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Posts Tagged ‘Ribeirinha’

Eram 5h19m da madrugada do dia 9 de julho de 1998 quando a Ribeirinha, onde vivo e vivia, foi atingida por um sismo de magnitude 5,9 Richter e devido a ser o local mais próximo do epicentro, uns escassos 5 km, este alcançou a intensidade VIII-IX Mercalli, o choque destruiu a povoação ao ponto que as fotos abaixo documentam:

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Uma destruição de mais de 90% do parque habitacional da Ribeirinha, ainda mais significativa nos Espalhafatos, o outro lugar da freguesia. Cinco mortos numa população com cerca de 500 habitantes, 1% dos residentes e isto pode dar a perspetiva de quantos seriam se tal destruição tivesse atingido uma cidade de muitos milhares ou milhões de habitantes. Houve mais 3 óbitos nas localidades contíguas: Pedro Miguel e Salão, mas ligeiramente mais distantes do epicentro. Os danos estenderam-se por toda a ilha do Faial e ainda Pico e São Jorge.

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Apesar de isolados por estrada, sem luz, água e em pouco minutos de outros meios de telecomunicação, a inter-ajuda no lugar da Ribeirinha das pessoas foi enorme, desde o auxílio na retirada de soterrados, ao apoio a feridos, passando pelo acalmar indivíduos em estado de choque; a verdade é que praticamente todos habitantes reunidos em torno do edifício polivalente recém-inaugurado por volta das 9 horas foi servida uma refeição ligeira com bolachas, pão, queijo, manteiga, leite e café fruto da partilha das instituições locais e dos residentes organizada por voluntários…pouco tempo depois começaram a chegar os primeiros socorros em virtude do desbloqueio das vias de acesso. Um dia difícil, mas onde a solidariedade imperou e foi a palavra de ordem.

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Nos Espalhafatos, sem um local de acolhimento adequado e com vias internas também cortadas pela queda de pontes, foi mais difícil a organização das populações, mas a solidariedade foi a mesma, não faltaram exemplos de ajuda mútua e cooperação.

 Uma data em que o programa de vida de todos os Ribeirinhenses, tal como também para muitos outros Faialenses, Picoenses e alguns Jorgenses, mudou para sempre, houve dor, mas houve solidariedade humana desde a primeira hora, naquele dia não houve divisões políticas… estas vieram mais tarde e não tiveram origem no Povo e geraram outros problemas; mas neste 9 de Julho de 2018, 20 anos depois daquela catástrofe, quero lembrar a coragem e a cooperação desta gente, sem esquecer os que partiram e para todos eles a minha homenagem.

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Agora, 20 anos depois, ainda há cicatrizes, físicas e psíquicas, há património perdido e até subsiste algum por recuperar, mas no essencial a vida das pessoas e da comunidade reconstituiu-se e tomou um rumo. Ficou a memória da Ribeirinha e dos Espalhatos anterior ao sismo em muitos então jovens e adultos. Hoje as crianças olham a freguesia como se esta sempre tivesse sido assim e parecem-me com todas as condições para virem a ser felizes como nós antes do sismo fôramos sempre sujeitos aos percalços da natureza e da história e é esta a minha homenagem às gentes que aqui vivem. Bem-hajam a todos.

Fotos cedidas há uma década por Conceição Quaresma desta freguesia para o meu único blogue de então Geocrusoe.

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Presépio2017

A palavra natal vem de nato, nascido; por isso natalidade indica número de nascimentos. Quando em Roma se celebrava o sol de inverno como fonte de vida e a natureza parecia morta os Cristãos aproveitaram a festa para celebrar o Nascimento de Jesus, a quem consideravam a verdadeira Vida e fonte de Luz. Se o Natal lembra esperança e amor é porque associamos estas ideias ao ver um recém-nascido como o Menino Jesus. Votos de um FELIZ NATAL  a todos os leitores de Mente Livre.

Foto: Pormenor do presépio do  Agrupamento 973 do CNE no exterior do centro de culto de São Mateus na Ribeirinha.

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“Projeto de intervenção no Farol da Ribeirinha”, desta vez o a anúncio foi afetuado pelo Presidente da Junta de Freguesia da Ribeirinha e não por um membro do Governo dos Açores, mas decorreu durante a sessão comemorativa do Dia da Freguesia num discurso realizado na presença do Secretário Regional do Mar em representação oficial do órgão competente e foi dito como uma informação vinda do executivo regional.

Não se ficou a conhecer o andamento do projeto, a sua calendarização, nem o tipo de intervenção… ficou apenas a comunicação oficial em período pré-eleitoral e por isso merece um tratamento igual ao anterior prometório do Governo dos Açores para o Faial que neste ano já vai pelo mesnos em 13 promessas para esta ilha, isto na contabilidade do inventário do que tenho tido conhecimento.

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Sim, faz hoje 18 anos que, num repente de segundos, quase toda a população da Ribeirinha, cerca de 500 habitantes, e muitos outros distribuídos por outros locais do Faial, num total de cerca de 2500 em 15000 residentes, viram as suas casas destruídas ou muito danificadas e ficaram desalojados, catástrofe que também atingiu, embora em menor grau, alguma famílias no Pico e São Jorge, enquanto 8 pessoas morriam, 5 delas na freguesia da Ribeirinha, a mais atingida pelo sismo.

18 anos e praticamente todos os sinistrados já foram realojados condignamente, mas não todos, ainda ontem me cruzei com pessoas da minha rua que, por vicissitudes várias, continuam em pré-fabricados e barracas que se destinavam ao acolhimento temporário até ao final do processo de reconstrução.

Infelizmente, os problemas económicos até já conduziram a que alguns dos já realojados condignamente tenham voltado à condição de desalojados das suas novas moradias, este é um problema que mostra que não basta um Estado social que dá para desatar os nós dos problemas financeiros das pessoas, pois alguns deixam-se atar para nunca mais se conseguirem libertar em definitivo, mas esta é outra questão que fere a solidariedade na sociedade e merece também reflexões no seio dos governantes.

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9 de julho de 1998 foi a madrugada que mudou a minha vida para sempre, nem foram precisos 20 segundos para passar da situação de alguém com casa própria para a de sinistrado, desalojado e que para voltar a ter abrigo próprio teve de ficar endividado por décadas a uma banca cuja a capacidade de explorar as desgraças alheias é genial e todo poderosa.

Sobrevivi, nem todos os meus conhecidos, voltei a ter casa, mas decorridos 15 anos todos os dias me cruzo com gente que ainda vive em barracas com más condições e péssimo aspeto, são poucos, é verdade, mas existem e estão no Faial e são meus vizinhos.

Durante anos os sinistrados que iam vendo a sua situação resolvida eram alvo da exibição por políticos que marcavam cerimónias cobertas de câmaras de televisão e de fotografias onde entregavam chaves de casas para receberem louvores como se tivessem sido feitas com o dinheiro próprio desses políticos… hoje os casos por resolver são escondidos para esconder a vergonha de políticos que ao longo de 15 anos não souberam fazer chegar a todos a resolução dos problemas resultantes da catástrofe de 9 de julho de 1998…

Para memória do que foram aqueles tempos:

Reportagem da TVI

Reportagem da SIC

Procurei vídeos de reportagens na estação de serviço público para recordar… não me foi possível encontrar na internet links para a RTP com tal tipo de imagens.

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Fotos para recordar:

Para ver mais foto carregue aqui.

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Vídeo de Pedro Correia

Este fim de semana prova de ciclismo da modalidade de downhill na Pista da Ribeirinha, I Taça Regional de Downhill Cartão Interjovem sábado treinos e domingo provas.

Para saber mais e o programa consulte aqui.

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9 de julho de 1998, cerca das 5h20 da manhã: um sismo de 20 segundos bastou para destruir praticamente na totalidade a freguesia da Ribeirinha, pode-se dizer que as localidades da Ribeirinha e do Espalhafatos foram varridas do mapa…

A proteção civil, dentro das limitações de uma terra com os acessos cortados, foi rápida e eficiente: os alimentos, as tendas e os primeiros socorros chegaram cedo aos sinistrados, foi o momento em que o agir humanitariamente se sobrepôs aos interesses políticos. Depois… a palavra de ordem dos governantes foi sensivelmente: não façam nada que nós fazemos tudo e ainda podem perder apoios.
Começaram os concursos para as obras, vieram os vencedores, as guerrilhas, os desvios orçamentais, os atrasos, a confusão e as pessoas a desesperar pela resolução dos seus problemas, muitas delas até eram competentes e cheias de capacidades, mas ficaram paralisadas oficialmente por aquele “não façam nada que nós fazemos tudo e ainda podem perder apoios“.

Catorze anos depois, a grande maioria dos sinistrados está realojada e aproveitou-se para resolver determinadas questões de segurança e sociais: o reordenamento do território com abandono de zonas de maior risco, melhor qualidade construtiva, dimensionamento adequado das habitações ao tamanho do agregado familiar.

Mas, infelizmente subsistem ainda pessoas sem casa a viver em pré-fabricados, os imóveis coletivos públicos continuam todos em ruínas como que a gritar que nunca se deve numa catástrofe desmobilizar as capacidades das pessoas, pois esse desperdício não só sai caro de financiar, como dificulta a resolução dos casos não individuais.

Dedicado a todos os que arregaçaram as mangas, correram os riscos e foram em frente… sem esquecer os que ainda hoje não têm casa desde o dia 9 de julho de 1998.

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O facto da redução do número de autarquias exigida pelo acordo da troika assinado pelo PS, mas aceite por todos os restantes partidos do arco governativo, ter sido limitado pelo Governo de Passos Coelho à imposição da diminuição do número de freguesias, o elo mais fraco como já expliquei, deve ter sido para minimizar a oposição dos autarcas municipais, o elo mais forte do poder local. Contudo, esta estratégia que não deixa de ser cobarde, além de não ter eliminado a oposição dos Presidentes de Câmara, que se não estiverem do lado das freguesias arriscam-se a perder os respetivos votos no futuro para os seus adversários, também retirou ao Poder Central o peso do argumento económico, pois, tal como já explicara aqui, os efeitos são mínimos em termos de poupanças.

Paralelamente, como já deixara claro neste artigo, compete aos Açores alterar as freguesias e o facto desta reforma territorial do poder local ocorrer em plena pré-campanha para as Legislativas Regionais, conduz a que nem o PSD-Açores se torne aliado do líder nacional  do partido nesta matéria, pelo que não é de estranhar Berta Cabral dizer que as freguesias devem ser defendidas até às últimas consequências e o diga ainda escudando-se no próprio estatuto autonómico, o que fará com que o PS-Açores deva seguir pela mesma bitola.

Assim, além da atual Proposta de Lei n.º 44/XII  praticamente ter as mesmas consequência na variação do número de freguesias do Faial do livro verde que aqui discuti, também não conta com o apoio da Associação Nacional de Municípios Portugueses e a polémica vem cair precisamente quando as consequências negativas da austeridade estariam no máximo (partindo do princípio que a estratégia está correta e depois virão frutos melhores). Nesta proposta de diploma o Governo, por cobardia falhou no objetivo de poupar, na forma de implementar e no calendário para alcançar um reforma com algum aliado, ficando assim só e mal na fotografia e ainda nem sei como a mesma será implementada nos Açores em pleno processo eleitoral.

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Excertos do meu artigo desta semana no jornal “Incentivo”.

FRATURAS EXPOSTAS

O povo diz “longe da vista… longe do coração” quando se refere aos amores e para dar a entender que até as paixões mais fortes quando distantes vão-se esbatendo… Infelizmente, na Ribeirinha passa-se o inverso, todos os dias os seus residentes são forçados a ver entrar pelos olhos dentro as ruínas dos seus imóveis de referência: o farol e a igreja; exatamente como para abrir diariamente as feridas do sismo de 1998 que por razões que o coração entende, a população procura cicatrizar e esquecer.

Na última semana, no dia 21 de Setembro, data em que se celebrou o dia desta freguesia, durante a sessão solene lá o tema voltou novamente à discussão e os comentários não faltaram durante as festas do padroeiro São Mateus no passado fim de semana.

Uma ruína bem reabilitada pode tornar-se num monumento… mas escombros abandonados de um edifício imponente são sempre uma nódoa na paisagem e uma recordação dolorosa para quem conviveu com o seu esplendor.

Sabe-se que os tempos não estão fáceis para investimentos de reabilitação, mas a contínua degradação de edifícios marcantes é um cartaz negativo para o turismo e este, como está definido pelo Governo Regional através do PROTA, é um dos eixos principais para o crescimento económico futuro dos Açores.

Contudo, o mais doloroso é conviver com estas ruínas que trazem sempre à memória, de uma forma degradante e insistente, os momentos difíceis do sismo de 9 de julho de 1998, por isso se tornam obsessivamente deprimentes e uma fratura exposta, aberta naquele dia doloroso nos Ribeirinhenses… que não veem qualquer solução para os seus imóveis de referência e são testemunhas diárias da sua contínua degradação, lenta e progressiva, sem se perspetivar qualquer estudo que alimente a confiança de um futuro mais digno para os principais marcos da sua freguesia que também são património da ilha.

Sei que os tempos não permitem investimentos onerosos, tal não impede o estudo e a busca de soluções. Se estas forem baratas, podem ser já viáveis, caso contrário, fica-se preparado para quando houver melhores condições económicas. Também sei que a igreja é privada, mas a paisagem não e a conveniente decisão de área de risco foi efetuada por poderes públicos e se impediu a residência, não fez o mesmo à visitação, pelo que a Região passou a ter obrigações para com aquele espaço. Por sua vez, o farol não é privado e o Estado não lhe dá melhor atenção. É muito difícil ser-se feliz a conviver com ruínas, que até têm grande potencialidade de serem pontos de atração de visitantes ao Faial …

Nas obrigações que o poder nacional, regional e local têm para com os Ribeirinhenses, encontra-se também uma solução que aproveite o potencial das ruínas do farol e da igreja e a crise não pode ser um motivo para não se estudar o assunto neste momento.

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