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Archive for 25 de Agosto, 2020

Meu artigo de opinião de hoje no diário do Faial, “Incentivo”

PRECISAM-SE DE IDEIAS PARA O FUTURO DO FAIAL E DOS AÇORES

No final da passada semana, o Presidente da República promulgou a nova lei eleitoral para as legislativas da Região Autónoma dos Açores. Esta dá maior facilidade de conciliar a mobilidade dos açorianos com a possibilidade de exercer o direito de voto, criando condições para todos os eleitores deste ato deslocados fora da sua ilha de recenseamento poderem, naquele dia, votar noutra ilha deste Arquipélago, no da Madeira ou ainda numa das capitais de distrito no Continente, desde que comuniquem, atempadamente, onde pretendem exercer o seu direito de voto.

É verdade que este novo sistema permite reduzir uma desculpa para não votar. Agora se vai reduzir a abstenção… confesso, tenho muitas dúvidas pelo que abaixo escrevo, depois veremos se foi eficaz ou se o elevado número de eleitores que não votam fazem-no mesmo por não quererem votar.

Logo a seguir, o Presidente da República marcou a data das próximas eleições para o Assembleia Legislativa Regional da Região Autónoma dos Açores que, se não surgirem imprevistos até à última hora, ir-se-ão realizar no próximo dia 25 de outubro, coincidente com o dia proposto pela maioria das forças políticas com representação parlamentar regional e haverá excecionais exigências de saúde pública para não gerarem focos de contaminação pelo coronavírus SARS-Cov2.

Apesar das eleições, o que me preocupa é não estarem a surgir ideias novas, válidas e importantes nos vários partidos sobre o que pretendem para o futuro socioeconómico dos Açores, de modo a entrarem na agenda da discussão dos Açorianos e no confronto da campanha. À falta de ideias, o que até agora tem surgido é um desfile de caras a integrar nas listas candidatas dos diferentes partidos às eleições regionais e, como de costume, repetem-se as mesmas situações do passado que são essencialmente as três seguintes:

  1. O partido que está no poder repete a maioria das caras do parlamento ou do governo anterior nos lugares potencialmente elegíveis e consegue uma grande quantidade novos nomes, como estrelas conquistadas e capazes de melhorar o exercício da governação destas ilhas, para posições não elegíveis. Os antigos não apresentam ideias novas, limitam-se a dizer que agora é a vez de fazer o que não fizeram antes e os recém-chegados assistem calados e sem juntar novas ideias. No passado e acabada as eleições, a grande maioria destes novos nomes caiu no esquecimento como simples estrelas cadentes de vida política curta ou foram premiados para ocupar um lugar de nomeação política, vivendo neste limbo sem brilho. Os membros da força no poder que ansiavam por lugares elegíveis e deixados fora ficam caladinhos para evitar retaliações, pois mantém a esperança que, repetida a vitória, sejam lembrados para cargos na próxima máquina governativa.
  2. O maior partido da oposição, por ter um número de membros bem superior aos lugares disponíveis com perspetiva de eleição, tem neste período de apresentação de caras a preocupação de preservar os nomes que já são da máquina. Contudo, aqui não há o silêncio de todos os que ficaram de fora das vagas elegíveis, este sofre sempre o problema de ouvir neste altura protestos na praça pública, pois, como há pouca esperança de surgirem alternativas de nomeação a seguir às eleições, não há período de nojo para os preteridos que desejavam ocupar esses espaços ou para aplacar ódios intestinos aos escolhidos. Como habitual neste confronto, não se discutem ideias, só nomes.
  3. Os partidos mais pequenos têm escassez de membros para completar a suas listas e como praticamente qualquer lugar só é elegível com alguma sorte. Então, poucos estão individualmente a contar de facto com o período pós-eleitoral para ser eleitos ou nomeados, o que vier de bom será bem-recebido. Deste modo reina uma maior união em torno das listas, mas mesmo assim, aqui as caras novas surgem bem antes de haver lugar a qualquer nova ideia a defender.

Assim, apesar da nova realidade da pandemia, o período pré-eleitoral do ano de 2020 parece igual aos do passado, onde não se discutiram ideias que seriam bem-vindas. Só desfilam caras, o que não garante nada de novo e há ainda quem se admire com a habitual elevada abstenção nos Açores.

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