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Posts Tagged ‘Papa’

Conhecendo a coragem com que o Papa Francisco denuncia publicamente males da economia e da sociedade ocidental e vendo todas as pretensões infelizes de Trump em matéria de ambiente e de refugiados, imigração e proteção social sempre em prejuízo dos mais desfavorecidos, gostaria de ter sido mosca para saber o tom com esta conversa decorreu em privado.

Conhecendo o conteúdo exigente da encíclica deste papa sobre o ambiente, sobre o cuidado da casa comum “Laudate si“, gostaria de saber o que dirá publicamente dela Trump se cumprir a sua palavra de que a vai de facto ler.

Para já ou a hipocrisia pública dominou os comentários de Trump sobre o seu encontro com o Papa Francisco ou então a diplomacia censurou essa conversa privada. Quem me dera de facto ter sido uma mosca presente na sala e depois ter consciência do que foi então conversado e como foi dito

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Sou cristão mas não um mariano profundo, mas reconheço que a mensagem de oração pela Paz no Mundo e Conversão das Pessoas saída há 100 anos da minúscula dolina da Cova da Iria, da rural freguesia de Fátima, no pequeno país marginal Portugal propagou-se por toda a Terra com uma energia imparável contra todas as forças poderosas antirreligiosas que dominam a civilização global, um fenómeno.
Fatima_Pope

É verdade que há notícias de mais aparições marianas e movimentos populistas em países e locais muito maiores e centrais que aquela comunicada por três crianças pobres, incultas que até aquele momento nada as distinguia de outras da região. Fátima não se impôs ao Mundo, só abraça a Mensagem quem quer, mas foi uma multidão de muitos milhões que abraçou Fátima e se aproximou: pobres, ricos, incultos e cultos, sendo necessário apenas humildade e coragem para não rejeitar publicamente a Fé dos que sentem acreditar para espanto de muitos outros que não compreendem o que é ser-se crente.

recinto

Depois dos descobrimentos iniciados por génios Portugueses, nada mais teve tal impacte global a partir de Portugal que a comunicação destas três crianças de terem visto Maria, a senhora do Rosário, a Mãe de Jesus, que Este disse para aceitarmos como nossa Mãe também, em 13 de Maio de 1917, faz hoje precisamente 100 anos.

Pastorinhos

Imagens todas retiradas da Wikipédia.

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“Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus; depois vem e segue-me. O jovem, porém, ouvindo estes preceitos, retirou-se triste; porque tinha muitos bens.” (Mt. XVIII, 21,22). A mensagem de partilhar a riqueza vem de Cristo e quem conhece a doutrina social da Igreja sabe que está escrita oficialmente no Catolicismo. Agora, tal como Jesus convidou o jovem rico à partilha e o deixou livre para recusar e tristemente se afastar, também a Igreja não força nenhuma classe, quer a conversão das pessoas, não a revolução política.

Agora o convite para esta conversão não está dissociado da denúncia da injustiça social que se assiste e é mesmo um método para convidar o Mundo para uma mudança, à conversão para seguir Jesus. Só que, tal como o jovem rico, são as pessoas que compõem o mundo que, livremente, tristes ou alegres, recusam esta Mensagem ou a aceitam respetivamente.

No julgamento de Jesus, Pilatos deixou ao mundo duas escolhas alternativas: a proposta pacifista de partilha e conversão interior com repercussões no indivíduo de Cristo ou a ação revolucionária de Barrabás, com o assalto forçado aos bens em detrimento do convite à partilha voluntária da riqueza. O resultado desta votação é conhecido e o mundo de hoje, frequentemente, não é muito diferente.

Entre a Mensagem Cristã e os discursos revolucionários populistas de qualquer lado ideológico há uma distância enorme, mesmo quando a imperfeição humana impede o crente de ser plenamente como Jesus pedia ou o do ativista político não ver o papel da conversão livre na sua busca da Justiça.

O grande dilema da Mensagem do Papa Francisco, e ele não esconde que sente isso nas entrevistas que estão na base do livro “Esta economia mata“, pois percebe que com o seu discurso quer apresentar Cristo ao Mundo para este se converter e seguir Jesus, mas o Mundo tende a interpretar a denúncia como um apelo para seguir a via de Barrabás, mas já há quase dois mil anos que este desencontro existe e suspeito que isto nos caracteriza como Homens imperfeitos sujeitos ao erro.

Bem-vindo Papa Francisco a Fátima e, como tal, a Portugal.

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Interessante a aceitação do argumento da tradição para invocar a tolerância de ponto no Carnaval, uma festa associada ao calendário litúrgico num Estado Laico, enquanto o uso da tradição de dar tolerância de ponto pela vinda de um Papa a Portugal escandalizar por estarmos num Estado laico. Em 2010 falei sobre isto e disse:

Não sou um defensor da tolerância de ponto de hoje, mas ela não me choca, este é um País onde a grande maioria de cidadãos ainda se assume como católica e a tolerância quase não tem custos para o Estado: evita a burocracia da alteração de férias aos que se forem às celebrações com o Papa, que ao contrário de outros Chefes de Estado fala diretamente ao povo nas visitas oficiais, e não coloca serviços a meio-gás, com todas as confusões resultantes.

Talvez a tolerância num jogo da selecção não fosse polémica, mas há aqui muita hipocrisia e propaganda de movimentos anti-católicos e de ateus que, pela sua agressividade, se comportam como religiões modernas à conquista dos seus fieis.”

O posto mantém-se atualizado, pois continuo a pensar precisamente o mesmo.

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economiamata

O livro “Papa Francisco – Esta economia mata” da autoria dos jornalistas católicos e vaticanistas: Andrea Tornielli e Giacomo Galeazzi, procura esclarecer o que está na mente do Papa Francisco ao criticar duramente o sistema económico capitalista atual: será uma ideologia política ou uma mensagem evangélica?

A obra esclarece a dúvida se por detrás de Jorge Mario Bergoglio se esconde um marxista, não só informando as razões da escolha do nome Francisco, como a sua opção estratégica de centrar a mensagem na preferência pelos pobres. Depois expõem-se diversas declarações e ações deste papa que geraram desconfiança em católicos conservadores e simpatias em fações políticas de esquerda, centrando-se sobretudo na sua exortação apostólica Evangelii Gaudium.

No livro  destaco as seguintes abordagens: (1) o enquadramento da Evangelii Gaudium em todas as anteriores encíclicas da doutrina social da Igreja, iniciada por Leão XIII com a Rerum Novarum no século XIX, evidencia-se que Pio XI há 80 anos foi bem mais duro que Francisco e já Bento XVI apontou o caminho atual; (2) expor as críticas dos setores conservadores católicos que pensam o capitalismo como a via económica mais cristã; (3) entrevistar estudiosos economistas italianos que se reveem nas palavras de Bergoglio; (4) mostrar as razões da via ambientalista que foi o tema da encíclica mais recente Laudati Si e já posterior à publicação desta obra e,  (5) uma entrevista direta ao Papa sobre as dúvidas levantadas nos crentes pelas suas palavras discutidas nesta obra.

O livro não só revela o pensamento de Francisco, como demonstra que a doutrina social da  Igreja há mais de um século é crítica de um capitalismo que idolatra o dinheiro e não tem como primazia o homem e o bem comum; que não olha aos meios para alcançar os fins e acredita na recaída favorável que não se verifica na prática nos países desenvolvidos. Contudo o discurso do Papa radica-se apenas no Evangelho, não numa ideologia ou teoria económica, inclusive opõe-se ao consumismo como alternativa, dispensa Deus para a realização do Homem e acredita que se alcança o céu na terra, a nossa casa comum, pela posse de bens.

Um pequeno livro que abana consciências e se centra no apelo de Francisco para a mudança de paradigmas económicos que têm orientado a civilização nas últimas décadas. Recomendo a todos os que se preocupam com a sociedade, o cristianismo e a justiça social no mundo atual.

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Foi preciso uma nova perseguição aos Cristãos, desta vez aos grupos minoritários no médio oriente muçulmano e uma ameaça de guerra que se serve do Islão para um combate ao ocidente tradicionalmente cristão mas de gestão preferencialmente laica, para que o líder Católico Romano e o líder Ortodoxo Russo se encontrassem ao fim de um milénio de costas viradas entre si. Mas mais vale tarde do que nunca!

Como Cristão de fé ligado ao catolicismo, talvez mais por cultura e tradição do que por particularidades dogmáticas pois não sou um fundamentalista de dogmas que foram surgindo ao longo dos séculos na Igreja, faz-me confusão como modos de expressão religiosa diferentes e relativos a um mesmo credo inicial, que professa um Deus de Amor, se separem por questões dogmáticas depois do credo estabelecido durante a passagem do império romano de pagão a cristão e fiquem de tal modo antagonizados que mais se combatam entre si do que se aliem durante tanto tempo no anúncio da Boa Nova que acreditam ambos.

Como ecuménico que sou, espero que esta seja uma oportunidade para que as duas grandes confissões mais antigas do cristianismo sejam capazes de no futuro possam vir a andar como irmãos que no essencial acreditam em Jesus Cristo como o Filho do Deus Único, que se fez Homem, pregou, morreu e Ressuscitou por Amor à Humanidade… convencidos deste cerne não percebo divisões substanciais

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Amanhã o Papa Francisco irá canonizar dois papas da segunda metade do século XX, por coincidência dois que com que a minha vida se cruzou nos respetivos pontificados:

JohnXXIII

João XXIII, papa desde 28 de outubro de 1958, era o líder do catolicismo à data do meu nascimento, funções que terminaram em 3 de junho de 1963. Promoveu a maior revolução na forma de pensar a Igreja em sociedade laica e global no mundo do seu tempo, levando para o efeito a iniciativa de organizar o Concílio Vaticano II, e se apenas a um chefe supremo do catolicismo nos últimos 100 se pode chamar progressista, sem dúvida alguma que João XXIII leva a dianteira. Revolucionário não tanto na política mas na busca do caminho de se ser Igreja e cristão nos tempos de hoje, tornou-se num símbolo de popularidade na comunicação social, isto numa época em que esta dava os primeiros passos para ser o meio mais eficaz de influenciar a massas e fazer novos ídolos.

Jan_Paweł_II

João Paulo II, o primeiro papa não italiano após vários séculos, foi eleito em 16 outubro de 1978 e terminou as suas funções a 2 de abril de 2005, foi talvez o papa mais popular do século XX, sobretudo pelo sua simpatia e quase juventude no início do seu pontificado, por ser o homem peregrino visitando quase todos os povos do planeta, dignificação da velhice, do papel do idoso com chamada de atenção para o respeito na doença já no final do seu longo mandato e sempre um génio na forma de passar a mensagem na comunicação social. Não foi um revolucionários religioso, até foi um período de estagnação na reflexão na forma de ser igreja nos tempos atuais, o seu pontificado pautou-se pelo silêncio de muitos problemas que avassalavam a hierarquia religiosa, foi revolucionário na política, por isso não admira que tenha sido o primeiro Papa a ser visitado por um presidente dos EUA não católico que lhe reconheceu a sua influência na luta às ditaduras comunistas na guerra fria.

Comum aos dois papas amanhã canonizados foi mesmo a respetiva empatia com os meios de comunicação social. Em termos religiosos, ao progressismo do primeiro vingou o conservadorismo no segundo. O Papa Francisco partilha com eles o mesmo tipo de popularidade e facilidade de comunicar… resta-me saber o resto, vivemos num mundo onde a materialidade das palavras agradáveis tendem a dominar e a ofuscar as exigências de fundo das ideias globais e a coerência dos atos.

(imagens extraídas da wikipedia)

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Não tenho complexo em assumir-me crente e cristão nesta Europa e Portugal secularizado onde assumir a fé e dizer-se em público praticante, que se reza e vai à missa não é algo muito frequente.

Assumo que conheço mais textos oficiais do beato João Paulo II e de Bento XVI do que do atual papa Francisco, mas este último reuniu num ano à sua volta uma unanimidade de apoio popular e uma visibilidade na Comunicação Social que levou anos a ser alcançada pelo papa polaco e nunca conseguida pelo emérito.

Assumo também que do que li publicado por Papa Francisco na sua exortação apostólica a comunicação social divulgou com maior intensidade as ideias mais populares e deixou cair as mais incómodas, falou-se muito de que esta economia mata, mas esqueceu-se que também criticou a visão consumista desta e que temos de dizer não à nova idolatria do dinheiro.

É também verdade que por palavras atos o Papa Francisco tem tido atitudes que diferem do tradicional conservadorismo de costumes da igreja: a frase “não existe mãe solteira mas apenas mãe”, ele mesmo batizou crianças de pais em união de facto, não ostracizou os homossexuais, abandonou um conjunto de ostentações de luxo da cúria e tem tido palavras muito duras para os que na Igreja ocultaram a pedofilia.

Todavia, a verdade é que em matéria de fé não alterou nada dos seus antecessores, as exigências do catolicismo mantém-se nas questões de fundo: a Igreja continua a não tratar igual a Mulher, a quem não lhe é reconhecido a possibilidade para receber o sacramento da ordem como  ao homem; tem-se furtado a falar abertamente do aborto ou da eutanásia e se há condições em que estas ações sejam aceitáveis na doutrina ou o que dirá sobre o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo… quando falar abertamente destes temas o que acontecerá?

Gosto do papa Francisco, mas há que reconhecer que desde a génese da Igreja foram as verdades incómodas que lhe marcaram o caráter, não o consenso e a popularidade, e Jesus foi condenado à morte pelas perturbações que introduzia na sociedade, tanto nas críticas aos poderosos, como no apelo à mudança em todos os outros, como é evidente com aquela frase à adúltera “vai e não voltes a pecar”…

Por enquanto prevalece o populismos… veremos se o Papa será capaz de trazer a mudança às pessoas que hoje o aplaudem nas coisas populares e  se manter-se-á sempre tão popular perante as exigências da Lei ou, como no caso jovem rico, então muitos lhe virarão as costas, pois se Cristo era tolerante, as suas exigências não eram fáceis e populistas.

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O Papa Francisco assume que considera a doutrina marxista equivocada, mas não se ofende se lhe chamarem marxista.

O atual chefe máximo da Igreja continua assim a não se incluir em nenhum rótulo ideológico, mas mostra que respeita os valores positivos que as pessoas defendem e que comungam com ele em termos de sede de justiça, independentemente do seu campo de pensamento individual.

O Papa Francisco continua assim na sua senda de falar sobretudo dos valores sociais do Evangelho nos tempos atuais, algo que o topo da Igreja timidamente fazia nas últimas décadas, pois estava mais preocupado com os ataques vindos de URSS e por isso aliando-se excessivamente a um ocidente egoísta que sem perseguir diretamente a fé, se ia tornando indiferente às religiões, exceto o medo do terrorismo islâmico. Por isso, penso eu, esforçou-se mais em falar de valores dogmáticos do que sociais e em criticar o marxismo esquecendo os vícios do capitalismo mais recente.

A Igreja nesta mudança de agulha terá de procurar o equilíbrio e desejo abertamente como cristão que o Papa Francisco seja o farol necessário nos tempos que correm

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