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Posts Tagged ‘Extremismos’

Conheço da cidade do Quebec, capital da província com o mesmo nome e coração do radicalismo separatista nacionalista de raiz francófona do Canada, ao contrário de todas as outras sedes de governo provinciais do País, que se reconhecem como capitais de província, a cidade do Quebec assume-se como “capital nacional”, sendo nação apenas a cultura francófona. Tal como injustiça, o nacionalismo é um propulsor de extremismos e violência.

Foi o nacionalismo que impediu aceitar a diferença dos muçulmanos face à cultura tradicional  dominante e de raiz católica dos “québécois”  em Alexandre Bissonnette que o levou a um ato extremo de entrar numa mesquita e disparar contra pessoas em oração.

Para quem defende fechar as portas aos refugiados de guerra ou às pessoas de outros credos com medo do terrorismo, não haja dúvida que este é um exemplo que muitas vezes os “maus” não são os que são diferentes de nós e nos pedem ajuda, mas o radicalismo é sempre mau, mesmo que na defesa da cultura maioritária de uma terra que tem receio de perder identidade ao auxiliar o outro que está fora de portas e é diferente.

Não se pode excluir a possibilidade de a coberto da figura de refugiado não haver gente mal-intencionada e há necessidade de tomar medidas de segurança preventivas, mas tal não deve impedir que estendamos a mão à maioria dos que fogem da guerra e da miséria, sob o risco de apoiarmos o desenvolvimento e a expansão do mal que já existe no seio daqueles que devem acolher. Fechar porta é não só alimentar o mal dentro e fora destas e um mal bem-nutrido nunca se pode transformar num bem a prazo, apenas torna todos piores.

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Enquanto em França estala a polémica da proibição legal do uso de burquinis em praias daquele país por mulheres muçulmanas com direito a multas, no Canada e na Escócia legislam e criam fardas para mulheres-polícia muçulmanas com o uso do hijab. Tanto num caso, como no outro, estamos perante situações excessivas de intolerância ou de cedência a culturas estrangeiras.

No primeiro caso é sem dúvida um abuso um Estado laico impor ou proibir o uso de roupas a mulheres ou multar mulheres pelo uso do burquini, limitando a forma como a mulher considera adequado a exibição do seu corpo segundo a sua consciência individual ou social.

No segundo caso, tratando-se de um estado laico e ocidental, é sem dúvida uma cedência exagerada a uma cultura estrangeira imigrante e não fundadora do País legislar sobre sobre trajes exóticos oficiais, porque, neste caso, deve permitir também o nudismo a polícias filhos de imigrantes da amazónia, o turbante do hindu e um nunca mais parar de trajes tradicionais e costumes exóticos, ou a tolerância é enviesada e merece ser diferente apenas quando se está perante muçulmanos?

Assim, em França proíbe-se o uso ostensivo de um traje que indicia uma cultura e uma religião provável, no Canada acata-se a vontade de uma cultura e religião provável se ostentar num traje oficial de uma força do Estado.

Nem tanto ao mar nem tanto à terra.

ADENDA

Felizmente o bom senso no Conselho de Estado de França põe travão a esta onda de interdição do burquini.

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A crise económica e política dos últimos anos faz encaminhar o mundo para opções ideologicamente mais radicais. Se nos Estados Unidos o partido Democrata vê a força da esquerda radicalizar-se em Sanders, o partido Republicano esta encostado à extrema-direita pelo xenófobo e isolacionista Trump, que até já lidera sondagens nacionais. Em Espanha o Podemos, coligado com a Izquierda Unida, também começa a aparecer na preferência dos Espanhóis.

Na Áustria, a pátria de Hitler, foi por um unha negra que o povo não elegeu um presidente da extrema-direita, em França a ameaça de uma vitória Le Pen nas próximas presidenciais é real, o Brasil anda a ferro e fogo sem qualquer bom-senso na guerrilha política, a Venezuela é mesmo quase uma situação de guerra civil e de ditadura e o peso da extrema direita sente-se na União Europeia através da Hungria, Polónia e ameaças económicas do norte da Europa aos países endividados do  sul.

A continuar assim, qualquer dia não há diplomacia e política que controle este barril de pólvora… Hitler também chegou ao poder democraticamente… agora até a maior economia do mundo não está livre de eleger um radical colado à extrema direita e Putin não é um exemplo de democracia saudável ou seja a as maiores potências económicas e militares estão a cair em regimes de democracia muito frágil… para além da Primavera Árabe estar a levar para um inverno de horrores uma fração muito significativa de muçulmanos.

Este mundo está a ficar mesmo muito perigoso!

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Meu artigo da passada terçar-feira no diário Incentivo:

ADVENTO: À ESPERA DO NATAL… OU DO INVERNO?

Estamos no Advento, o tempo que no calendário litúrgico dos cristãos estes se devem preparar para o Natal, ou seja, a festa do nascimento do Menino Jesus.

Não conheço nenhuma outra festa religiosa de qualquer crença que tenha uma projeção global tão forte para fora do mundo dos crentes como o Natal. Isto é mais fruto do laicismo consumista ocidental do que da evangelização cristã: a comprovar isto, certos canais de televisão já prognosticam que o próximo Natal será melhor que o do ano passado, pois medem a qualidade deste, não pelo amor que esta época destila, mas sim pelo volume que se perspetiva em compras.

Assim, enquanto por esse mundo fora, mesmo não cristão, o Natal está em pujança, desde que sejam países onde os cidadãos possam expressar e praticar livremente a sua religião ou o seu ateísmo, eis que no País sede do catolicismo, a Itália, o diretor de uma escola optou por abolir os festejos de Natal no seu estabelecimento e substituí-los por uma festa de Inverno a realizar em janeiro e decidiu ainda rejeitar a proposta de pais para que as crianças do coro aprendessem cânticos de Natal: rejeições em nome da integração das minorias muçulmanas que frequentam aquele local de ensino.

Confesso que quando li esta notícia, pouco divulgada pelos órgãos de comunicação social em Portugal, fiquei estupefacto!

Mesmo sem estar de acordo com a proibição de símbolos religiosos por essa Europa fora, sobretudo cristãos, em muitos espaços públicos, eu até compreendo tal restrição ao abrigo da tão propalada laicidade do Estado. Agora que a tradição do Natal, assimilada pela sociedade laica, defendida pela economia organizada e apoiada por entidades oficiais com incentivos ao consumismo, pudesse ser proibida numa escola pública, é de um extremismo tal contra as religiões maioritárias na Europa que só conduz a novos extremismos e radicalismos religiosos de europeus e merece denúncia em qualquer canto deste continente onde se quer viver livremente no nosso espaço civilizacional.

Infelizmente, no pensar daquele diretor escolar de Rozzano a integração dos imigrantes com crenças e hábitos diferentes dos da maioria dos habitantes da cidade faz-se despojando os locais das suas tradições e referências religiosas no povo que os acolhe e ingenuamente acredita que violentando os usos da terra cria um mundo que se abre a acolher melhor os imigrantes.

Estou mesmo a ver que a felicidade da maioria das crianças daquela escola depende agora de não poderem trocar no espaço educacional entre os seus amigos as tradicionais prendas de Natal: só prendas de inverno! Passarem a enfeitar árvores de inverno e esperar pelo pai inverno. Ridículo!

Estou mesmo a acreditar que com esta mudança forçada os filhos dos cristãos vão amar mais os muçulmanos por em nome deles não poderem expressar livremente na sua terra a sua fé e tradições que tenham algum cunho religioso diferente da do povo acolhido.

Pessoas iguais a este diretor não são menos culpadas que os radicais islâmicos para o crescimento de forças políticas nacionalistas que defendem extremadamente a sua cultura, rejeitam acolher refugiados muçulmanos e são contra a construção na Europa de templos não cristãos para os imigrantes vindos de outras partes do mundo. Na verdade não são os imigrantes honestos que nos violentam, são pessoas como este diretor, pois o abuso do politicamente correto violenta a liberdade.

Infelizmente, os crentes das religiões do mundo que pregam o Amor também praticam o ódio quando sentem que os seus valores maís íntimos, como a sua fé, são espezinhados em nome de um laicismo militante ou de uma integração que não sabe fazer coabitar a diferença de cultos sem ostracizar uma delas, tanto maioritária como minoritária ou as tradições de uma terra.

Não tenho complexo de assumir que sou Cristão e sinto-me feliz por o poder dizer em público, no meu local de trabalho ou de convívio, mesmo sabendo que entre os meus colegas e amigos há gente que assume crenças ou descrenças diferentes e, felizmente, eles também se podem reunir, conviver e afirmar os seus valores sem me violentar. É isto a integração social multicultural.

Nesta quadra desejo a todos os leitores do Incentivo votos de um Bom Natal… mas, se preferirem, aceito votos de um Bom Inverno, desde que mo digam em liberdade e por direito de opção, algo que os estudantes daquela escola não têm e para quem vai este grito de liberdade.

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Em termos pessoais pouca diferença me faz que ao nível autárquico a direita tenha ganho agora e a esquerda perdido as eleições em França, todavia as ilações que delas se podem tirar para o futuro próximo de Portugal já podem ser importantes.

Hollande representou há dois anos apenas a esperança de demonstração da existência de uma via diferente para a resolução da crise das dívidas soberanas na eurozona diferente daquela que era liderada por Angela Merkel. Infelizmente, para a esquerda e para aqueles que estão a ser vítimas da austeridade, sobretudo a injusta, o que se verificou foi uma rendição quase total do atual presidente de França às medidas que já vinha de trás e a desilusão e revolta daqueles que se sentiram mais uma vez enganados.

Acredito que a austeridade deva ser mais justa do que tem sido, acredito que algumas medidas dependem mais da boa-vontade da Europa e dos credores internacionais do que dos governantes nacionais, acredito que haja soluções mais equilibradas do que aquelas que temos assistido em Portugal, o que não acredito é na possibilidade de se sair da crise sem sacrifícios, incluindo na classe média.

Vender a ideia de que é possível sair da crise só com medidas fáceis para conquistar o poder e em simultâneo  não assumir propostas alternativas viáveis e ainda semear o ódio a medidas que sejam corretas para enfrentar a crise só por populismo, leva a que a desilusão posterior a ser eleito seja bem maior do que se houvesse equilíbrio antes… mais grave ainda: muitos desiludidos encostam-se depois às fações mais extremadas e estas já foram vencedoras no velho continente com consequências desastrosas para a humanidade. França demonstrou a atração pela extrema-direita, Portugal  talvez tendesse mais para a extrema-esquerda.

Espero que o PS em Portugal não cometa os mesmos erros que Hollande em França, para bem dos Portugueses.

 

 

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No efeito dominó as dúvidas que levantei em janeiro mantém-se, após a Tunísia, o Egito, chegou agora a vez da Líbia, em breve será com mais ou menos sangue a vez da Síria e do Iémen.

Sim, sem complexo e sem nunca ter bajulado Khadafi, reconheço-o como um ditador e um terrorista, recordo-me precisamente das suas ameaças ao ocidente democrático nos anos 80 do século XX e do atentado ao avião da Pan Am em Lockerbie. Não me esqueço!

Todavia, apesar da alegria de ver derrubado um ditador, que por interesses económicos e a hipocrisia o ocidente apagou temporariamente os defeitos da sua governação para daí tirar dividendos, assumo que não sei quem são os rebeldes agora vitoriosos, nem quem serão os vencedores de umas próximas eleições e a influência dos extremistas islâmicos no futuro da Líbia.

A democracia já festejou o fim de Sadam Hussein, depois de o ter apoiado contra o Irão, e não resolveu o problema do Iraque.  O Ocidente já alcançou o fim dos mujahedin, após lhe venderem armas contra o imperialismo soviético, e não alcançou a paz no Afeganistão. Agora a NATO combateu Khadafi, o regime com o qual estabeleceram acordos comerciais, e eu não sei qual será o futuro do mundo dos povos árabe profundamente islâmicos…

Agora há foguetes… espero que depois não haja mísseis… não basta derrubar ditadores para a justiça e a humanidade ocupar o novo vazio de poder. Votos de boa sorte para a humanidade!

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