O livro “Portugal ascensão e queda” expõe a estratégia de sobrevivência da independência de um Portugal pequenino face à muito mais poderosa Castela e depois Espanha, o que permitiu que este País sobreviva há mais de 800 anos contra dificuldades que praticamente o tornavam inviável quase desde o início.
Apesar disso, Portugal, com inteligência peculiar, sobreviveu à crise de 1383-85 dando voltas às regras de legitimação de um rei e preservando a sua independência com a implantação da dinastia de Avis, a que tornou o fraco Portugal numa potência mundial contra todas as possibilidades.
Depois dá-se o declínio e perda da soberania em 1580, mas o autor explica porque D. Sebastião não agiu em Alcácer Quibir por leviandade como muitos têm dito, fazia sim parte da mesma estratégia que obrigava o País a arriscar para sobreviver. Correu mal, mas havia uma lógica coerente no objetivo.
Depois das dificuldades, foi a persistência de mito do sebastianismo que permitiu a restauração da independência, foi a estratégia original de sobrevivência que permitiu novamente contra as regras a dinastia de Bragança prosseguir com este reino separado de uma Ibéria unida a Madrid e foi esta peculiar estratégica de Portugal que fez Napoleão tropeçar por cá, que permitiu perdurar o domínio colonial e até a longa duração do poder de Salazar e foi o afastamento acelerado desta via que fez com que a descolonização fosse mal feita e desse origem a outras guerras.
O 25 de Abril abriu novas possibilidades, houve pertinências e oportunismos, hoje há um saudosismo da imagem de glória de passado, mas talvez um esquecimento da continuação da estratégia que permitiu Portugal sobreviver.
Jaime Nogueira Pinto, sendo um pensador desalinhado com o politicamente correto, mesmo com algumas ideias extremistas e sem sofrer de hostilidade preconcebida a Salazar e ao seu regime, também permite apontar aspetos que outros censuram à partida e por isso vale a pena ler o livro para se ter uma visão mais completa do porquê de Portugal ser como é hoje. Depois cada um pense por si mas detentor das várias visões da história deste País.
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