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Homo

Li o ebook Homo Deus do israelita Yuval Noah Harari em inglês por não existir em suporte digital na língua de Camões em Portugal, uma vez que a edição brasileira não é comercializada na Europa por direitos editoriais, mas esta obra encontra-se traduzida em papel e pode adquirir-se no nosso País aqui.

Na cultura ocidental o Homem desde o início quis ser igual a Deus, é esta a tentação feita a Eva. Durante milénios o mal: a fome, a guerra, a doença e a morte foram vistos como resultado de castigos de Deus ou caprichos dos deuses, esse que movia(m) os cordelinhos que o Homem não dominava. Harari evidencia que nos últimos séculos a humanidade, através da ciência e tecnologia, foi eliminando (pelo menos nas regiões mais desenvolvidas) a fome e muitas das epidemias, tornando-se cada vez mais dona de si, até que se tornou autoconfiante e nasceu o Humanismo onde o Eu do Homem passa a ser o centro e relega Deus para longe.

Humanismo tornou-se uma nova religião e no século XX a política conseguiu criar vastas e longas zonas da Terra sem guerra, a esperança de vida aumentou e já há a busca do grande elixir da vida longa e o Homem sente-se como o deus que gere o seu destino.

Nas últimas décadas a Inteligência Artificial tornou o atributo para muitos característica exclusiva do Homo sapiens numa realidade exterior ao próprio homem e a tecnologia passou a ser capaz de criar ciborgues que substituem danos no corpo e inclusive podem melhorar a suas limitações e arriscamo-nos a criar Super-homems. Só que o humanismo e esta nova via de seres que superam o Homem têm genes que colocam em riscos o próprio Homem e as questões que isto levanta e as preocupações são o cerne do desenvolvimento deste livro.Até onde vai este Homo Deus? Qual o futuro do Homem com sentimentos? Esses seres Inteligentes que criamos sem sensibilidade e exclusivamente lógicos tratar-nos-ão como nós tratámos os animais domésticos? Será o Homem um mero algoritmo que pode ser independente de si mesmo?

Um excelente livro cheio de inquietações que vale a pena ler, onde se fala das religiões das modernidade sem Deus mas que criam o mesmo fanatismo das religiões do passado sem a moral que estava na respetiva base.

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O Secretário Regional do Mar Ciência e Tecnologia disse que o Governo dos Açores desconhecia o fecho do Instituto do Mar, é surpreendente: 1.º o Secretário tutela a Investigação e os Assuntos do Mar, as duas áreas de ação do IMAR; 2.º O presidente do IMAR foi há dias candidato pelo partido do seu Governo a líder da Assembleia Municipal da Horta; 3.º a Universidade dos Açores é apoiada pelo Governo Regional. Então ninguém discute com o o Governo o futuro. Para que é então um Secretário Regional com estas tutelas?

Será apenas para distribuir dinheiro sem ver se as instituições beneficiadas garantem a execução desses programas?

O próprio presidente do IMAR foi há pouco mais de um mês o candidato do partido do Governo à Assembleia Municipal da Horta. Já foi Deputado e Secretário Regional também pelo partido do Governo dos Açores e não fala com os membros do governo do seu partido e do seu concelho sobre um assunto tão crucial para o município de que era candidato pelo partido do mesmo governo de onde é também o atual Secretário Regional da área em causa que até é do quadro do DOP com quem o IMAR até partilha as instalações?

Então quem define de facto a política de investigação e do mar nos Açores, não é o Governo da Região?

Uma coisa é certa, esta declaração de desresponsabilização de um Secretário Regional sobre matéria tão importante nas áreas das suas competências cheira mesmo a esturro ou está a atirar areia para os olhos dos Faialenses e estes vão perder mais um setor que fornecia emprego e crédito à Horta como cidade mar, será uma negociata debaixo da mesa em troca da Escola do Mar? Tantas interrogações que tal declaração arrasta consigo.

Confesso, sinto-me indignado com as jogadas de bastidores onde os Faialenses são marginalizados e o governo dos Açores assume estar de fora nas matérias em jogo. Uma vergonha.

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erososO IMAR, instituto de investigação do mar, vive em parceria com o DOP da Universidade dos Açores e ameaça fechar no Faial e a mesma Universidade vai criar o centro de investigação dos oceanos: Okeanus. Não sei que funções os distingue, talvez os sócios públicos. O Presidente da Câmara da Horta não sabe os objetivos do Okeanus e defende que a sede seja na Horta. Não percebo estas mudanças, mas desde que seja para ficar no Faial: concordo.

No romance Leopardo do escritor Lampedusa o protagonista dizia que era preciso mudar para que tudo ficasse na mesma, deduzia-se que os poderosos continuassem a dominar e o povo fosse ludibriado, penso que se está numa situação semelhante de guerra entre instituições públicas que se digladiam para chamar a si fundos europeus e os investigadores são o povo carne para canhão nesta guerra.

Já sei que vivemos num País rico em saber atrair dinheiro de Bruxelas e desperdiçá-lo a seguir de forma a não criarmos um Estado ou uma Região exemplar em boa gestão. Por norma quem está por baixo lixa-se, neste caso investigadores. Resta-me por agora desejar que o Faial também não saia prejudicado com esta guerrilha.

Por isso, mesmo sem perceber bem o que é o Okeanus, algo semelhante ao IMAR, mas se é para atrair fundos comunitários e investigadores sobre o mar, estou ao lado do Presidente da Câmara: que se instale o Okeanus na Horta cidade mar.

O resto deixo para os entendidos interesseiros e, já agora, tenham em atenção em não deitar fora quem já cá investigava no IMAR, um património de saber a proteger, pois não há proteção da Terra que valha a pena se não tiver também imbuída da precaução de proteger as pessoas.

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Desde o início do século XXI que o conflito ambiental mais intenso na Terra se faz entre os defensores da redução das emissões de CO2, sobretudo os que assumem como a principal ou única causa das alterações climáticas, e as petrolíferas. Donald Trump ao nomear como Secretário de Estado o CEO da maior multinacional deste setor abriu as hostilidades com os ambientalistas e deve ter minado a maioria dos acordos internacionais no domínio da política mundial das alterações climáticas.

Se a admiração do recém-eleito presidente americano a Putin e os seus ataques quase diretos à China podem mudar o quadro de equilíbrio da geopolítica e da economia global, esta nomeação é o aumentar a escalada de mais um conflito ideológico, pois coloca no topo da política da maior potência militar e económica do mundo um representante do inimigo das maioria dos ecologistas mais radicais e colando até os mais os moderados  ambientalistas à esquerda.

Se as teorias científicas prevalecentes no meio da investigação no campo das alterações climáticas estiverem corretas, então assistiremos provavelmente ao desmoronar do muito trabalho em torno da proteção do planeta, se estiverem erradas, em ciência há sempre essa hipótese, e de facto forem os negacionistas quem está mais próximo da verdade, então estes terão uma maior oportunidade de demonstrar a sua razão, mas se errados, caminharemos então aceleradamente para uma catástrofe global mais acentuada. O futuro o dirá, mas que o princípio da precaução agora foi pisado como nunca… foi e isto não costuma gerar estabilidade nos sistemas de equilíbrio precário.

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Este fim de semana estão a decorrer as comemorações dos 40 anos da criação do Instituto Universitário dos Açores que depois se transformou na Universidade dos Açores.

Esta instituição é sem dúvida uma das mais importantes criações associadas à Autonomia dos Açores, responsável pela formação de muitos Açorianos e a vinda de muitos estudantes para o Arquipélago que aqui depois se estabeleceram e pelo aumento do conhecimento científico sobre a realidade da Região e das suas águas marítimas nos domínios da Natureza, Social, História Economia, Letras, Agricultura, entre outros.

Nascida com três pólos inicialmente pensados por muitos Faialenses como em condições de igualdade, na verdade desde cedo se assistiu ao atrofiamento do ensino no DOP localizado na Horta e até levou ao encerramento do Magistério Primário nesta cidade. Mesmo assim, esta Universidade, cada vez mais centralizada em Ponta Delgada, onde por vezes se sente fazer investigação concorrencial com a que se faz em departamentos situados noutras ilhas, continua a desempenhar um papel crucial para o desenvolvimento dos Açores.

Não me licenciei nesta Instituição, mas o meu mestrado em Vulcanologia e Riscos Geológicos já foi efetuado no seu Departamento de Geociências, que desenvolve um importante apoio à Proteção Civil na Região, e como Faialense de coração desenvolvi investigação para a minha tese sobre o Faial, dando corpo à minha ideia de a Universidade dos Açores ser um instrumento para o conhecimento de todo o Arquipélago e a minha ilha.

Apesar dos constrangimentos financeiros com que vive, da necessidade de se continuar a lutar pela manutenção da sua tripolaridade e para adequar a formação e investigação que faz de modo a melhor assegurar o desenvolvimento da Região e a permanência dos formados nestas ilhas, aqui fica o meu reconhecido obrigado à Universidade dos Açores, acompanhado dos meus Parabéns Universidade dos Açores.

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Nunca ouvir falar de Angus Deaton, nem encontrei livros da sua autoria, o vencedor em 2015 do prémio para as Ciências Económicas, que apesar de ser conhecido como Nobel da Economia, é de facto atribuído por uma entidade independente da Fundação Nobel, o Banco da Suécia.

Embora desconheça o trabalho deste laureado, confesso que da notícia descobri que o tema da sua investigação é precisamente aquilo que mais me preocupa em termos de economia: a relação entre consumo, pobreza e bem-estar; faltando só, ou talvez não, o quarto pilar das minhas dúvidas nesta temática: a questão da sustentabilidade.

Estranho que a sua obra não seja mais conhecida e as suas ideias mais divulgadas na comunicação social, talvez por fazer um trabalho isento que não sirva de apoio a fações ideológicas; é que na verdade ao ler determinadas obras de anteriores laureados fiquei com a ideia frequente que os mesmos serviam mais para ser suporte das suas visões do mundo em detrimento da isenção e assim temos premiados que até defendem e justificam posições contraditórias que se digladiam mais no campo da política do que no da economia.

Se for um economista acima dos preconceitos ideológicos espero que agora haja a oportunidade se se conhecerem as suas ideias e se lance luz sobre o problema da pobreza, consumo, apoios sociais e sustentabilidade da economia.

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Até sei que nunca se criaram condições para o pólo da Horta da Universidade dos Açores lecionar licenciaturas no Faial, mas não deixa de ser amargo ver que quando se pretende dinamizar algo na cidade mar relacionado com o mar, tenhamos sempre que repartir a situação com São Miguel.

Já foi assim com a ainda não inaugurada Escola do Mar, como denunciei há cerca de um mês aqui, e é agora com o curso de Ciência do Mar a coordenar pelo Departamento de Oceanografia da Universidade dos Açores sediado na Horta, mas a ser implementado no campus de Ponta Delgada…

via Universidade dos Açores planeia curso de Ciências do Mar (Vídeo) – Notícias – RTP Açores.

Compreender até compreendo, mas discordo deste tratamento diferenciado a que o Faial tem de se sujeitar.

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Tenho uma grande admiração pela genialidade de Stephen Hawking de análise científica no domínio da ciência e pela forma pessoal como ultrapassou as suas dificuldades locomotoras e de comunicação devido à sua doença degenerativa do seu corpo.

Todavia a forma como a notícia sobre a descoberta da instabilidade do bosão de Higgs ou “partícula Deus” pode destruir o universo e a forma como põe depois água no alarme demonstram que também os grandes homens da ciência nos tempos do mediatismo global que correm também não são alheios às tentações de transmitir os seus conhecimentos de forma especulativa para atrair atenção da comunicação social e vender o seu trabalho.

Já se sabe que a qualquer hora o universo pode ser destruído, mas é altamente improvável que seja para já… apesar do ateísmo convicto e confessional de Stephen Hawking, o mesmo assimilou muito dos discursos do fim do mundo das várias religiões cristãs e também aprendeu com estas a forma de evitar cair no ridículo destas no passado.

Não havia necessidade… mas até o nome de partícula Deus mostra que os dogmas religiosos nem sempre são tão afastados das verdades científicas, o caminho para chegar às mesmas conclusões e a forma de explicar é que seguramente não são os mesmos.

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Sei que no mundo da investigação científica no ensino superior nem tudo é tão perfeito do lados dos formandos e formadores, existem sinergias que não são aproveitadas por rivalidades e competições sem lógica, existem estudos de difícil compreensão da sua utilidade que não são convenientemente justificados e ocorrem desfasamentos entre as áreas abordadas e as necessidades da sociedade.

Mas a verdade é que apoiar a investigação científica na maioria dos casos não é uma despesa, é um investimento no futuro ao nível do desenvolvimento económico, técnico e social.

Por isso, mesmo compreendendo as dificuldades financeiras do Estado, não posso deixar de estar solidário com os investigadores que estão a ser afastados da sua vocação e sobrevivência nas universidades de Portugal e critico os cortes excessivos que este campo está a ser alvo em detrimento da capacidade e coragem para implementar reformas adequadas e pôr fim a rendas a concessionários privados de projetos injustificados que fazem lóbi à sombra de monopólios de setores fundamentais ou do poderio financeiro ou de influência que possuem.

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Tempos houve em que o leite estava altamente relacionado com uma boa dieta alimentar e fazia parte da roda dos alimentos, mas recentemente cada vez há mais notícias nos OCS de que o leite pode ser prejudicial à saúde, provoca acne, até é cancerígeno e não útil na alimentação. Há poucas semanas a Harvard School of Public Health retirou os laticínios da dieta saudável, bem como da roda dos alimentos.

Não sei os fundamentos destas conclusões científicas, sei que por vezes determinadas indústrias fazem estudos para prejudicar outras, existem modas fundamentadas pela ciência que mudam: lembrem-se que a coca-cola e o tabaco já foram remédios e tempos houve em que se tentava substituir a manteiga por margarinas e hoje as coisas já não são assim.

Contudo, se a moda pega ou se de facto vier a comprovar-se com grande segurança estas ideias recentes e se vier a tornar-se socialmente aceite a rejeição do leite e seus derivados, os Açores podem ter novamente que se readaptar na sua agricultura, é este o risco das monoculturas… por enquanto espero que a Região não sofra malefícios económicos com estas notícias.

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