Meu artigo de hoje no diário Incentivo
ANORMALIDADES E MEMÓRIAS DE LUTA
- Durante os últimos tempos habituei-me às anormais declarações do anterior Presidente de Administração da SATA e pensei que com a sua substituição, mesmo que a estratégia desfavorável ao Faial daquela empresa não mudasse muito, deixaria de haver por uns tempos alguém que se prestasse a tal tipo de figura. É verdade que a primeira entrevista do seu sucessor na SATA não foi feliz, antes pelo contrário,deu tiros nos pés, mas não chegaram ao calibre do substituído.
Diz-se que a natureza tem horror ao vazio, pelo que quando um lugar fica disponível logo aparece algo ou alguém para ocupar esse espaço, mesmo assim, com a saída de Paulo Menezes da SATA não esperava que de imediato alguém se disponibilizasse a dar entrevistas tão surrealistas como as dele, mas enganei-me. Só que o lugar não foi ocupado pelo novo Presidente da SATA, mas sim pelo Diretor Clínico do Hospital da Horta. Quem ler o artigo de como decorreu a sua entrevista ao Incentivo sobre o problema de refrigeração no bloco operatório, que já levou a cancelamentos de cirurgias, fica pasmado com o relato absurdo da mesma dado por quem ocupa um tão importante cargo. Modo de agir que pode comprometer a confiança sobre as reais condições que aquela infraestrutura de saúde oferece aos Faialenses e outros Açorianos que recorram à mesma.
O problema da refrigeração não é novo, esta situação já teve denúncias públicas há meses vindas da oposição ao poder no Faial; mas, mesmo a acreditar que casos urgentes nunca foram afetados, a qualidade de vida de vários doentes já foi prejudicada pela impossibilidade de prestação de devidos cuidados a tempo naquele bloco operatório por esta causa, sendo que o direito a esse serviço está constitucionalmente protegido e tem de ser garantido sempre, no Continente pelo Estado e nos Açores pela Região. Já assisti à atenção e ao cuidado que os trabalhadores do Hospital da Horta colocam na prestação do seu serviço aos doentes que ali se deslocam não mereciam que alguém de topo se mostrasse tão ligeiro, comprometendo a imagem daquela casa, nem merecem os Faialenses e Açorianos comportamentos e desculpas tão inconsistentes.
- Agora outro assunto. Após tantos anos quase sem obras municipais (também do Governo Regional) no Faial, bastaram os maus resultados eleitorais das últimas legislativas regionais e a recente vitória pelos mínimos para a Câmara para logo se ver a mudança de postura da Presidência da Câmara. Agora felizmente há obras no mercado, passou a haver um envolvimento do Presidente com a População Faialense nos protestos à SATA e na reivindicação das obras na pista do aeroporto da Horta e no primeiro ano deste mandato autárquico foi consignada a frente mar da cidade .
É verdade que quem deu a cara em público a reivindicar tais obras em vários lugares, muitos em nome do Povo que os elegera na oposição, foram anos e anos a lutar contra a inoperância dos políticos no poder da ilha e sem estes fazerem o reivindicado e sem serem penalizados por isso. Foram décadas a ouvir desculpas esfarrapadas pela não concretização da frente mar: porque dependia da conclusão da variante, ou da segunda fase do porto ou do saneamento básico, etc. Bastou uma derrota e um susto eleitoral e logo essas desculpas caem por terra e as obras arrancam. Pena os Faialenses terem levado tantos anos sem penalizar os que tantos anos pouco ou nada fizeram, nem defenderam bem esta ilha. Demorou, mas já alguns dos frutos de anos de esforço começam a nascer, só que outras obras perderam, talvez para sempre, a oportunidade de nascer.
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