No primeiro debate Seguro surpreendeu (mais pela sua combatividade ao adversário pois está habituado aos debates na AR) e eficácia no modo da passar o seu discurso (pois prepara a sua intervenção), enquanto Costa surgiu com uma pose de senador incapaz de enfrentar o atual secretário-geral (ter boa imprensa e uma quadratura do círculo sem o combater amolece a capacidade de luta) e não tinha nenhuma mensagem além desta: “eu sou o melhor e pronto! nem preciso de o provar, os outros dizem isso de mim!”, com esta postura, num debate sem ideias e de lavagem de roupa suja, logicamente Costa estatelou-se para surpresa do País e até mesmo de alguns que não assumem isso por serem tendenciosos e apoiantes do ainda presidente da Câmara de Lisboa.
No segundo confronto Costa meteu a passividade na gaveta e foi ao contra-ataque, obrigando Seguro também a justificar-se na defensiva e como o efeito surpresa já não deu e não tinha argumentos desconhecidos este teve mais dificuldades em se defender e caiu na asneira de fazer o seu conhecido papel de Calimero que transmite a imagem de insegurança e o impediu de captar a confiança do eleitorado, sendo mesmo infeliz nalgumas das suas acusações como a da janela. Este debate foi mais político, mas não houve de facto qualquer ideia nova, viu-se que os dois candidatos assumem estar contra a impopular austeridade, só que nenhum tem qualquer solução alternativa na sua mão para arrancar o crescimento económico, estão ambos amarrados ao tratado orçamental, reféns de uma dívida monstruosa num país falido e com um estado-social insustentável. Assim, apenas lhes restam dizer banalidades e assumir que os argumentos de um quando ditos pelas palavras do outro não são originais, para disfarçar o seu vazio. Ambos esperam que a Europa tenha piedade de nós e nos dê uns “jeitos” antes que Portugal colapse mesmo.
Assim, ficou evidente que Costa não é tão bom como o vendiam antes, mas deverá ganhar no somatório de alguns milhares de militantes e simpatizantes do PS, estas primárias foram uma guerra interna que não deu esperança ao resto do País como os debates puseram a nu, só que o ganhador já estava garantido à partida.
No saldo destes dois debates ficou evidente que à desilusão do Governo de Passos Coelho não há um líder opositor europeísta com soluções alternativas credíveis para as mostrar ao Portugueses, eu até desejava que surgisse um político bom nesta crise. Mas é confrangedora a falta de ideias e continua assustadora a malha de interesses nos partidos com responsabilidades governativas que impedem a cooperação entre eles para se encontrar soluções adequadas para Portugal.
Depois de tudo isto, suspeito que praticamente ninguém ficou convencido a sair da abstenção para vir votar PS. As franjas populistas e extremistas vão continuar a atrair ainda mais os descontentes que se dignam votar, os únicos que dizem coisas diferentes mesmo que utópicas ou revoltantes. O centro-direita descontente e flexível ver-se-á indeciso entre a abstenção ou ser fiel aos seu partido mais tradicional, quer seja o PSD ou o CDS, coligados ou não e a direita liberal e os militantes manter-se-ão tendencialmente fieis às suas famílias. No fim teremos uma legislativas com os votos repartidos por numerosas forças, dificultando entendimentos e onde a solução para o País apenas poderá vir da boa vontade dos credores de Portugal, do BCE, da União Europeia ou até da Sra. Merkel..
Infeliz Pátria que não é capaz de resolver dentro de portas os seus problemas de forma sustentável e tem de viver de mão estendida!
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