ESTE MUNDO ESTÁ MESMO MUITO PERIGOSO
Sempre me lembro de os noticiários regionais, nacionais ou internacionais se sentirem atraídos por divulgar coisas negativas: escândalos sociais, ameaças económicas, crimes, atentados, guerras, catástrofes e epidemias, dando a imagem de quão frágil e perigoso é este mundo em que vivemos.
Lembro-me de alguém uma vez me dizer que se um grupo organizar uma excursão ou uma festa e tudo correr bem logo o assunto cai no esquecimento, mas se correr mal e houver sangue, então é divulgado por toda a comunicação social. Somos uma sociedade que divulga o desastre, mesmo que não nos preparemos para o enfrentar, mas que vive para as coisas agradáveis, quer estar sempre mergulhada em folguedos e foge das responsabilidades difíceis que nos protegeriam dos “azares”.
Até à queda do muro de Berlim o mundo vivia a ameaça permanente de uma guerra entre os regimes comunistas e as democracias ocidentais, então as guerras civis em África, América Latina e Ásia eram quase todas fruto da manipulação das duas grandes superpotências: USA e URSS; mas parecia estar-se num sistema controlado e esperava-se que um mundo não desembocasse num confronto generalizado global e não aconteceu de facto.
A partir da queda do União Soviética o mundo respirou de alívio da ameaça da guerra nuclear global. O ocidente encheu-se de esperança no futuro e sonhou com crescimento económico sem fim e continuou a ver a guerras locais como instabilidades limitadas a espaços regionais e controláveis.
Assim, enquanto a economia se globalizava e a democracia se se expandia, o mundo deixou de estar atento aos muitos perigos que se insinuavam aqui e ali e só quando se deu o 11 de setembro de 2001, que esta semana faz 13 anos, acordou para a existência de novas ameaças globais.
Os Estados mais fortes do ocidente pensaram então que bastava umas invasões cirúrgicas em zonas estratégicas, retirar certos ditadores amigos de terroristas ou mais afoitos contra a USA e substitui-los por governos amigos das economias da Europa e da América e apagar dos noticiários as atrocidades contra os cristãos em África e tudo voltaria à normalidade da paz podre, injusta, mas controlável. Infelizmente a evolução da situação mundial não tem sido a esperada.
De um lado a Rússia capitalista, mas com uma democracia musculada centralizada e personalizada, manteve-se como um País expansionista e mostrou que continua a querer impor também a sua vontade. Então, tal como a Alemanha fez antes da II Guerra Mundial, agora com a justificação do cerco da NATO, começou a criar protetorados fantoches à sua volta que o ocidente engoliu, depois anexou partes de Estados vizinhos e por fim ameaça invadir um País: a Ucrânia.
Do lado do médio oriente descobriu-se que aqueles que se diziam amigos afinal não eram mais que lobos disfarçados e, após terem sido ajudados pelo ocidente na Síria, eis que criaram o Estado Islâmico e começaram a ameaçar tudo o que não obedecesse ao seu fanatismo e até insistem estender o seu califado de Lisboa, passando por Madrid, Belgrado, Atenas e indo até à China, sem esquecer toda a metade norte de África. Só não percebi por que deixam de fora toda a Itália.
Enquanto isto, o vírus ébola que parecia só ameaçar os povos pobres em África e como tal nunca mereceu a devida atenção da medicina dos países desenvolvidos, agora começou a alastrar-se como nunca e a ameaçar atingir Europeus e Americanos e presentemente é um acelerar de investigações e testes para ver se a epidemia não se transforma numa peste negra do século XXI, só que a incerteza se ainda se vai a tempo paira no ar.
Infelizmente, hoje parece que os maiores acontecimentos que ameaçam o mundo estão desregulados e arriscam-se a desembocar num descontrolo e global, muito ao gosto dos noticiários, mas já há muitos anos que o mundo não se encontrava numa situação tão perigosa como a que se depara agora no final do verão de 2014 e que nos pode em breve fazer esquecer as ameaças do fim das cotas leiteiras e da troika ou das sequelas do BPN, do Grupo Espírito Santo ou do caso Face Oculta.
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