Percebo que a sobre-exploração de uma espécie piscícola leve ao risco de extinção dessa e compreendo que a União Europeia (UE) procure introduzir cotas de captura que tentem não só preservar e a renovação da biodiversidade dos recursos que suportam a pesca.
Ao contrário do leite, onde o fim de cotas tem como objetivo facilitar a produção de Estados que tem potencialidades para produzir mais e estão atados por questões de solidariedade dentro da UE para assegurar condições de sobrevivência concorrencial de regiões como os Açores que não são suficientemente fortes para enfrentar esses países num mercado totalmente liberalizado; nas pescas as cotas não são por uma questão de concorrência de países, mas sim de repartição de quantidades de captura que não só assegure o equilíbrio ambiental, como a sustentabilidade económica da atividade nas várias regiões envolvidas.
Tendo os Açores um dos principais institutos de investigação de pescas da Europa, precisamente o DOP, então não é este quem melhor conhece as sustentabilidade das espécies de pescado nos nossos mares e fornece esses dados de investigação à UE para esta em conformidade depois ter suporte científico para fundamentar as suas decisões?
Contudo, se não é o DOP quem fornece esses dados, quem deu autorização que sejam entidades estranhas à Região a ser paga para fazer precisamente nos nossos mares o trabalho de investigação que compete ao DOP? Quem é esta entidade científica? Será isto mais uma sequela da Universidade já não estar sobre a tutela do Governo dos Açores? Se é outra entidade que está a fornecer dados científicos, como são eles substancialmente diferentes dos que a Região possui?
Todavia, se foi o DOP que forneceu os dados-base que levaram à definição das atuais cotas, porque é que este não disponibilizou logo à partida dados suficientemente fortes para que não fosse necessário o Governo dos Açores encomendar ao mesmo DOP elementos para se apresentar uma contraproposta de cotas com base nos próprios dados do mesmo DOP? Não será tudo isto um jogo político? O arranjar um estratagema para atirar as culpas políticas da quantificação de proteção para a UE? Será uma forma da Região encomendar mais um estudo e assim transferir verbas para o DOP? Tantas perguntas que este imbróglio do goraz me levantam que gostaria de ver devidamente esclarecido, pois sempre olhei o DOP como a instituição que investigava no domínio das pescas para potencializar este setor económico e não para o travar.
Que perguntas de fundo fazem os partidos da oposição nesta matéria, para além de suspeitar da habitual posição fácil de estar solidário com os pescadores afetados por estas cotas tão restritivas?