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Posts Tagged ‘livros’

Manipulação

Uma obra jornalística que desmonta 24 casos que vão de atos de terrorismo a operações de espionagem e revolucionárias que tiveram a mão de Estados na tentativa de acusar outros País ou fações políticas para conquista do poder internamente ou internacionalmente.

Apesar de a maioria dos casos serem de operações levadas a cabo por países democráticos e contra os princípios deste modelo governativo, muitas delas levadas a cabo durante a guerra fria, também existem alguns que foram promovidos por ditadores como Estaline e Hitler e outros por democracias atuais musculadas ou autoritárias com o poder concentrado sobretudo no líder do País.

Um livro que evidencia que não são apenas as redes sociais que criam fake news ou desvirtuam a verdade dos factos, a política está cheia de casos desses.

Disponível em formato livro ou ebook aqui.

 

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Homo

Li o ebook Homo Deus do israelita Yuval Noah Harari em inglês por não existir em suporte digital na língua de Camões em Portugal, uma vez que a edição brasileira não é comercializada na Europa por direitos editoriais, mas esta obra encontra-se traduzida em papel e pode adquirir-se no nosso País aqui.

Na cultura ocidental o Homem desde o início quis ser igual a Deus, é esta a tentação feita a Eva. Durante milénios o mal: a fome, a guerra, a doença e a morte foram vistos como resultado de castigos de Deus ou caprichos dos deuses, esse que movia(m) os cordelinhos que o Homem não dominava. Harari evidencia que nos últimos séculos a humanidade, através da ciência e tecnologia, foi eliminando (pelo menos nas regiões mais desenvolvidas) a fome e muitas das epidemias, tornando-se cada vez mais dona de si, até que se tornou autoconfiante e nasceu o Humanismo onde o Eu do Homem passa a ser o centro e relega Deus para longe.

Humanismo tornou-se uma nova religião e no século XX a política conseguiu criar vastas e longas zonas da Terra sem guerra, a esperança de vida aumentou e já há a busca do grande elixir da vida longa e o Homem sente-se como o deus que gere o seu destino.

Nas últimas décadas a Inteligência Artificial tornou o atributo para muitos característica exclusiva do Homo sapiens numa realidade exterior ao próprio homem e a tecnologia passou a ser capaz de criar ciborgues que substituem danos no corpo e inclusive podem melhorar a suas limitações e arriscamo-nos a criar Super-homems. Só que o humanismo e esta nova via de seres que superam o Homem têm genes que colocam em riscos o próprio Homem e as questões que isto levanta e as preocupações são o cerne do desenvolvimento deste livro.Até onde vai este Homo Deus? Qual o futuro do Homem com sentimentos? Esses seres Inteligentes que criamos sem sensibilidade e exclusivamente lógicos tratar-nos-ão como nós tratámos os animais domésticos? Será o Homem um mero algoritmo que pode ser independente de si mesmo?

Um excelente livro cheio de inquietações que vale a pena ler, onde se fala das religiões das modernidade sem Deus mas que criam o mesmo fanatismo das religiões do passado sem a moral que estava na respetiva base.

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ordem

Este livro é uma lição de história porque a Europa se viu mergulhada em frequentes guerras na falta de uma ordem internacional, como se ultrapassou essa fase conflituosa pós 1648 com os acordos de Vestfália, os falhanços no tempo de Napoleão e das 1.ª e 2ª Grande Guerra até à realidade de hoje, reconhecendo as características do mundo islâmico, a cultura asiática e outras áreas que podem desembocar num confronto global se não surgir uma ordem de entendimento adequada aos nosso tempos.

Hoje em dia muitos comentam e opinam sobre questões políticas nacionais e internacionais lendo pouco sobre grandes pensadores, as ideias subjacentes aos intervenientes que foram grandes estadistas ou motores no moldar o mundo e até sem conhecimento da história. Henry Kissinger, não só foi um importante agente da história na décadas de 1960/70, como Secretário de Estado de Nixon e de Ford, como foi prémio Nobel da paz em 1973.

Assim, Kissinger é uma pessoa que fala com conhecimento de causa sobre os problemas globais de hoje que colocam em risco a paz mundial e aponta aspetos a ter em conta para se encontrar um equilíbrio duradouro no entendimento dos povos e culturas à escala global, alertando para comportamentos de hoje que dificultam não só a perceção do problema como para a definição de entendimentos que urgem ser feitos antes que seja tarde.

Este livro faz uma excelente análise do mundo de hoje, embora não isenta, pois é vista na perspetiva de um político norteamericano arreigado aos ideais do seu país e aos interesses do mesmo. Mas Kissinger também mostra abertura suficiente para reconhecer outras realidades e assumir que apesar dos Estados Unidos deverem ter um papel crucial nesta matéria, também não podem impor os seus valores e objetivos ao mundo e por isso a conciliação implica aceitar e equacionar soluções onde todos se sintam devidamente representados e não subjugados a uma cultura, religião ou mentalidade de outra parte de que não a sua, onde o seu legado histórico e mentalidade é simplesmente menosprezado.

Um livro que vale a pena ler por quem se interessa em compreender como este mundo foi estabelecido e como pode ser destruído de uma forma avassaladora se não atendermos a pormenores essenciais que sustentam este civilização global.

A obra está disponível aqui.

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ascensão

O livro “Portugal ascensão e queda” expõe a estratégia de sobrevivência da independência de um Portugal pequenino face à muito mais poderosa Castela e depois Espanha, o que permitiu que este País sobreviva há mais de 800 anos contra dificuldades que praticamente o tornavam inviável quase desde o início.

Apesar disso, Portugal, com inteligência peculiar, sobreviveu à crise de 1383-85 dando voltas às regras de legitimação de um rei e preservando a sua independência com a implantação da dinastia de Avis, a que tornou o fraco Portugal numa potência mundial contra todas as possibilidades.

Depois dá-se o declínio e perda da soberania em 1580, mas o autor explica porque D. Sebastião não agiu em Alcácer Quibir por leviandade como muitos têm dito, fazia sim parte da mesma estratégia que obrigava o País a arriscar para sobreviver. Correu mal, mas havia uma lógica coerente no objetivo.

Depois das dificuldades, foi a persistência de mito do sebastianismo que permitiu a restauração da independência, foi a estratégia original de sobrevivência que permitiu novamente contra as regras a dinastia de Bragança prosseguir com este reino separado de uma Ibéria unida a Madrid e foi esta peculiar estratégica de Portugal que fez Napoleão tropeçar por cá, que permitiu perdurar o domínio colonial e até a longa duração do poder de Salazar e foi o afastamento acelerado desta via que fez com que a descolonização fosse mal feita e desse origem a outras guerras.

O 25 de Abril abriu novas possibilidades, houve pertinências e oportunismos, hoje há um saudosismo da imagem de glória de passado, mas talvez um esquecimento da continuação da estratégia que permitiu Portugal sobreviver.

Jaime Nogueira Pinto, sendo um pensador desalinhado com o politicamente correto, mesmo com algumas ideias extremistas e sem sofrer de hostilidade preconcebida a Salazar e ao seu regime, também permite apontar aspetos que outros censuram à partida e por isso vale a pena ler o livro para se ter uma visão mais completa do porquê de Portugal ser como é hoje. Depois cada um pense por si mas detentor das várias visões da história deste País.

 

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Como nasceram os Estados e as Nações nas diferentes partes do Mundo? Porque uns, apesar de condições naturais semelhantes, são hoje casos de sucesso de desenvolvimento socioeconómico humano e outros colapsaram e deixam grande parte do seu Povo na miséria? É esta abordagem global que Fukuyama faz e interpreta a partir de países exemplos de vários continentes neste livro que vai dos primórdios da humanidade até à revolução francesa e industrial.Fukuyama1

Resenha deste livro aqui

A partir do início do século XIX as ideias políticas das funções do Estado mudaram substancialmente, a responsabilização dos governantes começou a prevalecer sobre o absolutismo, o sistema liberal e o comunismo confrontaram-se, houve um novo modelo de colonização europeia e uma descolonização que novamente resultaram em casos de sucesso em todos os continente e muitos falhanços, até na Europa, coexistem Estados ricos, pobres, fracos, fortes, totalitários e democráticos e pelo planeta houve países que regrediram e outros progrediram apesar de características naturais semelhantes. Porquê este declínio e o fosso entre tantas nações? É a continuação da análise de Fukuyama da evolução dos Estados nos últimos 200 anos, entrando mesmo no século XXI.

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Resenha deste livro aqui

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mudartudo

Tudo pode mudar – capitalismo vs. clima” é um livro de uma jornalista canadiana, Naomi Klein, no qual se considera que as alterações climáticas  resultantes das emissões dos gases estufa tanto podem resultar numa catástrofe global de dimensões apocalíticas ou a ameaça ser de tal forma agregadora da humanidade que permita mudar o estilo de sociedade capitalista atual para um novo modelo em equilíbrio com a natureza e mais justo.

Apesar de o cerne do livro ser mesmo a preocupação climática da jornalista, é em paralelo um manifesto agressivo anticapitalista e um apelo de mobilização global contra a extração do hidrocarbonetos, sobretudo, pelo métodos mais extremos que a tecnologia moderna permite e muito mais impactantes, os quais ainda por cima têm efeitos retardadores na adoção de soluções alternativas não poluentes, ampliando assim os efeitos catastróficos da exploração predominante atual.

Na minha opinião a mistura ideológica de radical de esquerda com a preocupação ambiental envenena a mensagem e divide as pessoas em bons contra maus de direita e conservadores, onde praticamente não há meio termo e nestes últimos não haja bom-senso ou preocupações com a justiça ou o ambiente.

Deduzo do livro que além das multinacionais do petróleo negarem as alterações climáticas, todos os céticos e negacionistas estão ao serviço destas e do capitalismo, enquanto os movimentos de protesto de extrema-esquerda e os governos do Equador, Venezuela e afins, bem como o Syriza são bons exemplos sem defeitos ou erros. Apesar de alguns casos de intervenção social relatados me parecerem não ter nada de ideologia política e aqui surgirem colados ao campo da jornalista pelo estilo da narrativa.

Numa coisa estou plenamente de acordo com esta ornalista: o modelo económico extrativista/capitalista, como ela lhe chama, bem como o discurso consumista ou neoliberal me parecem insustentáveis ambientalmente e tanto por alteração climática ou outros desequilíbrios pode desembocar numa catástrofe se a civilização global não mudar para um modelo mais humanamente justo e em equilíbrio com a natureza e esta mudança tem muitos inimigos que envenenam a discussão.

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Mente Livre não é de literatura, mas sim de análise social e política, por isso os livros que aqui falo não são de ficção. Ao longo do último ano um livro me ensinou muito sobre o diferendo entre o Ocidente e o mundo islâmico e ainda a questão dos refugiados, daí a minha recomendação no Dia Mundial do Livro: “O Islão e o Ocidente – A grande discórdia” de Jaime Nogueira Pinto. Um obra bem atual que explica a fundo as caudas desta problemática civilizacional.

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economiamata

O livro “Papa Francisco – Esta economia mata” da autoria dos jornalistas católicos e vaticanistas: Andrea Tornielli e Giacomo Galeazzi, procura esclarecer o que está na mente do Papa Francisco ao criticar duramente o sistema económico capitalista atual: será uma ideologia política ou uma mensagem evangélica?

A obra esclarece a dúvida se por detrás de Jorge Mario Bergoglio se esconde um marxista, não só informando as razões da escolha do nome Francisco, como a sua opção estratégica de centrar a mensagem na preferência pelos pobres. Depois expõem-se diversas declarações e ações deste papa que geraram desconfiança em católicos conservadores e simpatias em fações políticas de esquerda, centrando-se sobretudo na sua exortação apostólica Evangelii Gaudium.

No livro  destaco as seguintes abordagens: (1) o enquadramento da Evangelii Gaudium em todas as anteriores encíclicas da doutrina social da Igreja, iniciada por Leão XIII com a Rerum Novarum no século XIX, evidencia-se que Pio XI há 80 anos foi bem mais duro que Francisco e já Bento XVI apontou o caminho atual; (2) expor as críticas dos setores conservadores católicos que pensam o capitalismo como a via económica mais cristã; (3) entrevistar estudiosos economistas italianos que se reveem nas palavras de Bergoglio; (4) mostrar as razões da via ambientalista que foi o tema da encíclica mais recente Laudati Si e já posterior à publicação desta obra e,  (5) uma entrevista direta ao Papa sobre as dúvidas levantadas nos crentes pelas suas palavras discutidas nesta obra.

O livro não só revela o pensamento de Francisco, como demonstra que a doutrina social da  Igreja há mais de um século é crítica de um capitalismo que idolatra o dinheiro e não tem como primazia o homem e o bem comum; que não olha aos meios para alcançar os fins e acredita na recaída favorável que não se verifica na prática nos países desenvolvidos. Contudo o discurso do Papa radica-se apenas no Evangelho, não numa ideologia ou teoria económica, inclusive opõe-se ao consumismo como alternativa, dispensa Deus para a realização do Homem e acredita que se alcança o céu na terra, a nossa casa comum, pela posse de bens.

Um pequeno livro que abana consciências e se centra no apelo de Francisco para a mudança de paradigmas económicos que têm orientado a civilização nas últimas décadas. Recomendo a todos os que se preocupam com a sociedade, o cristianismo e a justiça social no mundo atual.

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numeros

Livro disponível aqui

Tal como o título refere, o livro “Os números da desigualdade em Portugal”  de Eugénio Rosa está recheado de tabelas e de gráficos com números, todavia não só o autor assume à partida que as desigualdades no País estão a aumentar, como toda a recolha e tratamento dos dados estatísticos, que são de entidades públicas, não são tratadas de uma forma isenta, mas no sentido de demonstrar este facto e, sobretudo, de o valorizar.

Apesar de ser conhecida a ideologia comunista de Eugénio Rosa, não se pode acusá-lo de desonestidade inteletual nesta obra, ele próprio assume no texto esta intencionalidade do livro “No entanto, mesmo numa matéria tão sensível e importante, a posição de classe do autor (os interesses de classe que ele defende) condiciona os objetivos da investigação, a metodologia e até as matérias investigadas. Também aqui as ciências sociais não estão acima dos interesses de classe que se confrontam na sociedade. Procurar esconder isso é tentar enganar o leitor.”. A partir daqui já se sabe ao que se vai, muitos dados são evidentemente sinais diretos de que a desigualdade de facto se tem agravado em Portugal há vários anos e mais intensamente com o resgate, mas outros foram trabalhados de forma a se conformarem à demonstração do objetivo e quem tem acompanhado a governação nos últimos anos pode até sentir que alguns aspetos não foram incluídos por poderem perturbar a conclusão pretendida.

Apesar do acima referido, o livro tem uma longa coletânea de dados e denúncias de problemas sociais que a crise agravou, as soluções apontadas no fim, na sua maioria, também se enquadram na ideologia do autor (nacionalizações de todos os setores estratégicos por exemplo), algumas sente-se as dificuldades de concretização pelo autor (investimentos públicos não especificados apesar de se condenar os famosos elefantes brancos até 2011) e omite-se que algumas conduzem mais a um empobrecimento de todos do que ao enriquecimento dos mais pobres, mas reconheço que com estou de acordo com outras (por exemplo a taxa Tobin, mais impostos para os rendimentos de capitais e grandes heranças). Aprendi alguns dados sobre o estado da nação e da vida povo português, embora seja uma obra demasiado tendenciosa.

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O Islão e o Ocidente, a grande discórdia” de Jaime Nogueira Pinto é um síntese da história das relações diplomáticas, guerras e tensões entre o mundo ocidental dito cristão e os povos do oriente na sua maioria convertidos ao islamismo desde o aparecimento desta religião até à atualidade.

Apesar de muitas vezes se atribuir este tipo de tensões como fruto da intolerância destes dois credos religiosos, o livro demonstra que se a fé pode ter fomentado guerras entre as partes, não foram menos importantes os interesses políticos e geostratégicos, muitas vezes dentro do mesmo bloco, dos países envolvidos no envenenamento das relações entre os mundos ditos cristão e muçulmano e, presentemente, até o laicismo e ateísmo militante que grassa nalguns Estados do ocidente é um fator que fomenta discórdia e terrorismo dito religioso.

O autor denuncia acontecimentos como as cruzadas e os interesses paralelos não religiosos dos interveniente que comprometeram negativamente estas relações, bem como outros momentos que alimentaram a desconfiança e o ódio, como o surgir e a expansão do império otomano, a evangelização nas descobertas em paralelo com motivações económicas e coloniais, a coligação estratégica da Europa para desmantelar o domínio turco, a descoberta do petróleo e sua importância na industrialização, as rivalidades entre xiismo e sunismo, o colonialismo, a guerra fria, o laicismo agressivo, a primavera árabe e o sionismo. Tudo pesa e mistura aspetos de crença, orgulhos nacionais, visões fanáticas, sedes de justiça e de liberdade.

No fim fica claro que neste relacionamento não há soluções fáceis nem verdades racionais absolutas pois tantas são as variáveis e complexas onde em ambos os lados há culpados e inocentes, interesses ocultos e aproveitamentos demagógicos.

Um excelente livro de fácil e rico de informação, onde o papel de Portugal na história não é omitido, que recomendo para melhor se compreender o que está na origem e distingue a Al-Qaeda do DAESH, as motivações, os erros do ocidente e as suas sequelas, a revolução do Irão, as guerras do Afeganistão, do Golfo e da Síria, a primavera árabe, os refugiados e o terrorismo jihadista e os equilíbrios precários que ligam tudo isto e inclusive os posicionamentos atuais que do lado de cá e de lá continuam a inflamar esta discórdia.

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