a defender sem pruridos o Faial.

Não me custa colaborar com quem pensa ideologicamente diferente de mim ou pertence a um partido distinto se tal for em prol da minha terra. Mas doía ver a vanglória daqueles que maltrataram esta terra por se sentirem sempre perdoados pelos Faialenses dos seus maus-tratos ao Faial, usando o argumento das suas sucessivas vitórias mesmo após o mau serviço prestado à nossa ilha azul.

Não há motivo para baixar os braços na luta pela defesa do Faial, mas agora sabemos que o Faialense quer estar com aqueles que nesta ilha se esforçam para que as justas reivindicações desta terra se concretizem e espero que todas as forças política coloquem este objetivo como prioridade absoluta, sobretudo aquela que perdeu neste círculo e ganhou ao nível Açores, até porque tem um ano para demonstrar de que é capaz de reverter o mal que já permitiu e assim compensar o Faial.

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Num dia em que a maioria dos votantes Açorianos deu o seu voto à continuidade do Governo PS, no Faial e em contraciclo, dois em cada três Faialenses votaram num partido que se opunha ao PS e, inclusive, deram como força de ilha vencedora o PSD. Assim dois terços dos eleitores que se expressaram nas urnas disseram: Basta de o PS maltratar o Faial! Basta de sermos mal defendidos pelos deputados rosa que optaram por colocar em primeiro lugar as posições do partido em prejuízo do Faial! Basta de termos eleitos a votar contra os protestos aos maus-tratos à nossa ilha!

Há muito tempo que os Faialenses não puniam quem os maltratavam, agora disseram: BASTA!

Um desafio agora também se coloca a todos os representantes de dois terços dos Faialenses, não apenas aos dois deputados eleitos pelo PSD, mas sim a todas as forças políticas que nestes tempos atraíram o descontentamento dos Faialenses, existem divergências ideológicas e programáticas entre estas, mas espero que sejam capazes de unir as vozes e aos esforços para defenderem em primeiro lugar o Faial.

A todos os eleitos espero que doravante sejam vozes que defendam alto e a bom som o Faial e aqueles que antes se calaram e até tomaram posições contra o Faial tenham aprendido a lição e mudem de comportamento.

Hoje voltei a ter orgulho em ver os Faialenses serem capazes de protestar.

VIVA O FAIAL!

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Independentemente da minha preferência individual insisto que todo Faialense deve votar. Os partidos, as ideias e as pessoas não são todos iguais, até aqueles de que mais discordo ou de que cuja atitude em defesa do Faial me desgostou são necessários para a saúde da democracia, mas a principal razão porque sou contra a abstenção no Faial é que a força reivindicativa deste pode crescer com o número de votantes. Na minha opinião este pode mesmo pesar mais do que o número de eleitores e o círculo de compensação até reforçou aquela componente.

Não é por acaso que as ilhas de onde resultam mais votos tendem a atrair mais investimentos e a despertar preocupações nos governantes para contentar as suas populações. Tivesse o Faial muito mais gente, muito mais votantes e suspeito que a Azores Airlines  no daria um tratamento diferente e a doca do porto não teria diminuído e a variante e a ampliação da pista estavam feitas.

Certo que as ilhas com mais eleitores, mesmo com mais abstenção, logo à partida elegem mais representantes, mas no círculo regional contam todos os votos que não elegeram deputados e um candidato que chegue ao parlamento sabendo que tal só foi possível pelos votos do Faial pode levar a essa pessoa a ter uma consideração, respeito e atenção maior para com a nossa ilha devido a esse peso na sua eleição, não tenho a certeza se é eficaz na atitude de todos, mas suspeito que em alguns sim, e, por isso, defendo que não só para o bem da democracia, mas também para dar força a esta Terra ninguém aqui se deve abster e deixar que sejam as outras ilhas a terem um peso reivindicativo mais expressivo do que aquele que os Faialenses poderiam ter se afluírem em massa às urnas.

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Ontem, estava eu numa mercearia quando entraram candidatos a distribuir o seu programa eleitoral e material de campanha. Após as saudações habituais e saída uma jovem diz: “São todos iguais, vão para lá e fazem todos os mesmo.” Mas eu pergunto: Um jovem, um trintão ou até quarentão ainda se lembra de ter estado à frente do Governo dos Açores e da Câmara da Horta alguém que não fosse PS? Lugares cuja rosa preside já há 20 e 27 anos? Chavões como estes bloqueiam a reflexão e a análise da realidade e impedem qualquer mudança ou sã concorrência a quem pelo longo tempo no poder montou uma teia de cujo Faial se tem tornado na maior vítima no desenvolvimento.

Neste caso não importa qual o partido do candidato, mas sim a postura da cidadã que pior do que não acreditar neste ou naquele ou de estar desiludida, assume à partida uma postura acrítica e segue preconceitos e ideias feitas que se enraizaram sem refletir sequer que nem tem idade de ter experimentado outras alternativas e cujo seu comodismo de nem tentar algo diferente atrofia o motor da democracia: a existência de alternativas, a existência de alternância, a disputa de ideias e projetos e a possibilidade de apostar na diferença para viabilizar mudanças e concorrências que viabilizem o desenvolvimento de uma terra.

Infelizmente esta postura tem sido sabiamente aproveitada por quem há décadas se acomodou ao poder e sobrevive comodamente à custa da passividade de muitos Faialenses que deixam este marasmo em que a ilha caiu continuar instalado.

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O número de deputados na ALRAA é constante, exceto quando há uma alteração legislativa para uma mudança, todavia a repartição de deputados pode variar em função do número de eleitores por ilha, não o número real, que este é muito distante da verdade, mas sim dos que estão efetivamente inscritos nos cadernos eleitorais, quer sejam vivos ou mortos, residentes ou emigrantes, é assim que o funciona o regime.

Assim, pese embora o desfasamento da realidade, de acordo com os cadernos eleitorais São Miguel ganhou um deputado, enquanto São Jorge perdeu um, as restantes ilhas ficam iguais às anteriores eleições. Se a terra do arcanjo se queixa que apesar de ter a maioria dos Açorianos elege menos de metade dos deputados, agora a residentes no círculo eleitoral do santo cavaleiro, com o dobro dos habitantes de Santa Maria, Graciosa ou Flores, elege o mesmo número de representantes ao parlamento regional que cada uma destas três… tal seria correto se resultasse apenas da legislação, o problema é que resulta também do desajustamento da realidade do recenseamento.

Todavia, suspeito que a situação ainda concentraria mais o peso de São Miguel se houvesse uma correção dos cadernos eleitorais que aproximasse os seus números para a realidade dos residentes nas várias ilhas dos Açores… aspeto que se tem reforçado com um investimento preferencial na ilha do arcanjo face a outras terras cada vez mais despovoadas, não só por concentração urbana dos Açorianos, mas também por falta de alternativas nas terras mais pequenas. Uma pescadinha de rabo na boca que morde mais uma vez uma parcela mais pequena da Região.

Se o Triângulo se fosse unido, sentiria eleger 11 deputados, menos um, mas ainda mais um que a Terceira… mas o divisionismo não ajuda nenhum destes vértices Faial, Pico e São Jorge.

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 Só agora foram marcadas as eleições legislativas dos Açores, 16 de outubro. Mas o espetáculo de propaganda já há muito que começara. Após o período de anúncios de projetos, entrámos na fase do lançamento das primeiras-pedras, muitas vezes no dia seguinte fecha-se a obra e fica o cartaz exposto a publicitar a construção que está parada, mas já houve a reportagem nos noticiários da televisão e dos jornais e servir o objetivo de campanha eleitoral.

Há que reconhecer que a máquina de campanha no Governo dos Açores demonstra-se bem oleada e existe uma cooperação entre todas as instituições nas mãos do PS-Açores. Vasco Cordeiro até tem poucas inaugurações a fazer, pois poucas obras fez neste seu mandato, mas tem muitos anúncios de projetos futuros (veja-se o prometório na coluna à direita só para o Faial) e lançou nestes últimos dias muitas primeiras-pedras, certo que algumas até o portão está fechado todo o dia pois não há obra, mas há a estratégia de parecer que há.

Igualmente a administração regional e empresas públicas regionais estão saturadas de  pessoal colocadas em programas ocupacionais que até dá a ideia que têm emprego, muitos destes têm prazos que terminam depois das eleições, nessa altura logo se vê o que se faz com esta gente, mas por agora até parece que não existe desemprego real nos Açores.

O Tribunal de Contas denunciou as dívidas das empresas, mas por enquanto o Governo nega e até parece que os Açores tem uma economia saudável, sustentável e sem défices.

Unidades fabris estão preclitantes: CALF  no Faial, SINAGA e São Miguel, mas ora com um anúncio de reformulação ora com silêncio, até parece que não são bombas relógio a estoirar depois das eleições.

Assim se tornou a política na nossa Região e País, uma arte de enganar e de parecer que se vai no bom caminho.

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Não fiz segredo da minha preferência eleitoral, pelo que assumo que o partido e a candidata em que votei para Presidentes do Governo dos Açores perdeu, mas também nunca manifestei qualquer esperança em vencer porque nunca acreditei em tal, pelo que não fui surpreendido pela vitória do PS.

Não escondo que esperava um melhor resultado do PSD na ilha de São Miguel, sobretudo no concelho de Ponta Delgada, afinal o Faial obteve um excelente resultado para este partido, ilha que era a minha amostra e por onde fui surpreendido pela positiva e onde há muito existe um histórico PS acima da média regional, ao contrário do que na realidade aconteceu em 2012.

Não se pode pensar nos Açores que os partidos regionais que integram aqueles que ao nível nacional apoiam o Governo da República não sofrem com a popularidade ou falta desta ao executivo e como a governação do último mês foi um descalabro total no modo de fazer política e de comunicar com o povo, é normal que PSD-Açores e PP-Açores sejam penalizados pelo desastre que foram os últimos tempos do executivo de Passos Coelho.

Mesmo assim, apesar do PS-Açores capitalizar do descontentamento com o Governo da República,  Berta Cabral consegue um melhor resultado e mais deputados que nas anteriores eleições, enquanto o CDS-PP, após demonstrar falta de lealdade dentro da coligação nacional e inclusive no modo como atacou o PSD-Açores, foi intensamente penalizado pelo seu péssimo comportamento populista e falta de solidariedade institucional.

Os Açores ficaram mais bipartidos e com um centrão mais forte e os resultados da Plataforma de Cidadania foram dececionantes e piores do que aqueles que eu perspetivava. Sinal de que os Açorianos ou não compreenderam ou não gostaram do modo como este elaborou a sua estratégia apartidária, algo que devem refletir, pois penso que têm um espaço muito importante a desenvolver nos Açores.

O PS terá nos Açores o teste de iniciar um mandato em crise financeira e provavelmente o começo da desilusão dos que acreditavam que os socialistas podem governar sem austeridade, pois agora não têm a desculpa de serem minoritários, nem podem culpar o mandato anterior e será difícil continuar a culpar sempre o Continente. Por hoje, está de parabéns.

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Na presente campanha eleitoral para as legislativas regionais reinou o desconforto dos candidatos, pois foi marcada pela tentativa dos maiores partidos deixarem passar a ideia de que a sua vitória é a mais capaz de minimizar os efeitos da austeridade nos Açores, algo que todos à partida não acreditam e os proponentes sabem disso. Em paralelo, todos se esmeraram em apresentar propostas que muitos sabem não haver suporte financeiro para puderem ser concretizadas.

O PSD-Açores, que à partida parecia um corredor de fundo com vantagem, passou a viver com a sombra permanente da hecatombe de credibilidade do governo do PSD no Continente, ocorrida com a péssima estratégia de comunicação da reforma da TSU, tentando mostrar que o partido regional e a sua líder não são cópias insulares das mesmas políticas e modos de agir de Lisboa, mas com estas dificuldades alheias foi perdendo fôlego.

O PS procurou com todas as forças esconder as dívidas regionais que espreitavam quase diariamente de um lado ou outro e esforçou-se por ocultar o falhanço económico que foi o seu modelo de desenvolvimento que destruiu o setor privado e criou um PIB suportado pelo funcionalismo público não reprodutivo que precisa do dinheiro de um País falido ou das receitas de uma região que pouco produz, mas aproveitou a embalagem do desencanto com Passos Coelho para esquecer Sócrates e apagar as suas culpas por colocar a Região num beco sem saída e com isto ganhou fôlego.

O PSD-Açores corre o risco de ser julgado como se tivesse sido um governo que não foi e o PS-Açores tem a possibilidade de não ser julgado pelo governo que efetivamente foi, se ganhar o primeiro ter-se-á a certeza que o Povo Açoriano distinguiu Berta Cabral do líder nacional, se ganhar o segundo, ficará a dúvida se foi mesmo vontade do eleitorado regional em entregar os destinos da Região a Vasco Cordeiro ou pretendeu, sobretudo, penalizar Passos Coelho.

Diz-se que os Açorianos sabem distinguir bem o que está em causa em cada eleição, mas que houve quem procurou confundir as coisas nesta campanha, houve.

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O meu artigo de hoje no jornal Incentivo:

CAMPANHA OU O INTERVALO DA CRISE

Segundo um levantamento de alguém que se preocupou em inventariar as promessas que têm sido feitas pelos candidados às próximas eleições no período pré e de campanha para as legislativas regionais, quando iniciei este artigo o somatório já ascendia a cento e setenta e quatro promessas.
Ao apreciá-las, embora não sejam todas, a grande maioria envolve gastos de dinheiros públicos na sua concretização, o que sabemos não existe nos cofres do Estado e da Região. Mesmo a contar com as que ficarão pelo caminho devido à derrota de quem as propôs, vão sobrar muitas dezenas de promessas dispendiosas para quem ficar com a obrigação de formar governo nos Açores.
Torna-se assim evidente que os partidos em campanha comportam-se quase como se não houvesse crise ou pouco se adaptaram a esta. Também vi promessas de contenção de despesa vindas de diferentes lados, como a redução do número de deputados feita por Berta Cabral, algo que eu já defendo há anos e que agora o PS nacional também propõe para a Assembleia da República.
Uma coisa é certa: terminada as eleições acaba-se o intervalo da crise e entra-se na realidade que é: não há dinheiro! Pode-se gerir mal em tempos de fartura que politicamente as coisas correm bem, pois os gastos são a rodos e a contento de todos, enquanto os seus efeitos nefastos só se sentem no futuro e este poucos têm o dom de o preverem. Veja-se a euforia durante a má gestão de Sócrates.
Gerir, mesmo que muito bem, numa situação de grande crise dói sempre, pois os sacrifícios pedem-se no presente e os benefícios não se veem a curto prazo.
Ao olhar os Açores vejo uma economia que derrapa e mesmo com o Governo a camuflar ao máximo todos os buracos e dívidas, já sopram os primeiros sinais do que aí vem. Infelizmente parte desta situação é culpa do último Secretário Regional da Economia que geria a criação de riqueza na Região sem uma visão de futuro.
Como Faialense lembro-me que o setor de Vasco Cordeiro permitiu de forma passiva o encerramento da fábrica do peixe que colocou parte da nossa população no desemprego ou a trabalhar noutra ilha. Se não houvesse peixe, porto ou traineiras no Faial era uma coisa, mas havia tudo isto e se já no tempo das vacas mais gordas deixou que isto acontecesse, como pode gerir melhor em tempo de vacas esqueléticas? A reforçar isto, aquele mesmo Secretário Regional não é responsável por nenhum novo investimento reprodutivo ou digno deste nome para esta Terra.
Berta Cabral já há muito tempo que é responsável apenas pelo concelho de que era Presidente da Câmara: Ponta Delgada. Sabe-se quanto lutou e conseguiu pela sua cidade. Deve também ter cometido erros, mas a verdade é que naquela zona é mais evidente o declínio dos investimentos com apoio do Governo Regional, como os hoteis do casino e a marina vazia, do que na zona industrial e comercial da responsabilidade daquele município.
Sabemos que em 2013 vêm as faturas das estradas de São Miguel, das dívidas da Saúde, da PPP na Terceira, etc e como já não há o receio de se perderem eleições as bondades eleitoralistas do presente ano vão para a gaveta. Serão então tomadas medidas muito difíceis… veremos que solidariedade terá o partido vencedor para com o seu líder quando a verdade vier ao de cima. Nesta matéria, Vasco Cordeiro nem tem a legitimidade de ter sido eleito internamente, pois nem se sujeitou aos votos dos seus militantes, pelo que não é presidente do seu partido.
Num ato eleitoral pode saber bem ganhar, mas sobretudo conquista-se legitimidade, mas também merecem respeito e são dignos todos os que participaram com as suas ideias e venham a perder. Em democracia o povo é soberano, escolhe os seus representantes e há que respeitar o resultado.
Não é segredo em quem irei votar e o porquê da opção, mas independentemente de quem vencer, desejo que governe o melhor possível, tendo em conta a pesada herança que vai encontrar e confesso que não queria estar na pele de quem vai ter de gerir a crise nos Açores.

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