Meu artigo de ontem no Incentivo:
O JOGO DO EMPURRA NOS IMPOSTOS NOS AÇORES
A verdade é que, fruto da falência do Estado devido à acumulação de défices orçamentais dos governos de Lisboa e dos irracionais compromissos nas parcerias público privadas, Sócrates, com a complacência de César, assinou um memorando de austeridade com a troika onde se previa a redução do favorável diferencial de 30 para 20% nas tabelas de impostos cobradas nos Açores face às praticadas no Continente.
Assim, fruto dos termos desse memorando com a vigência de três anos e feito pelo governo socialista de Lisboa em 2011, qualquer aumento nos impostos a recair sobre os Portugueses seria sempre maior nos Açores e uma diminuição no País seria menos expressiva nestas ilhas. Isto foi aceite pelo Governo Regional que até costuma dizer que estas ilhas não contribuíram para o descalabro das finanças nacionais, pois por cá o défice não tinha níveis preocupantes, mas tolerou no tempo de Sócrates que estes custos fossem maiores para os Açorianos do que para o Continente.
Nesse ano de 2011, eu nesta coluna e vários outros Açorianos noutros locais denunciámos a situação, mas Carlos César então não se mostrou tão preocupado com a austeridade assinada por Sócrates quanto mais tarde protestou ao chegar a vez da mesma ser cobrada por Passos Coelho, enquanto mesmo tempo o Governo dos Açores enchia os seus cofres com mais dinheiro pago por cá e que ao abrigo do Estatuto Autonómico não ia para o Continente.
A verdade é que passados os três anos e findo o memorando com a troika nada impedia que o diferencial de 30% favorável aos Açorianos não viesse a ser reposto, mas como se viu, o Governo dos Açores nada fez para que tal acontecesse e foi precisamente do lado de Passos Coelho e do PSD-Açores que o assunto foi levantado na última visita do Primeiro-ministro à Região. É verdade que esta abertura de Lisboa em nada afeta as contas do Orçamento de Estado: trata-se de uma bondade sem sacrifícios para Lisboa, mas beneficia e muito os Açorianos.
A verdade é que o PS-Açores que tem protestado forte e feio com a carga fiscal imposta Vítor Gaspar e Maria Luís Albuquerque, quando teve nas suas mãos a oportunidade para propor um abaixamento para a Região, o que podia ter reflexos no IVA, no IRS e no IRC, fechou-se em copas e nada fez.
Reconheço que o Governo Regional aprovou os subsídios compensatórios para fazer face aos cortes salariais, mas estes beneficiaram sobretudo funcionários públicos, enquanto um abaixamento dos impostos beneficiará todos os Açorianos: trabalhadores do setor público ou privado e ainda os empresários e potenciais investidores.
Esta possibilidade dada por Passos Coelho aos Açores vai ao encontro da ideia que mais dinheiro a ser gerido pelas pessoas aumenta o consumo e dinamiza a economia e é melhor do que estar a ser administrado pelo Governo. Medida que não se implementou no Continente, evidenciando aquilo que já os Portugueses descobriram há muito tempo: quando se está de fora os políticos propõem e fundamentam propostas populares para resolver problemas difíceis, mas quando estão no poder implementam projetos impopulares como solução para os casos complicados.
Assim, se na oposição o PS de António Costa, secundado por César, no Continente protesta contra a elevada carga fiscal da Coligação governamental, por cá é o líder do PSD-Açores, com abertura do Primeiro-ministro, quem toma a iniciativa para a baixa de impostos perante um Governo socialista que fica descontente com a ideia.
O PS-Açores diz estarem saudáveis as contas regionais, mas para justificar o seu contrassenso exige como contrapartida à baixa dos impostos para os Açorianos que Lisboa reponha outras transferências de solidariedade nacional, mas isto é pedir ao falido Estado para ser mais solidário e dar uma esmola maior a quem se gaba de não ter dívidas e há qualquer coisa de incoerente neste discurso socialista. Por agora, o que peço é que o Governo dos Açores aproveite a oportunidade dada à Região.
Gostar disto:
Gostar Carregando...
Read Full Post »