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Posts Tagged ‘Syriza’

Antes foi o défice público do 1.º trimestre de 2016 a crescer, agora foi a dívida pública de março a subir, para nos apaziguar destes maus indícios nas contas públicas falta o Presidente da República dizer de novo que ainda estávamos na vigência do orçamento de 2015, desresponsabilizando 4 meses de gestão do atual Governo após a reversão de várias medidas, pois manifestar-se agora preocupado com o evoluir das contas públicas poderia perturbar a sua lua-de-mel com o Primeiro-ministro e a simpatia da esquerda.

Continuo a considerar que é bom para Portugal a gestão deste Governo ter um final positivo, mas não sou cego e agora suavizam-se maus indicadores enquanto no passado se empolavam os maus resultados que também saíram e esbatia-se o que de bom também aparecia.

Na Grécia também nos primeiros meses de governação do Syrisa só se valorizava medidas populares e perspetiva-se um evoluir positivo enquanto os maus indícios eram abafados e no fim o resultado foi catastrófico para os gregos. Espero que a repetição de um evoluir semelhante em Portugal não desemboque no mesmo desastre com um Presidente da República a pôr-se fora das responsabilidades para cativar simpatias.

Entretanto o Santander com a compra a preço de saldo do Banif, após o colapso deste com a imposição do BCE e a subserviência ou mesmo uma má ingerência de Centeno na resolução deste banco, lá vai tirando lucros da decisão de venda do atual Governo. Opção que continua a merecer-me muitas dúvidas, sobretudo porque se António Costa pretende mostrar resistência à Europa, neste caso foi um aluno excessivamente disciplinado para eu não desconfiar do seu comportamento.

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Portugal não é a Grécia foi a principal marca do nosso País para mostrar à Europa que por cá a forma de ultrapassar a crise era feita com regras diferentes das implementadas por Atenas.

Certo que Costa mudou a estratégia, mas escolher como parceiro Tsipras na luta contra a austeridade não me parece particularmente vantajoso para a imagem de Portugal, antes pelo contrário: o Primeiro-ministro grego começou com um braço de ferro contra a União Europeia e deixou cair a Grécia num novo resgate,  isto tudo após liderar um referendo contra esta e de ter tido perspetivas iniciais de governação que começaram por merecer tantos elogios iniciais como os do atual Governo de Lisboa e desfazendo o que antes fora feito.

Se Portugal quer mostrar que tem uma via própria que não a grega, que não vai cair nos mesmos erros de Atenas o máximo que devia fazer era fugir a uma colagem a Tsipras, mas faz precisamente o contrário e os meus receios de que isto pode não acabar bem avolumaram-se, entretanto as notícias nas últimas semanas, mesmo que sem o alarido habitual devido ao estado de graça de Costa, têm vindo a degradar-se e não estão a reverter-se nos últimos cinco meses.

Se Portugal quer mostra-se diferente do que o acusam não escolha como aliados aqueles que foram mostrados como tendo esses defeitos, mas Costa faz o contrário.

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Se em 2015 a grande surpresa foi a vitória eleitoral da coligação PàF, quando desde 2013 tudo indicava para a vitória do PS, a grande incógnita para 2016 é neste momento se economicamente a estratégia de António Costa terá sucesso.

Janeiro será o mês de introdução das medidas populares que apostam em melhorias de salários e pensões, algumas reduções de IVA e de sobretaxas extraordinárias, para estimular o consumo e com isto puxar a economia para cima. Uma ideia um pouco adulterada do modelo económico de Keynes, onde o investimento público é a arma contra a recessão económica. Só pelo que li das suas teorias o ponto de partida desta via não é o de um País que chega à crise já super-endividado, como acontece em Portugal.

Para já janeiro é semelhante à euforia do primeiro mês do Syrisa, é o momento da aplicação das medidas populares e do desfazer das decisões de cortes da despesa pública e da esperança inicial. Na Grécia esta estratégia mais tarde deu para o torto, por cá e lá muitos se rejubilaram no princípio, mas lá foi o descalabro mais tarde.

Assim, apenas daqui a alguns meses será possível avaliar o evoluir da situação em Portugal, se os cálculos forçados por Centeno pelas exigências do BE e da CDU deram certo ou se os maior poder de compra irá preferencialmente para as importações de bens menos prioritários e para a cobertura das dívidas pré-existentes dos contribuintes, deixando um reflexo residual no crescimento económico e consequentemente nas receitas dos impostos que desequilibraria as contas.

Uma coisa parece evidente: a força de António Costa para enfrentar um falhanço nas previsões de Centeno não parece ter capacidade de resistir ao embate de insucesso da esperança semeada com o anúncio do fim da austeridade. Contudo um sucesso económico da via adotada poderá tornar-se numa força capaz de apagar as fragilidades com que ele chegou ao poder e deste modo prolongar a sua governação para eleições futuras. Prognósticos só no fim deste jogo económico e político.

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Não sei onde acaba a verdade ou se entra na mentira, mas uma coisa é certa, quem com bom-senso acompanhou o comportamento do Syriza nos tempos de Varoufakis como ministro percebe que muitas coisas que não batiam certo nesta relação negocial da parte grega com a eurozona.

É verdade que a Europa era dura, mas percebia-se a sua linha de pensamento e era consistente nessa lógica impopular para os países do sul, mas do lado helénico: de manhã dizia-se uma coisa, depois das reuniões ouvia-se que não tinham sido apresentadas propostas e à noite acusavam a eurozona de intransigente como para branquear o comportamento dúbio do governo de Atenas.

Confesso que mais do que sentir que a eurozona queria expulsar o Grécia do euro, pois esta parecia ter medo desse cenário, sentia mais que Varoufakis e Tsipras estavam a esticar a corda para sair da moeda única e atirar as culpas para a dupla impopular Schäuble/Merkel. Agora, depois de tantas incoerências negociais e do Primeiro-ministro helénico ter demitido o seu Ministro das Finanças, eis que se começa a lavar roupa suja em Atenas e cada vez são mais evidentes que a confiança não era um atributo que aquele grego vaidoso podia despertar nos credores, enquanto negociava à falsa-fé, parece que ia roendo a corda pela calada para esta rebentar.

Depois de ler o livro de Pablo Iglesias para perceber a lógica do Podemos e indiretamente do seu irmão Syriza, percebi de facto que o modelo não é compatível com uma moeda única entre países soberanos no sistema atual da eurozona, sinto cada vez mais que são cavalos de Troia que disfarçadamente tentam destruir em primeiro lugar esta construção europeia defeituosa em detrimento de a reformar por dentro e os indícios que estão saindo dão razão cada vez maior à perspetiva com que vi as negociações de Varoufakis com os credores: um inimigo do euro disfarçado de negociador. Espero que Tsipras ao menos seja feito de outro barro, para bem dos gregos e dos europeus.

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Há algo de incoerente com o que se tem passado com o Syriza e Tsipras nas últimas semanas.

Primeiro, quando tudo parecia que estava perto de se chegar a acordo entre a Grécia e a Eurozona, Tsipras decide colocar a proposta dos credores a referendo e apela ao não.

Depois, quando Tsipras vence esmagadoramente na urna a sua posição contra a proposta dos credores, o seu braço direito e principal opositor ao acordo na campanha é demitido na sequência da vitória do não.

A seguir, Tsipras assume como sua uma proposta quase igual à que ele propusera o seu povo recusar nas urnas, contrariando assim a vontade popular induzida por ele no sentido do não à austeridade e aos termos antes propostos.

Ah, é verdade, há diferenças de pormenor na nova proposta: o IVA nas ilhas não aumenta já.. leva agora dois anos a subir; os cortes nos complementos de pensão não são já… levam dois anos a acontecer, mas a austeridade é a mesma da recusada no referendo e com um novo resgate.

Mais estranho ainda é que, ao contrário da habitual crítica das esquerdas dos gastos excessivos com a defesa, Tsipras é intransigente nesta matéria, os gastos com as forças armadas são para salvaguardar, nada de poupar nesta matéria.

Não sei porquê, mas este histórico contraditório e a questão da defesa cheira-me cada vez mais que Tsipras está a oferecer um cavalo de Troia à Europa, muitos agora podem festejar se o acordo de facto chegar a bom porto… eu confesso, mantenho a minha dúvida se será melhor para o euro e para Portugal…

Haverá um retomar da mais famosa armadilha mitológica dos Gregos? Será a Europa e nova Troia a soçobrar perante uma eventual estratégia oculta de Tsipras?

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Parece que a Grécia está dividida entre o “Sim – Nai” e o Não – Oxi” ao referendo que hoje se realiza naquele País e até compreendo, fustigados pela austeridade dos anteriores governos e com o piorar das condições de vida com o atual com uma proposta radicalmente diferente, o povo só sente a situação a degradar-se cada vez mais depressa e é difícil saber em quem e no que confiar.

Contudo, vejo que em Portugal muitos se sentem seguros numa ou noutra opção, talvez mais convictos que a própria maioria dos gregos, mas também deduzo que a maioria destes convencidos é-o por uma questão ideológica: a esquerda não comunista defende em massa o Não, sente-se que vê neste referendo a última hipótese de o Syriza conseguir dobrar a Europa, já que até ao momento o Governo de Tsipras em nada melhorou a vida dos helénicos; enquanto muita direita vê na vitória do Sim uma oportunidade de derrotar esta esquerda radical, um sucesso poderia alastrar a ideologia pela Europa.

Pela minha parte confesso que não estou seguro do que será melhor quer para os Gregos, quer para os Portugueses, vejo riscos em ambas as opções, só faço votos que a solução que vencer seja a melhor para todos e tenho a ideia que quem não concorda com as politicas da eurozona, então corajosamente deve assumir a saída do euro.

O Syriza usa como escudo o seu povo, mas parece incapaz de pôr em prática a sua teoria sozinho. São os outros que têm de dobrar-se à vontade grega, uma chantagem que pouco difere da que se diz vir da eurozona. Se a Grécia quer algo diferente está no seu direito, mas a eurozona também tem estados cujos governos foram eleitos e criaram um modelo de moeda única diferente já antes dos helénicos terem entrado no grupo.

Contudo sobre quem vai claudicar e o que garante o melhor futuro para a Grécia, Portugal e a Europa, eu, sinceramente, tenho ainda muitas dúvidas sobre qual o caminho a escolher.

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Efetivamente já cansava! Cinco meses em que nunca se soube qual o caminho que a Grécia trilharia no dia seguinte, muito tempo de impasse numa negociação onde a chantagem tem sido a arma de cada parte de modo a obrigar o outro a ceder. O primeiro a pôr um ponto final no braço de ferro foi Tsipras, ao convocar um referendo sobre a aceitação das negociações e a assumir que pela sua parte é pelo não.

Até ao resultado do referendo, continuarão os apoiantes de Tsipras e do seu discurso a dar-lhe todo o apoio e a considerá-lo um herói, como se esta consulta mais não fosse que um claudicar de uma das seguintes três teses:

1 – aceitar a austeridade e continuar no euro, como tem sido defendido pelo Governo de Portugal, um caminho lento, com sacrifícios e infelizmente também com injustiças cometidas que deveriam ter sido evitadas ou minimizadas, mas não o foram tanto quanto possível; ou

2 – recusar a austeridade e continuar no euro, o que foi defendido pelo BE, o Livre e algum PS que diziam que bastava ser exigente com a eurozona e criavam-se as condições para se ter o melhor de todos os mundos, um sonho que conjugava aumento dos rendimentos, crescimento económico, injeção de crédito dos credores e benefícios do euro;

3 – recusar a austeridade imposta e sair do euro, aqui a CDU foi uma voz coerente, um rumo diferente implicava sair da tutela financeira da moeda única com todos os outros inconvenientes, que ainda não são bem conhecidos e se teme também não eliminarem outros sacrifícios maiores.

Acabou-se o sonho do prazer de ter o sol na eira: o fim da austeridade; e os benefícios da chuva no nabal: a injeção de dinheiro da parte dos credores ao abrigo da eurozona como se defendia na segunda tese.

Em Janeiro parece que os gregos escolheram a segunda tese, ter as duas coisas em simultâneo, o fim dos malefícios da austeridade junto com os benefícios do euro, agora terão de optar de facto, pois neste braço de ferro, nem a força dos credores se quebrou, nem a chantagem do mais fraco venceu.

A democracia não é escolher a reunião do melhor de cada opção, mas sim selecionar uma com as suas vantagens e desvantagens, chegou finalmente o momento de se escolher o bom e o mau que cada alternativa tem, sem ser apenas as vantagens de cada alternativa com a eliminação dos incómodos de cada uma.

A democracia implica escolher um caminho, mas consciente que essa via não está isenta de desvantagens como alguns vendedores de sonhos utópicos durante anos têm vendido ao povo para cativar o seu voto, levando depois o País a situações insustentáveis. Agora tudo parecer ficar mais claro e caberá aos gregos finalmente a possibilidade de uma escolha consciente e realista cuja opção deve ser respeitada… o fim da utopia do mundo sem sacrifícios que reunia apenas as coisas boas.

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A ser sincero não tenho opinião sobre quem de facto está a ganhar neste braço de ferro entre o Governo da Grécia liderado pelo Syriza e negociado por Varoufakis e as exigências dos credores consubstanciados na troika constituída pelo BCE, FMI e Comissão Europeia próxima de Merkel.

Sei que os que apoiantes do governo grego se expressam na internet como vitoriosos, pois agora deixaram de negociar com a troica e passaram a discutir com  o BCE, o FMI e a Comissão Europeia e não é esta que lhes impõe a austeridade mas sim o Syriza que assume as medidas de austeridade.

Sei que os apoiante das medidas duras para o combate à crise dizem que ganharam em toda a linha, pois apenas deixou-se de chamar troika para se chamar os nomes das instituições nela contidas e a austeridade continua e tem de ser aprovada pelos credores.

Entretanto ganhou-se mais quatro meses de espera para se ver como estará Grécia estará daqui a até lá e começar negociar novamente para obter crédito..

Se no futebol fosse assim, mesmo a sofrerem autogolos, todos os adeptos diziam que estavam contentes por terem ganho o jogo no intervalo, mesmo sem saber o resultado final…

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Não escondo desde há dois anos a vontade de ver o Syriza a governar a Grécia, isto para observar no terreno um projeto alternativo ao que tem sido seguido nos países da zona euro alvos de intervenção do FMI e do BCE, as denominadas troika. Por isso ontem apenas tive a lamentar que aquela coligação de esquerda radical não tivesse tido maioria absoluta no parlamento, mesmo com o bónus de 50 deputados como vencedora das eleições. Até para não ter desculpas de descaracterizar o seu programa, cedendo com outros alguns dos seus pontos fundamentais para formar Governo de coligação.

Agora hoje que o Syriza, na falta de maioria absoluta, tenha optadob por se coligar com a sexta força mais votada, de direita nacionalista, que é: contra o multiculturalismo, a emigração e as uniões do mesmo sexo e a favor de uma educação cristã ortodoxa em detrimento do ensino laico, confesso que Tsipras começa logo a impressionar-me negativamente e ainda nem começou a governar. Espero que seja este o único mau passo que dá, mas para já, pior que uma desilusão, é ver uma força de esquerda radical valorizar os princípios defendidos pela extrema-direita, o que é um risco pois promove a direita radical.

Não percebi a alegria de António Costa com a vitória do congénere do Bloco de Esquerda na Grécia, quando os seus homólogos do PASOK ficaram em quinto e vendo agora que o Syriza prefere mesmo a direita nacionalista aos socialistas gregos. Razões de contentamento tem de facto por agora têm o BE, talvez com alguma preocupação por esta coligação, e a francesa Marine Le Pen da extrema-direita ao ver os nacionalistas gregos elevados à honra de governo pela esquerda radical. (Os extremos tocam-se por aqui?)

Interessante ver que apesar de uma austeridade ainda maior na Grécia do que em Portugal, a direita da Nova Democracia e o centrista do To Potami  consegue 27,8 e 6,6% dos votos com 34,4%, muito mal mesmo ficaram os socialistas com 4,66% no PASOK, enquanto o partido de histórico Papandreu nem um deputado elegeu…

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O falhanço na eleição presidencial na Grécia leva-a a legislativas no início do próximo ano, isto com o Syriza a liderar as sondagens.

Há mais de dois anos que assumo, com uma certa dose de egoísmo, que gostaria de ver o Syriza, o mano grego do Bloco de Esquerda, a governar a Grécia. Digo egoísmo, pois tal serviria de teste para o modelo defendido pela extrema esquerda sobre o qual eu nutro um enorme descrédito no seu sucesso, temo ser de grande risco para o país onde se implanta, mas a demonstração ocorre de facto fora deste Portugal onde vivo. Se der certo, estou pronto para dar o braço a torcer, é assim o mundo das ideias, se demonstradas viáveis e certas na prática: há que reconhecer a realidade.

Assim, depois de ter lamentado o facto do Syriza não ter alcançado o poder em 2012, após uma vitória eleitoral que desembocou numa segunda ronda dando então um resultado que permitiu o arco governativo grego manter-se no poder, parece que, finalmente, a oportunidade volta, claro que em caso de insucesso também temo para os efeitos colaterais que possam atingir Portugal, mas a curiosidade neste momento é mais forte que o receio.

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