Quem tem acompanhado ao longo dos anos os vários planos e orçamentos municipais da Horta uma coisa já aprendeu: mudam-se os tempos que o essencial no conteúdo e nas obras previstas nos planos da Câmara mantém-se essencialmente os mesmos.
Há anos, nalguns casos mesmo décadas, que estes planos e orçamentos se concentram em repetir como prioridades: o saneamento básico, o mercado municipal, a reabilitação de estradas, a reabilitação da rede de águas, o ordenamento da cidade e freguesias como PDM e PP’s e a frente mar; sem que se veja concluir ou avançar de modo significativo estes aspetos.
Entretanto, como acontece este ano de 2015, que coincide com o início de um novo Quadro Comunitário de Apoios ou, mais corretamente chamado, Programa Operacional, o que se vê é que os objetivos e prioridades dos financiamentos europeus vão evoluindo e o Município lamenta-se que as verbas habituais contidas nos Quadros Comunitários antigos para a tipologia dos seus projetos habituais vão desaparecendo.
Assim, para 2016, o Presidente da Câmara lamenta-se de já não estarem previstos pela Europa fundos para as obras que entretanto por cá se foram arrastando, sem se fazer, nem concluir, enquanto a União Europeia aponta já outros caminhos de investimento.
O problema não está em Bruxelas, infelizmente o problema está cá, foi aqui que nunca se executaram a tempo as obras anunciadas quando a Europa tinha verbas abertas para elas. Foi a Horta que não evoluiu, mas a União Europeia avançou e continua a avançar. Foi o Município da Horta que estagnou no tempo e continua a deixar-se ultrapassar pela propostas de evolução dos objetivos e daí o desfasamento entre as propostas do plano e orçamento para 2016 da Câmara da Horta e o destino dos fundos do Programa Operacional Europeu para se investir até 2020.
O maior problema é que não vejo vontade de a Câmara corrigir este tradicional vício que se tem arrastado no tempo.
Aqule ditado antigo,nao deixe para a amanha o que pode fazer hoje.
Foi precisamente esse eterno adiar das obras que levou a que agora o patrocínio europeu já se tenha virado para outras tipologias de projetos.
Ao longo de 26 anos de gestão socialista na Câmara não ouve nem há um Plano de Desenvolvimento Estratégico para o Faial e a gestão socialista é feita ao sabor do calendário eleitoral, mais focada no superficial e acessório do que no pragmatismo de ações conducentes ao progresso sustentado do concelho. A excessiva preocupação em criar noticias para a comunicação social e aparecer na fotografia mostra o vazio de objetivos estruturados que façam evoluir o concelho, dinamizar a economia e contribuir para a afirmação ou valorização do Faial no contexto regional. A meio deste mandato autárquico e no início do novo Programa Operacional 2014-2020 continuamos a observar que o Município não se assume como o governo da ilha, nem como motor do seu desenvolvimento.
Faz de facto notícias novas, muitas vezes com fotografia, sempre que se anunciam propostas velhas, infelizmente não resulta em notícia novas a não concretização das velhas promessas e daí o estado a que chegámos nesta ilha.