Meu artigo de hoje no diário “Incentivo”:
GESTÕES E COMPROMISSOS IRRACIONAIS
Os tempos não estão fáceis e há a necessidade de conter desperdícios de dinheiros públicos, mas tal como os cortes cegos que todos criticam, também existem outras medidas de contenção de despesas que, mesmo concordando-se com o princípio, o seu modo de implementação não é racional.
Concordo que a despesa com a iluminação pública noturna deve ser racionalizada e não se justifica que a mesma se mantenha acesa já com o sol acima do horizonte, pelo que a racionalidade obriga a cronometrar bem a abertura e fecho das lâmpadas dos candeeiros públicos.
Após esta explicação, confesso que não compreendo que as ruas estejam plenamente iluminadas quando o trânsito de viaturas e peões é mínimo e as luzes se apaguem no escuro, sobretudo em dias de mau tempo, quando nas longas noites de inverno os estudantes, muitos deles crianças, estão a dirigir-se para os autocarros a fim de irem para as escolas, as carrinhas dos agricultores partem para a ordenha matinal e os veículos dos trabalhadores que iniciam cedo o horário laboral arrancam para os seus empregos.
Frequentemente tenho assistido de madrugada estudantes a andarem em ruas ainda às escuras para as camionetas na Ribeirinha, Pedro Miguel, Praia do Almoxarife e na Horta, precisamente quando o trânsito de viaturas nessas vias já é relativamente intenso.
Sei que a EDA necessita de escoar energia nas horas de baixo consumo ao longo da noite, pelo que talvez ter ruas plenamente iluminadas entre as duas e as seis horas da manhã até lhe seja favorável e o custo para o município seja mínimo neste período, mas não é seguro compensar o aumento das necessidades energéticas no final da madrugada e apagar as luzes às sete e meia deixando tantos estudantes em ruas às escuras a cruzarem-se com uma grande diversidade de viaturas. Esta é uma situação de gestão da iluminação pública irracional que coloca pessoas em risco e a segurança deve ser o primeiro objetivo dos candeeiros de rua.
Continuando em irracionalidades, não compreendo como o Governo dos Açores, que até teve o cuidado de ajustar a rotunda da avenida marginal na sequência da construção das obras de reordenamento do porto da Horta de modo a não haver problemas de trânsito, não aproveitou o bom exemplo depois quando na intervenção recente de acessibilidade ao Hospital da Horta para corrigir os conflitos de tráfego no cruzamento que lhe é contíguo e que já há muito existiam.
Infelizmente, neste cruzamento, além dos frequentes acidentes que deixam vestígios no piso, é uma confusão diária de carros em espera para virarem à esquerda e outros emperrados para seguirem em frente, isto num local onde circulam a pé grande quantidade de adolescentes e jovens para se dirigirem à Escola Secundária Manuel de Arriaga, cruzando-se assim com condutores ansiosos de olhos mais no semáforo e em frente para tentar avançar logo possam do que atentos aos peões.
Não deixa de ser irracional que o responsável pela pasta das finanças do Governo dos Açores livremente e por 135 milhões de euros tenha assinado um memorando com o Governo da República onde “compromete-se a aplicar na Região todas as medidas previstas em Lei do Orçamento do Estado que respeitem, direta ou indiretamente, a quaisquer remunerações dos trabalhadores em funções públicas, bem como aos demais trabalhadores do Setor Empresarial Regional” e depois apresente um orçamento onde alarga subsídios para contrariar este compromisso, mas ainda é mais irracional que o Representante da República considere esta falta de palavra do governante açoriano ao contrato por ele subscrito como um ataque à Constituição e leve o assunto para o Tribunal Constitucional em prejuízo dos Açores e restrição da sua Autonomia. Pois é evidente que o incumprimento não foi da Lei Fundamental do País, mas de um acordo celebrado à revelia do Povo destas ilhas.
Gostar disto:
Gostar Carregando...
Read Full Post »