Levou anos a convencer os EUA a aceitar medidas para reduzir as emissões de CO2, dado os custos que tal comportava para a sua economia, com Obama o país cedeu, mas Trump protestou e prometeu anular o compromisso por considerar as alterações climáticas uma farsa antiamericana. Agora eleito o mundo corre o risco de marcha atrás neste processo.
Trump ganhou precisamente quando começou a entrar em vigor o acordo de Paris, quando decorre a cimeira de 2016 para as alterações climáticas em Marraquexe e quando determinadas vozes, nomeadamente a do livro “Tudo pode mudar” que estou a ler, dizem que já estamos demasiado atrasados neste processo e o esforço dos países desenvolvidos tem agora de redobrar face ao já acordado.
Se existem aspetos que talvez Trump tenha exagerado no populismo e não venha a concretizar com a intensidade dos seus discursos, a descrença nas alterações climáticas parece-me ser uma convicção do próprio presidente americano agora eleito e o lóbi em defesa dos combustíveis fósseis para desacreditar a associação entre a concentração de CO2 e alterações climáticas, não só tem muito dinheiro para defender a sua causa, como passou a ter um grande aliado na Casa Branca convicto. Esta conjunção, aliada ainda à maioria republicana nas duas câmaras legislativas, fará que este seja um dos aspetos em que o novo líder da América dificilmente recuará e a ser verdade os maiores receios de cientistas e ambientalistas de que se está de facto já a entrar numa situação catastrófica, então as eleições americanas com Trump foram uma machadada final para o problema das emissões chegar a bom porto antes que ocorra um grande desastre global de dimensões incalculáveis.
Resta esperar que sejam os cientistas que estejam a ser exagerados nas suas previsões catastrofistas, caso contrário, ironicamente será um Presidente Americano, populista de direita, a acabar com o capitalismo que foi a bandeira do modelo e poderia económico, político e militar da América, só que será um fim por uma razão bem diferente da guerrilha ideológica esquerda-direita e o mundo terá então de seguir um rumo radicalmente diferente dos dois grandes projetos económicos opostos que marcaram o século XX, sendo forçado a criar um modelo novo e típico do século XXI.
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