Há uma coisa que me irrita na política, é quando fazem leis em prejuízo do cidadão para beneficio do um setor empresarial, a novas alterações à lei do livro que vinha do tempo de José Maria Carrilho, a apertar ainda mais a malha na possibilidade de descontes de venda deste suporte de cultura e de saber é um desses casos.
Quem anima o mercado livreiro não são as editoras e os pequenos ou grandes retalhistas das livrarias: são única e exclusivamente quem compra livros voluntariamente e estes são, na sua esmagadora maioria, leitores, já que esta política de preços não se aplica aos manuais escolares de onde se encontra sobretudo os compradores forçados de livros.
Assim, o cerco para impedir descontos superiores a 10% em livros novos com menos de 18 meses de publicação ou importação face ao preço de capa, com a desculpa de defender o pequeno livreiro, apenas faz três coisas: 1. prejudica o poder de compra do consumidor português que já enfrenta em Portugal livros mais caros, em termos absolutos e relativos, que em muitos outros países da Europa desincentivando deste modo a leitura; 2. incentiva a compra de livros estrangeiros no exterior ou pela internet por quem sabe outras línguas, pois estes ficam comparativamente ainda mais baratos; e 3. reduz o mercado nacional do livro por afastar compradores que aproveitavam as vantagens de muitas campanhas agora mais limitadas reduzindo a diversidade de obras às que asseguram um maior sucesso de vendas em detrimento das apostas na qualidade.
Infelizmente, quase a sair de cena, o atual executivo tinha ainda de fazer mais um ataque ao cidadão, um tiro no pé em prejuízo da cultura em Portugal.
Não podia concordar mais com o seu ponto de vista!
E um dos aspetos que os senhores governantes não tiveram em conta foi precisamente o facto de que, quem entender outras línguas começará a optar pela compra direta a outros países, como eu própria já faço. A diferença de preços chega a ser de metade do preço praticado em Portugal.
Para além de ir aumentar o comércio de livros em 2ªmão, onde o estado não poderá arrecadar a sua preciosa quota de IVA.
No final, esta lei só promove a descultura, num país onde já são poucos os que leem!
Infelizmente, como penso que se deduz do texto, a “descultura” é a principal beneficiária desta lei, a médio e longo prazo nem os pequenos livreiros que se bateram por isto ficam a ganhar.
«Há uma coisa que me irrita na política, é quando fazem leis em prejuízo do cidadão para beneficio do um setor empresarial», deve ser a tal política ultraliberal, radical e extremista de direita que por aí campeia impunemente. O post anterior, sobre o sector do leite, é um exemplo acabado dessas interferências legislativas neoliberais
Existem diferenças nos dois casos, embora a ideia de neoliberalismo possa também existir em ambos:
No setor do leite temos um conflito entre produtores de países diferentes e decidiu-se pela livre concorrência entre Estados distintos em condições variadas, dessa luta quem está a ser mais prejudicado não é diretamente o consumidor, mas sim os produtores das nações com dificuldade de concorrer em condições de produção desfavoráveis e as reivindicações são para ajudar estes últimos.
No caso do livro está-se numa situação nacional e a concorrência é entre livreiros do mesmo país com dimensões variadas, onde uns recusam as promoções de outros por dizerem que na sua dimensão não podem arcar com isso e a principal interferência da lei não é de ajuda a estes, mas sim em prejuízo do preço ao consumidor.
Como imaginarás estava a (tentar?) ser irónico … Como a leitura do 1º livro na coluna dos livros recomendados elucidará, acho eu.
Pois, a ironia quando é usada nas questões difíceis envolve por vezes riscos de má interpretação…. qualquer um dos 3 livros recomendados ajuda nisso, apesar de visões bem distintas dos 4 intervenientes no seu conteúdo.