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Posts Tagged ‘América’

É pena mas não é original, já antes os Estados Unidos não ratificaram o Protocolo de Quioto de 1997, tal como não se comprometeram com o aumento das exigências deste que resultaram da Emenda de Doha em 2012 e não seria de prever agora com um cético nos efeitos das emissões dos gases com efeito estufa como Presidente da América que este viesse a aderir ao ainda mais exigente Acordo de Paris de 2015.

A verdade é que além de descrentes nesta hipótese maioritariamente aceite por cientistas, existem ainda muitos interesses económicos de curto prazo a apoiar o ceticismo no tema. A democracia tem muitas virtudes, mas tem uma fragilidade é que por norma rende-se mais aos interesses de curto-prazo face ao riscos de longo-prazo e é isto que há anos domina a estratégia dos EUA nesta matéria, Trump apenas é mais descarado no assumir aquilo que desde de 1997 tem bloqueado a envolvência do maior poluidor do mundo per-capita neste projeto de prevenção das alterações climáticas. É pena, mas a oeste nada de novo aconteceu, apenas foi dito mais claramente o que vinha a acontecer.

Curiosamente tendo Trump acusado a China de estar por detrás da teoria das alterações climáticas para enfraquecer a economia americana, agora é este império oriental que se compromete com estas  novas exigências precisamente contando com isso fortalecer a economia asiática, pelo menos a oriente alguma coisa de novo e em contradição com o líder de Washington.

Já não se perde tudo quando o País mais populoso do mundo adere a esta causa, ele que oferecia o maior risco pela sua dimensão se não revertesse a sua estratégia de reduzir as emissões com efeito estufa.

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Desde o início do século XXI que o conflito ambiental mais intenso na Terra se faz entre os defensores da redução das emissões de CO2, sobretudo os que assumem como a principal ou única causa das alterações climáticas, e as petrolíferas. Donald Trump ao nomear como Secretário de Estado o CEO da maior multinacional deste setor abriu as hostilidades com os ambientalistas e deve ter minado a maioria dos acordos internacionais no domínio da política mundial das alterações climáticas.

Se a admiração do recém-eleito presidente americano a Putin e os seus ataques quase diretos à China podem mudar o quadro de equilíbrio da geopolítica e da economia global, esta nomeação é o aumentar a escalada de mais um conflito ideológico, pois coloca no topo da política da maior potência militar e económica do mundo um representante do inimigo das maioria dos ecologistas mais radicais e colando até os mais os moderados  ambientalistas à esquerda.

Se as teorias científicas prevalecentes no meio da investigação no campo das alterações climáticas estiverem corretas, então assistiremos provavelmente ao desmoronar do muito trabalho em torno da proteção do planeta, se estiverem erradas, em ciência há sempre essa hipótese, e de facto forem os negacionistas quem está mais próximo da verdade, então estes terão uma maior oportunidade de demonstrar a sua razão, mas se errados, caminharemos então aceleradamente para uma catástrofe global mais acentuada. O futuro o dirá, mas que o princípio da precaução agora foi pisado como nunca… foi e isto não costuma gerar estabilidade nos sistemas de equilíbrio precário.

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declinio

“O Declínio do Ocidente” de Niall Ferguson, editado pela Dom Quixote, é sobretudo uma análise da evolução de quatro campos que estruturam os Estados e o torna mais ou menos aptos em termos concorrenciais com outros e permitem dar melhores condições aos respetivos povos: a democracia ou a política, o capitalismo ou a economia, o estado de direito ou a justiça e a sociedade civil ou a participação cívica. Ao longo da obra e através da evolução destes pilares nos últimos tempos o autor demonstra e justifica porque a Europa e os Estados Unidos estão globalmente menos competitivos e se degrada o nível de vida da classe média dos seus cidadãos.

Não posso dizer que concordo com tudo o que Ferguson conclui, mas é interessante ele basear-se na comparação de um Estado a uma colmeia humana onde o alargamento da administração é equiparado ao aumento de zangãos à sombra das obreiras e considerar as enormes dívidas soberanas como uma rutura de um contrato social intergeracional, aspetos que constrangem a competitividade do ocidente. Contudo o autor, ao contrário do que o título sugere, não considera assegurado um futuro brilhante para a China pois a falta de democracia compromete a transparência necessária para um continuado progresso económico e social.

Uma aspeto interessante trabalhado no livro é a evidenciação de que pior que a desregulação financeira é uma má regulação, burocrática e ineficaz que em si é uma doença a assumir o papel de cura e tem sido a via adotada no ocidente, sendo o autor um adepto do capitalismo e do liberalismo a receita estaria num sistema onde a simplicidade, a prudência e a responsabilidade criminal dos banqueiros e gestores seriam o motor da economia.

Ao nível da justiça Ferguson usa e abusa do orgulho britânico para defender o direito comum inglês que considera mais apto na busca de resolução de conflitos que dinamizam os investimentos face aos herdados do Velho Continente que são mais complexos e defensores dos interesses do Estado que trava a economia, alerta para a tendência da burocracia excessiva, para o primado dos advogados e a onerosidade da justiça como restrições à liberdade necessária à evolução da sociedade e competitividade.

O autor não é menos complacente com os cidadãos do que é com políticos e agentes económicos e da justiça. A exigência do Estado democrático satisfazer todas as necessidades das pessoas, sem dar lugar à concorrência público privado, cria povos acomodados e hiper-protegidos que deixam de intervir coletivamente, o que degrada a vitalidade dessas sociedades, condenando o País ao endividamento e perda de dinâmica competitiva económica e social.

Mesmo discordando em vários aspetos com Ferguson, muito dos problemas que aponta no livro e soluções que propõe devem ser conhecidos e refletidos por todos antes que seja demasiado tarde para o ocidente…

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Gostei da postura calma, tranquilizadora e responsável do Presidente do Governo dos Açores sobre a possibilidade de o porto da Praia da Vitória poder ser usado como local de baldeação das armas químicas vindas da Síria e destinadas a serem destruídas posteriormente em águas internacionais longe da costa.

Efetivamente, durante um processo em que se pretende dar a entender aos americanos da importância da base das Lajes para estes manterem serviços na Terceira, de modo a assegurar empregos a muitas famílias, não se pode em simultâneo ter uma atitude em que o uso daquela infraestrutura é dificultado, o que tem de se assegurar é que tais operações são feitas dentro da legalidade nacional e internacional e cumprindo as regras de segurança para evitar acidentes.

Afinal, parece que a operação nem se vai realizar na Praia da Vitória e os Açores mostraram aos americanos que a base das Lajes ainda pode ser importantes para aquele País e que Portugal e a Região são parceiros razoáveis e de bom-senso com que se pode contar.

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No mesmo dia em que nos Açores passou a exercer funções um outro Governo com um novo Presidente, Vasco Cordeiro; os Estados Unidos reelegeram o que já se encontrava na Casa Branca e a ambos esperam dias difíceis para enfrentar a crise.

Obama da primeira vez eleito foi um mar de esperanças. A grande maioria do mundo e muitos norteamericanos consideravam-no capaz de cortar com muitos dos vícios instalados no poder, acabar com um conjunto de preconceitos, aplicar uma justiça nacional e internacional justa e, sobretudo, resolver a crise económica que o País e grande parte dos estados do ocidente mergulhara.

Infelizmente muitos destes sonhos não se concretizaram, mesmo reconhecendo algumas barreiras internas a que é alheio, a verdade é que nas suas escolhas muitos dos culpados da crise continuaram a dar cartas no sistema financeiro, o desemprego aumentou e a política externa não foi pautada por uma mudança em prol da proteção dos mais fracos mas sim a favor dos interesses dos Estados Unidos. Por isso, por culpa parcial do Obama, mais do que é evidente no colégio eleitoral, a vitória foi escassa e se não fosse muitos dos extremismos do seu adversário, não sei quem teria hoje feito o discurso da vitória.

Nos Açores, Vasco Cordeiro ganhou não só por mérito próprio e de alguma contenção da crise do que Governo Regional de que saíu foi capaz, mas também por existir um adversário externo que pelos seus erros atrai a si todas as culpas das dores do descalabro económico que o povo está a sentir, cujo respetivo representante político na Região pagou em perda de votos além das das suas falhas estratégicas, e ainda por ao vencedor ter sido possível camuflar alguns dos problemas que os Açores irão defrontar nos próximos tempos por consequência da gestão do partido no poder regional.

Contudo, após a vitória Vasco Cordeiro tem sido capaz de alimentar esperanças, não só com gestão de silêncios, mas com renovações e pontes com os adversários, o que é positivo. Resta saber se com o passar do tempo ficará por aqui como Obama ou se vence mesmo as dificuldades. Sinceramente desejo que tenha um bom desempenho para bem de todos os Açorianos.

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