A solidariedade é uma coisa muito bonita, mas só tem significado se for por vontade de ajudar o próximo sem daí tirar proveito e sem receio de algum sacrifício de quem dá.
Na questão dos refugiados que estão a chegar à Europa têm-me chocado as cada vez mais as numerosas declarações, sobretudo em redes sociais e blogosfera, de receio de Portugal não ter capacidade de acolher pessoas refugiadas, pois tal implica canalização de dinheiros públicos que já faltam para apoiar os nossos necessitados e vítimas da crise.
Curiosamente, algumas destas declarações vêm de gente que passa a vida a apelar para que os povos do norte da zona euro ajudem Portugal, países que há décadas até tem um “crédito” de subsídios aos portugueses para estes se desenvolverem e mesmo assim ficámos à beira da bancarrota. Além disto, com maior ou menor dificuldade nós ainda podemos viver no nosso País, ao contrário de muita daquela gente que viu a sua terra destruída por uma guerra e por isso têm de fugir para sobreviver, conflito fomentado pelos interesses do ocidente a que pertencemos e que nos subsidia em contínuo.
Não deixo de afirmar que também me metem menor nojo declarações de políticos, da esquerda à direita, que propalam uma solidariedade que não está na suas mãos fazer, ou afirmam uma solidariedade que podiam fazer e não implementaram ou ainda denunciam uma coisa ou outra aproveitando momentos onde se torna evidente que o objetivo é tirar dividendos eleitorais.
Infelizmente a minha experiência tem-me ensinado que todos os povos das nações da Europa pregam a solidariedade, desde que com isso não tenham de se sacrificar, quando se chega a esta exigência é o momento em que o comodismo e o egoísmo passa a dominar e até a ser utilizado como arma de oportunismo e de aproveitamento político.
Neste momento o que é urgente é ser-se proativo na solidariedade para com gente que ainda é mais pobre do que nós, está diariamente a morrer às portas da Europa e se encontra enclausurada em campos de refugiados ou escondida sem uma solução à vista, mesmo que para isso todo o Europeu tenha de fazer algum sacrifício para ajudar as vítimas que integram esta avalanche de refugiados.
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