Não é fácil num único artigo falar de tudo o que representou a noite das eleições europeias ao nível nacional, regional e europeu.
Em primeiro lugar em termos nacionais o dado assustador é o da abstenção de 66%, 2 em cada 3 portugueses ficaram em casa. Entre os que votaram, o Partido Socialista é o mais votado mas nem chega a 31,5% e os partidos do Governo coligados ficam a apenas 3,74 pontos de distância com 27,71%. Muito mau para o conjunto dos denominados partidos do arco da governação e a não descolagem do PS não augura nada de fácil interna e externamente do seu líder no caminho para as legislativas. Seguro não consegue cativar os descontentes por mais que diga que é neste que está a alternativa e se PSD e PP tendem a ter mais votos quando concorrem separados as facas longas dentro da coligação e no partido que recolheu mais votos vão começar a sair da escuridão para sobrevivência de cada um dos dois partidos.
A CDU, o partido conhecido por melhor mobilizar os seus eleitores, sobe significativamente na percentagem, mas em termos de votos expressos não aumenta a sua base tradicional de modo significativo, não sai da casa dos 400 a 450 mil. O MPT é sem dúvida a surpresa da noite sobe em votos e decuplica em percentagem face a anteriores europeias e mesmo significativamente em termos de legislativas e o BE por este caminho deixará de ter expressão política popular, apenas muita parra pela facilidade de acesso à comunicação social, mas agora com a sombra do Livre, a esquerda caviar de Lisboa se não adaptar, caso contrário pode ser uma ponte ou um pilar na esquerda para uniões entre partidos.
Com os dados disponíveis até ao momento tudo aponta para que a distribuição de mandatos sejam 8 para o PS, 7 para a Aliança Portugal, 3 para a CDU, 2 para o MPT e 1 à rasquinha para o BE.

foto sapo
A partir daqui temos uma vitória anémica do PS que cheira a derrota parcial face à dimensão do trambolhão do PSD-PP e Seguro está cada vez mais inseguro e fragilizado para o futuro. Passos e Portas terão muito a refletir, mas nestas eleições não verão que estejam definitivamente condenados a sair da cena política, estes resultados até podem ser uma prancha para se salvarem dado terem uma rosa murcha pela frente. A CDU sentir-se-á reforçada de legitimidade, mas todas as vezes que se vir o número de votos da sua base eleitoral, que não estica, saberemos que não é por ali a alternativa. Marinho e Pinto poderá vir a ser alguém na política nacional e o BE nem sei como será o seu futuro se não mudar de discurso.
Chocando agora todos, um dos vencedores da noite é Cavaco Silva, que sempre apelou ao entendimento dos partidos do arco da governação e de facto a manterem-se as tendências destas eleições em futuras legislativas o PS-PSD e quiçá PP sentir-se-ão mesmo obrigados pelo voto popular a chegarem a um acordo que Seguro recusou vindo da Presidência e talvez fique condenado em posição mais frágil a obedecer por imposição popular.
O PS de Seguro perde ainda o seus maior aliado e figura de referência na Europa: o PS de Hollande, assim, quanto mais em termos nacionais dizem que os socialistas alcançaram uma das vitórias mais expressivas da União, mais realçam o isolamento e a fraqueza dos aliados socialistas europeus, pois é sinal que no resto da União eles ainda estão mais fracos, logo com maior dependência do PPE com Merkel que mesmo assim resistiu e venceu e dos partidos que não são solidários com os povos dos sul e com políticas eurocéticas e extremadas.
Na noite das Europeias pouco se falou da Europa, mas esta de facto com desgaste continuou a votar à direita democrática e infelizmente a reforçar fortemente a extrema direita, por isso a esquerda nacional está cada vez mais isolada e terão de ser os Portugueses, sem votar ou votando, que terão de encontrar as soluções para se salvarem da crise em que estão mergulhados… a solidariedade com Portugal continuará adormecida para os projetos que têm como argumento estender a mão à ajuda da Europa como tem discursado Seguro, o homem que parecendo que não, foi o que mais saiu fragilizado da noite…
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