Tenho-me interrogado porque só agora, a um ou a menos de um ano do final do mandato Governo e quando a possibilidade de Passos Coelho vencer as próximas eleições são quase nulas, este começou a ser atacado a sério ao nível da sua honestidade pessoal em termos tais que pode levar de facto ao seu pedido de demissão. Só que quanto mais reflito, chego sempre à dedução que este escândalo interessa mais a gente do PSD do que a qualquer outro partido.
O PS, na sua guerrilha autofágica das primárias, conseguiu juntar à insegurança de Seguro a destruição da crença de um Costa com ideias e salvador da pátria. Este provavelmente será o candidato a Primeiro-ministro, mas assume ainda não ter o seu programa de governo preparado, saiu muito chamuscado do confronto e precisa de tempo para se reabilitar.
À exceção da CDU que não quer ser bengala de governo liderados por outros, os partidos menores estão numa fase de guerrilha e de criação de novas tendências que precisam de tempo para terem força e organização para se apresentarem a eleições e credibilizarem os seus líderes, o que é incompatível com eleições para já.
Só que o PSD, mesmo no poder, nos últimos anos viu os opositores de Passos organizados e disponíveis a destruir o atual Primeiro-ministro, por isso estão prontos para um congresso extraordinário e até surgiram potenciais messias, o mais forte é Rui Rio, de modo a eleger um novo presidente do partido não comprometido com a era Sócrates, nem com o atual Governo. Provavelmente não teria condições de ganhar eleições antecipadas, mas a demissão do Primeiro-ministro dar-lhes-ia logo duas coisas: a esperança de um resultado melhor que o do castigo de Coelho e a entrada direta em São Bento com maior capacidade negocial.
O CDS ou libertar-se-ia desta coligação pouco querida do povo e arriscar-se-ia a ver Portas trucidado se fosse a votos a só, por ser uma das caras do governo, ou negociaria a enfraquecido com um novo líder do PSD, que se for Rui Rio até foi valorizado pelo PS e pela comunicação social para enfraquecer Passos.
Não sei se de facto se este novo ataque a Passos foi assim tão maquiavélico ou se foi algum jornalista que na sua investigação permitiu ingenuamente que um dos potenciais beneficiados do escândalo neste momento possa ser o próprio PSD, sei que em qualquer hipótese não me parece que Portugal saia fortalecido disto tudo.
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