As eleições de ontem na Grécia fizeram-se em condições bem diferentes das de janeiro passado, no momento em que o Syriza representava o paradigma da luta contra a austeridade e agora em que representa a resignação à austeridade.
Efetivamente nas eleições gregas de agora, mais do que saber se a vitória caberia ao Syriza ou à Nova Democracia, pois subscrevem ambos as condições para o terceiro resgate, o importante era ver se os gregos iam atrás de Varoufakis que resistiu à austeridade até ao fim, foi contra o próximo resgate e até junto com outros revoltados saíu do Syriza que criaram um novo partido com o discurso do passado: a Unidade Popular, tendo sido este de tal forma derrotado que nem um deputado elegeu para o parlamento grego.
Todavia entre os políticos nacionais é interessante ver as reações de cada um no contexto do que dizem ou fazem:
António Costa depois de se ter colado ao Syriza anti-austeridade, descolou-se deste depois do fiasco e agora, com a vitória deste, considera que pode ser uma viragem de página na crise da zona euro, enquanto ele mantém o discurso de campanha anti-austeridade e o outro é o exemplo do partido que se rendeu em absoluto à austeridade. A contradição é total, até na alegria da derrota da Nova Democracia porque não só liderou o governo da Grécia que tem mais culpas no mergulho daquele País na crise, por ter sido quem mais esbanjou em obras faraónicas e agiu à semelhança do PS de Portugal no poder cuja herança ele defende por cá.
O Bloco de Esquerda, que desde o início esteve colado ao Syriza, com toda a lógica pois tinham o mesmo pensamento estratégico, e depois elevou ao estrelato Varoufakis, que mantém ainda o discurso do BE atual, congratula-se é com a derrota da Nova Democracia e sobre a Unidade Popular que preserva o discurso do BE não fala sequer. Coerências!…
O atual Primeiro-ministro, que representa os estilo de acomodação à austeridade, não o preocupa a vitória do Syriza, nem fala da Nova Democracia que ideologicamente lhe é mais próximo, embora Passos não tenha de facto o mesmo género de culpas pelo buraco em que Portugal se meteu, pois o monstro cresceu por cá quando ele nem gozava de simpatias nas lideranças do PSD ou o PS foi governo.
Caso para se dizer: tão diferentes nos discursos, mas previsivelmente tão iguais na prática e claro na austeridade que terão de implementar se vencessem as eleições. Assim se percebe que quem mais mente é quem mais defende a preservação de Portugal no euro sem austeridade.
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