Meu artigo de ontem no jornal Incentivo:
DEMASIADOS PROBLEMAS DE ÁGUA E VEREADORES
Os casos de contaminação da água de abastecimento à população do Faial vão-se alastrando. Assim, apesar do atual presidente ter negado com grande força e em campanha eleitoral qualquer problema na qualidade do líquido fornecido às pessoas, ele que – insisto – já era antes responsável pela gestão do setor de água no município; foi contrariado pela verdade dos factos face às contaminações que vieram ao de cima logo a seguir às eleições nas freguesias da Matriz e da Conceição. Ficando a dúvida se a data em que foi assumido o problema (depois das eleições) não terá resultado da sobreposição do interesse político-eleitoral à questão de segurança dos cidadãos que lhe competia então zelar.
Infelizmente chegou agora a vez de análises à água da freguesia de Pedro Miguel também apresentar resultados microbiológicos que indiciam que as pessoas ali beberam um líquido contaminado. Agora não havia a condicionante das eleições e ainda antes de haver qualquer suspeita pública ou denúncia do problema já a Câmara anunciava alertas para a Junta de Freguesia da área em causa e cuidados a tomar. Rapidez que louvo e deveria ser a norma.
Ainda antes de se saber da situação em Pedro Miguel, já várias pessoas na freguesia da Ribeirinha se queixavam de alterações no sabor da água. Situação que eu próprio testemunhei sem então suspeitar de nada do que se estava a passar na freguesia vizinha, nem ter informação se esta ocorrência oferecia algum risco na saúde dos ribeirinhenses ou não. Sei que pelo seguro – confesso – deixei igualmente de beber água da torneira em minha casa.
Assim, começam a ser casos a mais de problemas na qualidade do precioso líquido, ora em parâmetros biológicos, ora organoléticos, e a ser afetada uma área cada vez mais vasta na ilha do Faial. Isto para além dos já denunciados por Luís Garcia em Castelo Branco e Flamengos e por João Stattmiller ao nível de alterações de cor, cheiros e evidenciação de riscos na segurança das infraestruturas da rede de abastecimento de água. Motivos que todos somados são já mais que suficientes para os faialenses começarem a ficar preocupados e atentos a esta questão.
O que se está a passar é incoerente com as declarações do município de que tinham sido feitos imensos investimentos na rede de água: ou estes foram mal executados ou a Câmara perdeu ou está a perder algum controlo fundamental na prestação deste serviço público.
Talvez seja por este descontrolo que, precisamente agora quando se fala tanto em reduzir o número de políticos e de boys no poder, a endividada Câmara Municipal da Horta vai apresentar o maior número de vereadores a tempo inteiro desde o 25 de abril: quatro; aumentando como nunca as despesas do município com os seus eleitos.
Assim, verifica-se facilmente que no concelho da Horta há uma quantidade de eleitos a viver exclusivamente do orçamento da autarquia em maior número do que na maioria dos outros municípios deste País de tamanho semelhante e mesmo noutros com muito mais habitantes e área que o Faial, inclusive nos Açores. Pelo que não será seguramente a desculpa de falta de gente na direção da autarquia que este problema da água e outros na nossa ilha não serão resolvidos com a celeridade e conveniência adequada.
Contudo, não deixa de ser uma vergonha a necessidade de quatro vereadores a tempo inteiro num conjunto de sete eleitos e onde a lei considera normal bastar apenas dois. Nem mesmo na sequência do sismo de 9 de julho de 1998 foi preciso tanto político na Câmara Municipal para fazer face aos enormes problemas provenientes daquela catástrofe, mesmo tendo em conta os grandes danos que aquele provocou na rede de água.
Apesar de tanta gente a tempo inteiro, para bem da nossa ilha, reitero os meus votos de bom desempenho a todos eles (e são mesmo muitos!) nas missões que lhes foram agora confiadas.
Na CM P D tambem sao 4 Vereadores mas um esta a meio tempo e a camara e um bocadinho maior….
Só que aqui são todos a tempo inteiro e o município tem menos gente que só a zona urbana de Ponta Delgada, além de menos freguesias.