Meu artigo de opinião de hoje no diário Incentivo:
ENTRE A FRENTE DA ESTALAGEM E A SURDEZ DO PODER
Foram numerosos os comentários reprovadores que me chegaram sobre o feio resultado do rearranjo da frente-mar diante do Forte de Santa Cruz e muitos outros lamentos tenho lido nas redes sociais que fizeram com que eu deitasse uma olhadela em tal direção a partir do início da Cônsul Dabney e, embora sem ser de perto, o que já observei também não me agradou.
Contudo confesso que não é este arranjo junto à estalagem o essencial das minhas preocupações para o Faial. Preocupa-me muito mais o resultado, ainda por se ver, de como ficará a praça do Infante, a avenida marginal, a zona da Alagoa e o largo Manuel Arriaga que são de facto os principais espaços da frente-mar e a sala-de estar da cidade da Horta, não só para os visitantes, mas também para os Faialenses. Contudo aquilo que mais me aflige, já aqui o referi, continua a ser a questão da ampliação da pista do aeroporto e a política de acessibilidades aéreas à nossa ilha.
Todavia concordo que não podemos passar os dias todos a falar do aeroporto e dos transportes aéreos. Até porque o tema já leva muitos anos e o poder já fez anúncios e renúncias à obra, só não atendeu ao que os Faialenses exigem nesta matéria há tanto tempo. Mas o que se passou junto à Estalagem é mais um exemplo de como a Câmara se perde em pormenores a estragar o que não estava mal de todo, o mesmo já ocorrera no adro da igreja das Angústias para ir mostrando obra enquanto não faz o essencial: o projeto da frente-mar.
Isto acontece porque a Câmara Municipal sofre de surdez parcial: não atende ao essencial do que os Faialenses lhe dizem em momento oportuno se não pertencerem à sua máquina política, mas responde à crítica desfavorável generalizada de que não faz nada de importante e, para desviar a atenção, executa coisas acessórias propostas por projetistas ávidos por mais dinheiro da autarquia.
Sabemos que o projeto da frente-mar esteve à Consulta Pública, mas na verdade o cidadão-comum já viu que se criticar uma proposta do poder, da Câmara ou Governo, estes reagem mal e dizem: só sabem criticar! Então se for algo dito por alguém da oposição a desvalorização é total e arrogantemente não acatada. Uma sobranceria que é uma maleita de quem está há demasiado tempo no poder e se habituou e não dar ouvidos aos outros na altura certa. Assim, subsistem só alguns resistentes nestas consultas, mas a maioria do povo cala-se na hora de dizer, mas não prescinde de falar no convívio social e embora tarde a verdade incómoda do senso-comum vem ao de cima.
O município também já criou momentos de auscultação direta (uma forma de camuflar que não ouve a oposição é perguntar coisas acessórias ao Povo) é caso dos orçamentos participativos, mas até aqui atua com surdez parcial. Já houve iniciativas apresentadas por quem está habituado a estas ações, que sabe cativar votos para os seus projetos mas que enfermavam de problemas que a Câmara não escutou em devido tempo e depois de vencerem. Depois a Autarquia adiou a sua execução e fez ouvidos moucos aos que mais votaram nessas participações. A tal surdez parcial!
Eis uma causa da falta de beleza que diz existir na intervenção junto à Estalagem, já agora, aqui escrevi há semanas de crianças que vão para a escola com a iluminação pública já apagada, há poucos dias vi um quase acidente de um aluno na rua por falta de luz que persiste devida à surdez da Câmara nesta questão de segurança, algo mais importe que a feia obra em Santa Cruz.
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