“É preciso perder a vergonha de ir buscar a quem está acumular” foi esta a declaração de Mariana Mortágua que mais tem incendiado as redes sociais e tal não tem a ver apenas com o lóbi de ricos a tentar proteger-se, é que esta ideia também ameaça quem se sacrifica a poupar todos os dias, poupou no passado ou investiu com dificuldade as suas poupanças em habitação para assegurar a sua velhice ou proteger o futuro dos seus filhos.
Numa sociedade onde 54% das famílias não paga imposto, a classe média que suporta as receitas do Estado está acima do rendimento médio do País: professores, técnicos superiores, médicos, enfermeiros e outras profissões por conta de outrem ganha na sua maioria mais que a média nacional, são o maior contributo do Orçamento de Estado em IRS e IVA e foram os mais sacrificados em termos de rendimento de trabalho no pós-resgate de 2011 e, mesmo com dificuldades, é também daqui que são a maioria das contas bancárias um pouco acima dos 50 mil euros e do património imobiliário ligeiramente acima dos 500 mil euros, até porque muitas das casas foi reavaliada aquando da alteração do sistema do IMI e depósitos e habitação foi onde esta classe investiu as suas poupanças.
Há quem acumule porque rouba, mas há quem acumula porque poupa e este discurso alimenta o ódio a quem se sacrifica a poupar por quem nem consegue poupar e o receio a quem se sacrifica por pretende poupar.
A luta de classes nos países em que se tornou força de regime empobreceu mais este tipo a classe média citada do que fez subir o rendimento médio da população, veja-se os rendimentos dos médicos e outros técnicos que fugiram para o ocidente com o fim da guerra fria e aquela frase de Mortágua é uma lança neste grupo social.
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