O meu artigo de ontem no diário Incentivo:
A RESISTÊNCIA DO GOVERNO DOS AÇORES E A VERDADE DE FACTO
Desde o século XIX com o reforço do papel político dos parlamentos com deputados eleitos para apreciar a ação governativa, que a retórica, ou seja a arte de falar ou de se expressar bem, passou a ser uma ferramenta excessivamente importante no discurso dos políticos para camuflar a verdade.
Assim se muitas vezes quem está no poder critica as oposições por estas terem um discurso populista, demagógico e irrealizável apenas para aliciar os eleitores, não é menos verdadeiro que os governantes e seus apoiantes usam e abusam da mesma ferramenta para esconder os seus falhanços, incompetência ou mesmo a má vontade em atender a vontade popular.
Desde há mais de três meses que foram dadas todas as condições ao Governo dos Açores para este aumentar o diferencial fiscal entre a Região e o Continente e deste modo baixar os impostos, nomeadamente o IVA e o IRS que todos os Açorianos pagam.
Desde há três meses que, ora invocando necessidades compensatórias das receitas obtidas com o atual nível de impostos, ora argumentando a consulta a entidades regionais, ora simplesmente acusando as oposições de oportunismo e outros atributos por insistirem n baixa dos impostos, a verdade é que o Governo de Vasco Cordeiro/ Sérgio Ávila e o partido que o apoia não param de arranjar desculpas para disfarçar a grande verdade: o Governo dos Açores não quer baixar os impostos a todos os Açorianos e não tem coragem de assumir esta realidade.
Já me cansam os subterfúgios de retórica para esconder esta verdade incómoda do Governo dos Açores e que está nas mãos do PS-Açores decidir. Contudo, é incompreensível que um executivo que se gaba de ter as contas públicas saudáveis e sem défice (apesar de tudo o que sabe e se suspeita ao nível das dívidas da SATA, da Saudaçor, da Atlanticoline, da SPRHI, etc.) e assume ser contra a elevada carga fiscal imposta por Lisboa, um poder que diz ser anti-austeridade, continue, semana após semana, no parlamento ou fora dele, a apresentar desculpas para não ter baixado ainda os impostos e até nem sabemos para quando esta medida vai ser implementada no Arquipélago.
Aceito que o Governo dos Açores por motivos financeiros para a execução do seu programa não queira baixar os impostos aos Açorianos, o que não tolero é a cobardia e a demagogia em torno do objetivo de esconder desta verdade e intenção de Vasco Cordeiro e Sérgio Ávila de não quererem baixar os impostos. Acredito que se fosse justificada por solidariedade séria e desinteressada ou para implementar uma estratégia credível para desenvolver os Açores, o Governo poderia apresentar os seus argumentos e estes serem aceites pelo Povo, apesar da falta que fazem mesmo a algumas famílias todo e qualquer euro que lhes seja retirado,
Agora irritam-me estes artifícios para disfarçar a má-vontade do executivo em baixar os impostos nestas ilhas e só concebo dois motivos para o Governo de Vasco Cordeiro e Sérgio Ávila não quererem dizer toda a verdade:
1 – Este dinheiro que retira a mais aos Açorianos de forma forçada destina-se a um fim político menos aceitável aos cidadãos, por exemplo cobrir os custos de certos empregos criados para satisfazer os vícios dos boys ou a propaganda desnecessária do partido e dos governantes à custa dos contribuintes, ou,
2 – Este dinheiro que retira a mais é necessário para cobrir as reais dívidas escondidas pelo Governo dos Açores e que o Vice-Presidente escamoteia nos seus discursos autoelogiosos sobre a sua boa gestão financeira responsável e competente ou os custos do desemprego que demonstram e denunciam a real atrofia da economia açoriana.
Quero crer que seja esta última hipótese a que mais se aproxima da realidade, pois moral e eticamente até prefiro que não seja para os fins egoístas de benefícios partidários considerados na primeira razão o motivo por que o Governo dos Açores teima em não baixar os impostos a todos os Açorianos, tendo cobertura e margem legal para isso e o apoio de todos os partidos da oposição.
Desejo que o incómodo gerado por estas desculpas esfarrapadas para adiar esta descida de impostos comece rapidamente a se tornar insuportável ao Governo dos Açores para que aconteça com a maior rapidez possível a descida politicamente viável. Entretanto, teimosamente, Sérgio Ávila continua paulatinamente a espoliar de forma legal todos os Açorianos de uma fatia dos rendimentos do trabalho destes, e o PS-Açores lá vai recusando as propostas de recomendação que vão sendo colocadas na Assembleia Regional para agilizar esta descida e acusando Açorianos de não serem solidários quando estes sabem que estão a ser espoliados por aquele partido.
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