Francisco Louçã, coerente com a sua estratégia de extrema-esquerda de há muito tempo de não sermos capazes de pagar a dívida pública ou até mesmo de não a pagarmos, e Manuela Ferreira Leite, conservadora de direita e coerente com a sua ideia de há muito tempo da impossibilidade de se sair da crise sem uma interrupção temporária da democracia e com o seu ódio de estimação a Passos Coelho, são capazes de se entenderem e chegar a acordo para a necessidade de Portugal reestruturar a mesma dívida, estendendo o prazo para o seu pagamento para 40 anos de forma a sairmos das medidas de estratégia económica atuais para outras diferentes.
Não vou discutir da correção moral e conveniência económica desta proposta que transfere parte dos encargos do nosso bem-estar atual para sacrificar os netos e bisnetos das presentes gerações, que se alicerça no conceito de que também os benefícios das dívidas hoje contraídas com o nosso consentimento devem levar a que os encargos sejam impostos a futuras gerações pois eles também beneficiarão com o nosso despesismo. Uma ideia progressista que já ouvi defendida por pessoas idosas que conheço que argumentaram-me que os avós não têm de se sacrificar pelos netos, pois já sofreram com os filhos e chegou a altura de aproveitarem a sua vida pois os mais novos já estão beneficiados pelo que já foi feito por eles mais velhos.
Concorde-se ou não com este princípio ou que este prolongamento de pagamento seja de facto imprescindível devido à situação em que nos deixámos cair por erros económicos cometidos ao longo de décadas ou esquecendo que tal reestruturação pode não ser aceite pelos credores e UE, o interessante é ver que é mais fácil a extrema-esquerda e a direita conservadora chegarem a entendimento que os partidos do centrão político que praticamente não se distinguem ideologicamente… talvez por os primeiros não terem perspetivas de serem Governo, ao contrário dos últimos.
ADENDA
O centrão já reagiu: aqui na versão rosa e aqui na laranja, pensam quase o mesmo, só não se entendem 😉
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