O meu artigo de ontem no diário Incentivo:
ENTRE A ESPADA E A PAREDE
Oito de dezembro é feriado nacional para celebração da festa religiosa da Imaculada Conceição, apesar da tradição católica do Povo luso, esta data tornou-se para a maioria dos Portugueses, Açorianos e Faialenses exclusivamente no Dia das Montras.
Efetivamente, tanto em conversas com colegas, como nos noticiários e ainda da leitura de redes sociais na internet, verifiquei que as conversas daquele dia centravam-se, sobretudo, nas animações de rua e nas vitrinas das lojas comerciais, embora a tempestade da véspera tenha ocupado algum espaço na comunicação das pessoas, contudo, sobre as festas de Nossa Senhora da Conceição que decorreram nesta ilha, em muitas paróquias do Arquipélago e por este País fora, apesar de ser o motivo do feriado, o assunto ficou alheio de quase todos diálogos e reportagens.
Sendo eu Cristão e crescido numa sociedade onde a religião penetrava nos costumes intensamente, não deixo de notar este alheamento das pessoas ao cerne dos eventos que formataram a nossa cultura ocidental, mas é assim mesmo a realidade em que vivemos e respeito.
Já ao nível do Dia das Montras reconheço que o programa levado a cabo em cooperação entre as Câmaras Municipal e do Comércio da Horta foi este ano um sucesso, não só pela adesão dos Faialenses, como pelas opiniões de agrado manifestadas por estes. Não tenho complexo de elogiar uma organização que corre bem, mesmo que em muitos outros aspetos eu seja crítico, é precisamente a justeza das minhas análises que tanto leva a denunciar o que está mal, como também a louvar com igual correção o que correu bem.
Outra notícia promissora que ouvi a seguir ao feriado foi a celebração de um protocolo de cedência do Quartel do Carmo pela Secretaria de Estado da Defesa ao Ministério da Economia, para no âmbito do programa Revive se disponibilizar aquele imponente imóvel a investimentos na área do turismo. Tenho de reconhecer que ainda não está claro se já existe um projeto de aproveitamento do edifício, montantes ou identificação de interessados, mas reconheço que é algo com potencial interesse económico para o Faial e fico aguardar o evoluir da situação, esperando que se concretize.
Infelizmente também não faltaram notícias de movimentações tendentes a criar instabilidades e divisões no Triângulo na estratégia de ataque do grupo SATA e do PS- Açores ao Faial. Esclareço desde já que o anúncio de mais ligações aéreas a qualquer outra ilha desta zona do Arquipélago não cria em mim qualquer frentismo divisionista, nem reduz a força da argumentação da necessidade de se aumentar o número de viagens diretas entre o Faial e Lisboa.
Assim, o Presidente do grupo SATA fica informado que qualquer aumento do número de voos ao Pico é bem-vindo, só não justifica qualquer diminuição das ligações deste lado ocidental do Canal e ele tem de ter consciência que só há uma melhoria global do serviço prestado pela transportadora aérea regional ao Triângulo se um melhoramento numa parte deste não estiver associado à pioria ou redução do serviço noutra ilha desta zona, caso contrário, se um lado sobe à custa do baixar do outro, então o saldo é negativo ou nulo.
Vou ser muito claro: mais voos diretos para o exterior para o Pico, sim senhor! Tem todo o meu apoio, só que nem um voo a menos entre a Horta e Lisboa do que os 14 exigidos por unanimidade na Assembleia Municipal desta ilha.
Agora existe uma realidade social na ilha Azul diferente da que a Administração da SATA e o PS-Açores estavam habituados. Os Faialenses despertaram, abriram os olhos e já não se deixam enganar. Mais, o próprio partido do poder que localmente era subserviente às maldades feitas ao Faial percebeu que já não pode ser conivente com esquemas que prejudiquem esta terra: ou lutam connosco por ela, mesmo com risco de perderem a simpatia dos camaradas de outros círculos mais poderosos, ou são os residentes desta terra que os desalojam e mais, correm até o risco de perder as simpatias nas duas frentes se não alcançarem vitórias irreversíveis para o Faial e a questão da acessibilidade aérea e da operacionalidade do aeroporto são fundamentais para recuperar o tempo perdido que agora não lhes é perdoado se não o compensarem efetivamente.
Assim, os eleitos pelo PS-Faial estão entre a espada dos residentes, que exigem resultados, e a parede dos camaradas de partido, adversários desta ilha, que dizem na RTP-Açores “os Faialenses não têm razão”, mas foram os locais que se meteram nesta encruzilhada, pois, apesar de estarem no poder da ilha, desprezaram os conselhos de quem nunca baixou os braços na defesa desta terra.
Assim, por muitas manobras de diversão e tentativas de divisão vindas de fora, compete ao PS-Faial agora recuperar o essencial e há muito adiado por culpa deles, pois por cá já ninguém anda distraído, apenas desconfiado que possamos estar em manobras eleitoralistas sem frutos antes das eleições e depois foi-se… tática que já não pega nos Faialenses. Bom Natal a todos os leitores!
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