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Posts Tagged ‘geologia’

Há vários mecanismos que geram tsunamis ou maremotos, se os sismos são os mais frequentes, outros são bem conhecidos e não são raros os movimentos de massas de deslizamentos de gelo e terras para dentro de água ou em fundos destes reservatórios, além de explosões vulcânicas cuja mais famosa é a do Cracatoa em torno do qual hoje ocorreu o tsunami de ontem que ESTUPIDAMENTE a proteção civil Indonésia não soube interpretar os sinais, levando à não adequada defesa de vidas humanas, o que deveria ser o seu papel.

Todos os tsunamis tem uma causa anterior, os movimentos de massa dão registos nos sismógrafos, tal como as explosões vulcânicas, as avalanches e até as quedas de meteoritos, por isso algo falhou no sistema de Proteção Civil indonésio que em vez de alertar acalmou as pessoas antes de serem atingidas pela catástrofe cujas consequências poderiam ter sido minimizadas…

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Como se não bastasse já a ameaça de uma tempestade tropical, os Faialenses foram acordados esta noite por um sismo à 5h11’45” com epicentro a cerca de 30 km a oeste do Faial, magnitude de 3.9 Richter, segundo o CIVISA, que pode ter atingido a intensidade máxima na ilha de V na Escala de Mercalli Modificada.

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Este evento insere-se numa crise que já está a decorrer há algum tempo nesta zona, área onde tem ocorrido quase todos os anos uma ou mais crises de sismos tectónicos e de onde, desde que há cobertura destas ocorrências por sismógrafos nos Açores, nunca resultou em sismos de magnitude tão elevada que provocassem danos significativos no Faial.

Assim, atendendo ao historial da zona,o mais provável é que ocorram mais sismos, mas sem se prever uma situação grave, tal não invalida que as pessoas não estejam preparadas, pois devem-no estar sempre dado o elevado risco sísmico inerente a estas ilhas, e seguir atentamente os comunicados da Proteção Civil e do CIVISA  e a respeitar as respetivas indicações.

Para já, como geólogo habituado a acompanhas estas situações, recomendo apenas calma e boas-práticas para este tipo de situações.

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Imagem da Wikipédia – Serapi em Pozzuoli

Hoje é o dia de visita a Pozzuoli, uma antiga cidade à beira-mar anterior ao Império Romano a oeste de Nápoles, com muitos edifícios da antiguidade, mas que se situa dentro de uma caldeira vulcânica costeira e parcialmente submarina de um grande vulcão: Campi Flegrei ou Campos Flegreanos.

Tal como acontece em muitos edifícios de vulcões ativos, estes tem a particularidade de ao longo do tempo se deformarem, havendo zonas que ora sobem ou descem, cone vulcânico como que “incha” ou “encolhe”, inflação ou deflação, em função de movimentos do magma sobem ou descem dentro do edifício. Ora como esta caldeira se situa na costa parte dos edifícios costeiros e o porto ficam expostos a serem ora galgados ora a assistirem ao recuo das águas, transgressão e regressão, assim com o decurso dos anos, as ruínas romanas da foto que foram construídas em terra, já estiveram parcialmente submersas e agora estão emersas e bem acima da água, mas com sinais de erosão marinha, tal como já ocorreram portos que ficaram acima ou submersos pelo mar.

Em torno desta cidade existem ilhas resultantes de cones vulcânicos dentro da caldeira mas dentro do mar, bem como zonas dispersas com fumarolas, a mais conhecida é Solfatara, algo do género do que se observa nas Furnas em São Miguel e onde também se fazem cozidos enterrados no solo.

Pozzuoli é rica em piroclastos vulcânicos com grande percentagem de sílica, composição química que os romanos descobriram servir para produzir uma argamassa útil à construção civil: cimento (concreto no Brasil). Esta matéria-prima tem agora o nome de pozolana devido ao nome desta cidade, e muita da grandeza arquitetónica do Império Romano resulta desta descoberta, sendo o Panteão Romano o exemplo máximo da antiguidade do engenho do homem na construção de um grande monumento com cimento.

O mesmo observatório que acompanha a atividade do Vesúvio também monitoriza o vulcão de Campi Flegrei e sem dúvida esta é uma cidade muito exposta aos riscos vulcânicos e uma erupção deste pode igualmente afetar significativamente Nápoles, embora pelo impacte paisagístico do Vesúvio popularmente poucos de lembram que os Campos Flegreanos constituem um dos complexos vulcânicos mais perigosos da Terra.

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Pompeia arqueológica – Imagem Wikipédia

Hoje é o dia que dediquei à visita da cidade de Pompeia que a erupção do Vesúvio no ano de 79 DC soterrou  completamente e está hoje a ser exposta através de escavações arquelógicas que mostram aos visitantes a dimensão, a riqueza e o estilo de vida desta povoação de luxo, onde muitos romanos ricos vinham então passar períodos de repouso tal como hoje o fazem em muitas estâncias de férias.

Desta erupção resultou um texto com uma descrição de grande pormenor feita por um observador atento: o filósofo Plínio o jovem; Plínio o Velho, seu tio, foi então uma das vítimas do Vesúvio, o que permitiu aos geólogos saberem com grande pormenor o evoluir dos acontecimentos  e caracterizar o estilo eruptivo com um nome em honra deste sábio: Atividade Eruptiva do Tipo Pliniano, uma das mais perigosas pelas explosões que tem associadas e projeção de piroclastos quer sob a forma de queda de pedra-pomes ou de cinzas, quer sob a forma de escoadas piroclásticas de grande velocidade dos mesmos materiais capazes de soterrar vastas zonas, em Pompeia muitas das vítimas vaporizaram-se pelo calor, mas deixaram os moldes na cinza vulcânica e são hoje um dos elementos observáveis na estação arqueológica que é Património da Humanidade

Recordo que no Faial a formação da Caldeira resultou de uma erupção do tipo Pliniano que descrevi neste post do meu blogue Geocrusoe quando este se dedicava em grande parte da à temática da Geologia.

Para esta cidade em concreto, fica abaixo um link de um filme para as suas últimas 24h e dá para perceber não só a erupção que num dia destruiu Pompeia, como compreender o facto de a mesma ter ficado perdida até ao século XVIII, quando ocasionalmente foi redescoberta. Veja no Youtube aqui

Espero ter possibilidade de ainda postar fotografias do que observei no terreno nestas férias em Pompeia.

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Napoli

Náspoles com o Vesúvio ao fundo – Imagem Wikipédia

Por uns dias Mente Livre estará sem acompanhar as questões que normalmente reflito neste blogue, pois ando em férias e escolhi novamente a Itália, desta vez uma visita ao sul de Itália: Nápoles, a cidade à sombra do vulcão Vesúvio, capital de reino durante séculos, com um património histórico rico e famosa pelo seu ar latino, bairros populares de aspeto decadente e baía aberta ao Mediterrâneo.

Todavia, desta vez  a escolha privilegiou o património natural dos vulcões e dos seus perigos: Vesúvio que ameaça Nápoles e sobretudo pretendo visitar Pompeia, a cidade soterrada por uma erupção no ano 79 DC e hoje um local arqueológico de excelência e Património da Humanidade da Unesco; a cidade de Pozzuoli, situada dentro de uma cratera do supervulcão ativo Campi Flegrei e o conjunto de fumarolas de Solfatara pertença deste mesmo complexo vulcânico.

Se as condições o permitirem uma viagem pela costa Amalfitana da província de Salerno, debruçada sobre o mar Tirreno e também património da humanidade.

À medida que tiver tempo e internet disponível, espero atualizar os posts agendados sobre estes locais.

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No decurso da missão geológica que está a decorrer na ilha Graciosa para a avaliação da situação sísmica que afecta esta ilha desde o início do mês de Março, o CIVISA não foi autorizado pelo INOVA a realizar amostragens dos furos do Carapacho. A campanha que envolvia a amostragem de água naqueles pontos foi definida a noite passada numa reunião de protecção civil realizada na biblioteca da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa. Na ocasião, entre outras tarefas ficou acordada a referida amostragem com o apoio directo da câmara municipal, o que, no entanto, não se veio a registar pelo facto do INOVA não ter autorizado os trabalhos. Segundo João Luís Gaspar,que coordena a missão geológica na ilha Graciosa, trata-se de uma situação incompreensível tendo em atenção que em situações como aquelas em que ocorre a presente missão as prioridades de protecção civil devem, naturalmente, prevalecer sobre qualquer tipo de formalismo. Esta e outras questões que numa situação de emergência efectiva podem colocar em causa uma resposta adequada em termos de protecção civil serão hoje discutidas no âmbito de uma reunião a realizar com o Serviço Municipal de Protecção Civil.”

Texto extraído da página do Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos.

Na Itália foram cientistas para o banco dos réus por não terem emitido atempadamente em L’Aquila alertas de outros investigadores sobre um elevado risco de sismo que consideraram alarmista mas que coincidência, ou não, aconteceu e provocou mais de uma centena de mortos.

Nos Açores enquanto se investiga, deduz-se que há institutos que não dão autorização para se fazer um diagnóstico preventivo o mais completo possível sobre o que está a acontecer na Graciosa… e se a crise se agravar e houver mortos que alguém disser que se podiam ter evitado: como será?

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Apesar do título, é no texto da notícia que está o importante  a reter, estará de facto no fundo do mar a nossa maior riqueza potencial?

Numa Região onde a terra emersa é escassa e cuja meteorologia e as distâncias têm comprometido o desenvolvimento turístico que a beleza da paisagem justificaria.

Num território em que a diversidade e a quantidade de recursos piscatórios não é proporcional à vasta área da zona económica exclusiva dos Açores.

O fundo do oceano que cerca as ilhas deste Arquipélago, formado essencialmente pelo vulcanismo da crista média atlântica, reúne de facto condições geológicas para a ocorrência de importantes jazidas minerais, como sulfuretos de metais e hidratos de metano, que num planeta sobrelotado e com um consumo intenso de recursos e onde o petróleo e o gás natural estão em fase de esgotamento, podem num futuro mais ou menos próximo valer tanto como atualmente o ouro negro.

Por isso é fundamental garantir a administração das águas que nos cercam e dos seus fundos e conhecer com pormenor todas as potencialidades ali existentes para salvaguarda dos interesses dos Açores.

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Hoje o Universidade dos Açores comemora o seu 35.º Aniversário, com três campus distribuídos pelas antigas capitais de distrito do Arquipélago: Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta, este estabelecimento de ensino superior é sem dúvida um dos mais importantes frutos da Autonomia dos Açores.

Nenhum País ou Região se desenvolve sem a base do conhecimento, sem possuir uma elite bem alicerçada e onde o saber-fazer seja o motor do progresso de uma terra. O dinheiro e os recursos podem ser escassos, mas se houver capacidade de encontrar soluções um povo pode avançar, o inverso é inviável.

Com vários campos de investigação adequados à realidade dos Açores: oceanografia e pescas no centro de uma vasta área marítima; ciências agrárias em ilhas onde a pecuária e os lacticínios são um dos seus principais recursos; geologia e biologia, numa terra onde a ecologia e as crises sismovulcânicas necessitam de um acompanhamento permanente; economia numa região onde os constrangimentos obrigam a uma análise de pormenor para se conseguir ultrapassar as dificuldades; letras numa terra onde a cultura tem raízes e ramos frondosos, entre outras áreas do conhecimento. Assim a viabilidade do futuro dos Açores está intimamente ligada ao saber produzido por esta Universidade e ao engenho que os políticos tiverem no seu aproveitamento.

Esperemos que os estudantes desta Universidade depois possam ficar nos Açores e darem o seu contributo por este Arquipélago.

PARABÉNS UNIVERSIDADE DOS AÇORES

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Vivemos numa terra exposta a sismos, vulcões, inundações, ciclones, movimentos de massa, maresias e maremotos, será que estamos preparados?

Quantas vidas podemos salvar amanhã se pensarmos a sério nos riscos naturais que a nossa terra está sujeita antes que eles aconteçam?

Quantas sinergias foram desaproveitadas no planeamento de proteção civil apenas porque o partidarismo se sobrepôs ao bom-senso?

Refletir hoje para preparar amanhã é o objetivo destas perguntas.

Mensagem em memória das vítimas do maremoto de 26 de Dezembro de 2004 e de todos os outros mortos que poderiam ainda estar entre nós se a sociedade se se preparasse convenientemente para muitas das catástrofes a que se encontra exposta.

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O sismo ocorrido esta noite junto às Bandeiras do Pico parece nada ter com o Centralismo, mas depois de ouvirmos os noticiários televisivos durante a manhã, surge a explicação do título deste post.

Sismos de intensidade VI na Escala de Mercalli Modificada(EMM) em Portugal, inclusive nos Açores, não são muito frequentes e acima deste grau, felizmente, são ainda mais raros.

Já assisti à coberturas exaustivas da TVI, RTP e SIC de sismos de menor intensidade no Continente, onde entrevistas em direto quase obrigam a testemunha a contar ao pormenor aquilo que não, ou quase não, sentiu.

Hoje, a combinação de uma magnitude algo acima da média diária dos Açores com  a proximidade do epicentro a três ilhas, gerou um evento sentido em 3 ilhas e com grau VI EMM nas Bandeiras do Pico. Mas ao início desta manhã nenhum dos canais noticiosos e generalistas nacionais dava qualquer informação à população: o evento simplesmente não existia.

Na política os noticiários podem cobrir a notícia de um pederasta ciumento assassino, mas tal como o sismo das Bandeiras, a maior parte dos problemas distantes de Lisboa, Porto, Funchal ou Ponta Delgada não existem e não são tidos em verdadeira conta nos centros de decisão nacional.

O que não está nos media não existe no mundo da decisão e grande parte do país não está e vai caindo… caindo… caindo com o silêncio oportunista de muitos OCS de referência nacional de olhos apenas nas capitais.

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