A decisão de Bruxelas sobre o fim das cotas leiteiras não é de agora e nas negociações desta situação esteve muito mais tempo envolvido o anterior Governo de Portugal que o atual e há muito que se sabia que o decidido teria um impacte financeiro negativo nos produtores de leite do nosso País e nos Açores.
Agora que a realidade dos efeitos se começam a sentir no terreno torna-se evidente que os interesses de Portugal não foram devidamente salvaguardados pelos últimos dois governos da república, nem os regionais e ninguém preparou convenientemente o setor para os problemas que se sabia que viriam bater à nossa porta.
Contudo as posturas dos partidos com responsabilidades nesta matéria mostram bem a diferença de comportamento entre a Coligação PàF e o PS e são uma das razões porque a primeira paga pelos seus erros estratégicos cometidos e ainda porque os outros conseguem lavar-se das suas responsabilidades.
Enquanto Assunção Cristas assume que os 4,8 milhões de euros para ajudar o setor são positivos, o PS, através do seu presidente, considera ridícula e verba atribuída a Portugal e a comunicação social denuncia que nestes apoios a Espanha fica a ganhar face ao nosso País. Tendo em conta que aquele Estado tem melhores condições financeiras do que o nosso, proporcionalmente deveria receber apoios menores do que nós.
Contudo, mesmo sem conseguir mais um euro nada na prática, César mostra descontentamento e com isso evidencia uma postura reivindicativa, pelo contrário a imagem do Governo da República é de subserviência, sem nunca evidenciar publicamente qualquer esforço feito na luta pela defesa dos interesses de Portugal perante Bruxelas e o Governo alemão e isto torna o atual executivo aos olhos dos cidadãos culpado não só das suas falhas, como da dos outros e um fraco ou até dá trunfos para os que vendem a ideia de aproveitamento da crise para impor uma estratégia prejudicial aos trabalhadores.
Acredito que o atual Governo de Portugal possa até ter-se esforçado por alcançar melhores acordos nesta matéria e noutras ao longo dos seu mandato e, inclusive, com os credores do resgate, mas pouco mostrou desse trabalho. Sempre deu uma imagem de fatalidade passiva das consequências da crise, em detrimento do braço de ferro para alcançar melhor do que as imposições iniciais de Bruxelas, Merkel ou troika, e é pena! A fatura desta postura vai ser usada contra o PàF nestas legislativas e ele é o maior culpado de arcar com o fardo das culpas que outros também colocaram às costas dos Portugueses.
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