Ao ler este artigo, a primeira conclusão é que em termos de diagnóstico em 10 pontos o FMI faz deduções muito válidas para mostrar que compreende a doença económica que afeta Portugal, o mal é mesmo de medicação, não só em termos do tipo de prescrições, mas também de dosagem, umas a mais outras a menos, mas até há situações de placebo e de ignorância. Contudo, o tratamento foi igualmente vítima de uma mentalidade nacional, explorada politicamente por oposições e detentores de privilégios, para conotar tudo o que era receitado com austeridade.
Compreendo que são referidas receitas que estavam prescritas e foram tomadas em dose insuficiente: a necessidade de redução do défice associado à dívida pública, o FMI parece concordar com os pré-financiamentos para reduzir o peso das amortizações a curto-prazo coladas à crise, sobre isto penso que é empurrar o problema para a frente em vez de uma solução, mas é uma forma de negociar a dívida que outros não querem ver (pontos 1 e 10); consensos estratégicos sobre o futuro do País, aqui devido à arrogância inicial de Passos e depois o interesse eleitoral de Seguro inviabilizou-se a busca de medidas globais, inclusive se necessário a revisão do quadro constitucional (ponto 6); a redução das rendas na energia e nos portos, onde a EDP é de facto uma sanguessuga dos Portugueses e bem tem resistido a reduzir a sua sucção (ponto 7); e a falta de reformas estruturais do Estado eficazes financeiramente e não apenas as de fachada sem efeitos económicos como a redução do número de freguesias (ponto 8). Parte disto não era austeridade e a reforma do Estado foi por vezes um exemplo uma colagem oportunista.
Também há constato que concordo no diagnóstico de algumas cuja receita deve ser aplicada com moderação e sem prejuízo da justiça social, sendo aqui o FMI de uma frieza glacial e tendente a sobredosagens: o elevado desemprego em parte resulta da rigidez nos postos de trabalho, sei que nos EUA e Canada é fácil contratar pessoas para serviços ocasionais e pontuais, mas a burocracia em Portugal torna isto num processo demasiado lento que pode prejudicar pessoas de baixa qualificação em formação mas de elevada capacidade para os tradicionais serviços de “biscate” ou de momento, contudo não se pode em contrapartida alargar a flexibilidade profissional de modo ao patrão ter mão livre para gerir pessoas como peças de armazém ou de curto período de amortização quando lhe apetece (ponto 4) e a questão dos salários, existem de facto escândalos de rendimentos pornográficos no setor público e privado, incluindo pensões, mas não se pode cortar naqueles que já não asseguram condições dignas de sobrevivência em nome da competitividade ou dar dinheiros públicos a empresas endividadas com gestores excessivamente bem pagos e já existia antes a lei do lay-off que alguns gostam de abusar (ponto 5 e 9).
Há ainda situações positivas que também são reconhecidas parte devem-se a esforços mistos, internos e conjuntura e medidas externas: a mudança de sentimento de mercado, não só o Governo tem de se sentir como fomentador disso como parte vem do BCE e outros agentes externos, só que aqui têm sido as oposições quem mais distribui veneno para destruir o efeito placebo ou o das receitas e isto em prejuízo de Portugal por mero oportunismo partidário ou ideológico (ponto 2).
Deduzo que nem o FMI ignora o que receitar para o risco de deflação… sobretudo depois do tombo que sofremos.
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