Meu artigo de hoje no diário Incentivo:
JOGADA DE DISTRAÇÃO?
No Continente bastou uma distração na comissão de trabalho da Assembleia da República, onde os deputados da oposição não repararam a tempo que fora chumbada antes a única condição fundamental para aceitarem a recuperação do tempo total de carreira dos professores e a seguir aprovar a pretensão sem a salvaguarda essencial, para logo a esperteza, que favorece o sucesso dos políticos, deu um rombo enorme no trabalho estratégico de meses dos partidos opositores.
A política não favorece os ingénuos e desajeitados, mesmo que bem-intencionados, mas sim os espertalhões hábeis, independentemente da sinceridade destes, e por muito que as pessoas digam mal dos políticos tendem a preferir os segundos e não os primeiros.
Os momentos em que casos e projetos são levados para a comunicação social pelas instituições do poder instalado são, por norma, estrategicamente escolhidos de forma oportuna, faz parte da esperteza e habilidade política, servindo ora para eleições ora para desviar a atenção de algo por cumprir enquanto se lança a discussão de outro tema importante mas a concretizar depois.
Há um ano parecia consensual que a prioridade das prioridades que animava os Faialenses era garantir a execução da ampliação da pista da Horta com as dimensões necessárias para que esta infraestrutura pudesse servir convenientemente os objetivos de desenvolvimento atuais e futuros desta ilha e até do Triângulo sem constrangimentos limitadores do crescimento.
Eu próprio, no primeiro artigo de opinião que publiquei no Incentivo este ano, fui claro na questão do aeroporto ao classificá-la como: “A prioridade do Faial para 2019” e ao escrever: “os Faialenses têm de estar atentos a estes dois aspetos: se a obra terá as características suficientes para satisfazer as necessidades sem comprometer o futuro e se depois desta salvaguarda fica garantida de facto a sua construção ainda antes das eleições de 6 outubro”.
Tal não quer dizer que este assunto tenha o exclusivo das preocupações e reivindicações do Faialenses, mas se outra obra a fazer depois for colocada à discussão durante este período pelo poder instalado é preciso desconfiar da estratégia do malabarista: fazer desviar o olhar do público do local onde do malabarismo e quando o espectador se volta a focar no cerne da questão o truque já está feito, deixando-o deslumbradamente enganado.
Tenho estranhado o silêncio que se instalou nos últimos tempos no Faial em torno da questão da ampliação da pista. Isto depois da feliz iniciativa da Câmara Municipal ao encomendar um estudo num esforço singular de demonstrar a viabilidade de se atender às reivindicações dos Faialenses a preços aceitáveis neste investimento e bem divulgada pela Autarquia, embora não pudesse ser ela a assumir o projeto, e ainda depois da propaganda em torno da inclusão de uma alínea no Orçamento da República a falar da obra que afinal não comprometia ninguém nem assegurava a concretização do projeto nos termos pretendidos pela população desta ilha.
As eleições legislativas estão à porta e nada vi a assegurar o projeto do aeroporto nos moldes pretendidos pelos Faialenses. Quem reparou nisso? Será por isso que, de repente, uma instituição ligada ao Governo dos Açores criou condições para o Povo do Faial se entusiasmar com outro assunto enquanto a pista saía do foco da agenda? Na política, acreditar em acasos é ingenuidade…
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